Long-gone London: o jubileu da Rainha Elisabeth

James Howard:

O laço era uma mistura de amor e ódio. A cada vez que se encontrava com Elsa, James sentia um misto dos dois. Nesse momento, o êxtase e a raiva se entrelaçavam de tal maneira que ele tinha vontade de sair dali correndo. Mas não o fez, apenas se recompôs de maneira séria e continuou a conversar com sua Sire.

Ela fez uma careta quando comentou sobre o ritual:
- Ha-ha engraçadinho. Como eu disse, você pode aprender qualquer ritual que quiser, desde que ache alguém para lhe ensinar. Mas agora falando sério, vou lhe dar uma dica. A Capela de Londres tem ganho muita visão nos últimos anos pelas magias do controle climático. Se eu fosse você me aproveitaria disso, quem sabe você não aprende até uma nova trilha? – seus olhos brilhavam como se fosse ela quem quisesse ter esse poder.

- E por falar em Presença Pútrida, Violetta Hayett, a primógena Toreador também deve partir hoje para Londres. Foi igualmente um chamado do clã Tremere e nosso príncipe achou melhor que ela fosse ajuda-los – Elsa revirava os olhos – como se fosse adiantar alguma coisa, aquela inútil só serve para organizar festas mesmo. Mas se quiser aproveitar “a carona”, vá com ela, assim chegará mais rápido na Inglaterra, creio eu. Quando estiver pronto, passe pela capela e pegue sua carta.

James se virava de costas e já estava deixando a casa, quando sua Sire lhe chamou mais uma vez:

- Mas tome cuidado! Você ainda se recorda do motivo pelo qual nós deixamos a Inglaterra. Muitos ainda se lembram de você e seus inimigos ainda estarão de olho.

James sabia muito bem disso. Ele havia se instalado em Londres durante muito tempo e sempre fizera trabalhos investigativos para a corte de Lady Anne. Principalmente por causa disso, o cainita sabia de alguns segredos os quais nunca poderiam ser vazados. Howard partiu para a Escócia pela sua própria segurança. Era indesejado por alguns Membros e agora não saberia o que aconteceria quando ele pisasse novamente em solo Londrino.

John Rokphiler:

John não precisava nem mostrar seu convite, pois seu nome já estava na lista de qualquer jeito. A hostess só precisava se certificar se era mesmo um dos convidados. Assim que o inglês entra no hall da casa suntuosa, um criado vem em sua direção disposto a guardar seu grosso sobretudo de inverno. Se fosse em outro mês a festa se daria no jardim, mas por causa do mau tempo, todos estariam no salão do interior da casa. Rokphiler dá a volta pelas belas colunas de mármore enquanto observava para ver se avistava alguém conhecido, inclusive o Dr. Milligan, pois deveria cumprimentá-lo pela festa. Nesse momento chega um garçom com uma bandeja de champagne e lhe oferece um taça. John caminhava ainda pelo salão, enquanto dava pequenos goles em sua bebida, observava os quadros e distribuía alguns sorrisos de boa noite a desconhecidos.

O médico não gostava muito daquele ambiente, tudo naquela casa na verdade lembrava-o do fatídico dia em que perdera seus pais. Convidados com roupas estonteantes, abundância de champagne e comidas caras e muitas conversas falsas e sem sentido entre a alta-sociedade britânica. Ele sentira calafrios, quando se recordara do momento em que se dirigira ao quarto do segundo andar depois de ouvir os gritos. Sem perceber, John permanecia parado ao lado de uma das colunas de mármores ao pé da escada. Ele olhava fixamente para cima com um olhar perdido, quando alguém o interrompe:

- Sr. Rokphiler, fico feliz que veio. – dizia Milligan com um sorriso estendo sua mão para John.


Foto: Patrick Milligan, juíz de circuito da Corte da Rainha.

Ignia Siren:

Spoiler:

- Mas é claro que ajudarei a senhorita. Por falar nisso, já estava na minha ronda hoje a noite quando a senhorita cantou, uma voz magnífica. Por favor me acompanhe e eu a levarei ao camarim.

Os dois entraram pela porta lateral e saíram no meio do corredor principal do Palácio. O anfiteatro cobria o primeiro e o segundo andar e o camarim ficava a segunda porta à esquerda no andar de cima. Ignia deveria procurar por algo que pudesse dizer sobre o paradeiro de Leprechaum, mas o segurança ainda estava tão fascinado pela beleza da cainita e que não queria deixá-la sozinha.

Ignia Siren:

- Meu nome é David. Sim, trabalho aqui já há dez anos. No começo eu estava meio relutante em pegar esse serviço, sabe como é, dizem que esse Palácio é mal assombrado. Mas foi o único emprego que eu consegui na época e eu precisava alimentar meus filhos. Esse palácio realmente tem bastante estória, ele pertenceu ao Duque de Cambridge até metade do século XX, mas eles tiveram que vender por falta de dinheiro... aristocracia decadente que a senhora conhece bem... Mas até que a Senhora Bennett tem cuidado impecavelmente desse lugar. Highgates não é muito utilizado, mas quando é, a Sra Bennett faz questão de fazer uma festa de primeira qualidade, se eu fosse rico eu faria a mesma coisa!

David começava a divagar em seus próprios devaneios por alguns segundos e em seguida virava novamente para Ignia:

- Mas até que o Palácio não é tão assombrado como se diz por ai. Umas duas ou três vezes eu escutei alguns gritos vindos de umas salas que estavam trancadas e eu sabia que não havia ninguém ali. Mas meu medo foi maior do que a minha coragem e eu não quis verificar. Às vezes a Sra. Bennett dispensa todos os seguranças e fica sozinha por aqui, não sei como ela consegue. Uma mulher muito corajosa! Mas fora os gritos assombrosos, não tenho visto nada. Quer dizer... acho que essa noite eu ouvi de novos os gritos, mas eles vieram de muito longe, então eu não sei se foi minha imaginação. Mas de qualquer maneira eu não me atreveria a olhar.

Nesse momento o celular de Ignia começa a tocar, é o seu ghoul Robert:

- Sra. Ignia, eu fui até o parque onde estava o sedan preto. Fiquei a espreita e vi uma mulher saindo do banco do motorista, ela olhou para os lados, aguardou alguns minutos e depois entrou no carro novamente. Eles estão partindo, o que eu faço?

James Howard:

James estava a caminho da capela quando ligara para a primógena Toreador, Elsa havia dado o telefone da cainita e mais algumas instruções antes dele partir. Violetta sabia que ele também iria para Londres, afinal os Tremere londrinos clamaram primeiramente pelos seus companheiros de clã. A Toreador concordou em levar James para Londres, no entanto, ele teria que encontrá-la diretamente no aeroporto de Edimburgo. Ambos iriam de avião e não perderiam muito tempo para chegar, talvez poderiam ainda investigar algo esta noite.

Na Capela, ele pegava a carta de Elsa e ia direto ter com o Regente:

- Creio que vai ser uma boa oportunidade, James. Eles precisam de alguém sagaz como você. Não deixe de continuar os seus estudos e quando você voltar à Escócia, terá grande chances de subir na pirâmide, não se esqueça disso.

-

Existe mais alguma recomendação ou algo que eu deveria saber Regente?

- Sim, cuidado com o príncipe. Eu desconfio muito que foi ela o responsável pelo sumiço de Theodore. Os boatos se espalham por todo o Reino Unido e pouco a pouco Lady Anne irá destruir os Tremere londrinos, é uma questão de tempo. Tente não entrar nessa disputa política ou você será consequentemente prejudicado.


James deixava sua moto na Capela e seguia em direção ao aeroporto de táxi, a chuva continuava mas não era nada que impedisse os dois de voarem. O Learjet já estava preparado, o jato refletia às luzes da pista preparado para taxiar e Violetta o esperava dentro da aeronave.


Foto: Violetta Hayett - Primógena Toreador de Edimburgo

- Achei que não fosse mais vir – dizia ela com um ar superior e em seguida se virava para o piloto – agora podemos partir.

O piloto pedia permissão da torre de controle para decolar, enquanto Violetta tirava uma garrafa do frigobar na bancada direita do jato.

- E então? – dizia a primógena estendendo uma taça com vitae para ele – Tem alguma teoria sobre Theodore?

James não conhecia muito bem sua companheira de viagem, afinal não era muito de frequentar o Elísio. Ele apenas sabia que Violetta era uma cantora e pianista de bastante fama no Reino Unido e fazia de tudo para acrescer sua popularidade. O cainita se perguntava se ela seria realmente inteligente o bastante para contribuir com algo, não é o que parecia, mas as vezes as aparências enganam. O trajeto aéreo era curto, pouco mais de uma hora, mas tempo o suficiente para James tentar descobrir algo mais sobre a Toreador.

Roiran McDrake:


O Dr. McDrake não hesita em sua escolha. Ele não poderia esperar que o exame da sua paciente ficasse pronto, pois havia assuntos muito mais importantes em sua agenda. Roiran apenas ordenou que um de seus enfermeiros o avisasse quando o resultado do laboratório estivesse pronto e assim ele poderia inclusive ordenar os próximos passos do tratamento pelo telefone. Amy estava sedada, ela não representava nenhum risco aparente nesse momento e o doutor possuía espaço suficiente para deixar a clínica.

O Malkaviano saíra tão apressado da clínica que sua secretária nem teve tempo de lhe perguntar nada. No entanto, a pressa do cainita também fez com que ele partisse sem antes observar pela janela a movimentação da rua. Um hábito que ele nunca deixava de fazer pois sempre queria garantir que ninguém ia segui-lo. Agora era tarde demais, antes que ele se desse conta, os flashes já estavam por todo os lados. A impressa britânica acampava em frente a rehab de McDrake. Por alguns minutos, ele teria que se desvencilhar de todos esses jornalistas antes de partir para o Elísio,  a não ser, claro, que ele quisesse dar alguma entrevista.

John Rokphiller:

- Agora melhor ainda – ele respondia – Como você bem deve ter acompanhado as notícias na mídia, eu fui selecionado para trabalhar na Corte Real. É realmente o auge da minha carreira e não posso deixar isso passar em branco.

Na verdade, John não estava muito a par destes acontecimentos, pois mais do que nunca se dedicava às suas pesquisas. Raramente ele saía do hospital para fazer algo diferente, o que dirá acompanhar as notícias sociais. Havia um homem de olhos verdes ao lado do juiz, mas esse apenas se conteve a dar um sorriso na direção de John, que retribuiu com o mesmo gesto. Ambos ainda não haviam sido apresentados, então John resolveu que seria melhor esperar as apresentações formais.

Milligan continuava a falar:

- Como vão os negócios no hospital? Espero que tudo bem, eu gostaria de lhe apresentar um grande amigo meu, o Sr. David Evans. Ele também é um grande advogado aqui da área de West London.

O segundo homem também estendia a sua mão em um ato cordial:



- Muito prazer, Sr. Rokphiller. O Sr. Milligan me falou muito sobre o senhor. Se incomoda se formos conversar em outro lugar? Há muito barulho nesse recinto, talvez poderíamos ir à biblioteca. – dizia o advogado.

- Uma boa ideia, irei separar alguns bons charutos e deixarei vocês às sós. – complementava o juiz.

John Rokphiller:


Rokphiller e o advogado se dirigiam para a biblioteca em silêncio. Seu novo conhecido possuía um semblante sério, que John não conseguia identificar. Uma leve preocupação, talvez, mas nada que fosse ameaçador. John estava um pouco receoso. Nunca gostava dessas conversas “particulares” com estranhos. A biblioteca da mansão era igualmente suntuosa ao resto da propriedade, havia grandes estantes nas paredes com inúmeras obras que o inglês não conseguia distinguir de longe. No fundo, as faíscas de uma lareira deixava o ar mais aconchegante. Evans senta-se primeiro, com um ar superior, e faz sinal com a mão para que Rokphiller também tomasse o segundo assento.

-Então Sr.Evans, em que lhe posso ser útil.

- Como eu comentei por alto no salão, o Sr. Milligan sempre fala muito sobre o senhor. Na verdade, o que mais lhe chama atenção são suas conversas sobre o ocultismo. Qual é o seu interesse pelo ocultismo?

Alec Huntton:

Alec descia do avião no aeroporto de Heathrow com o sol das 11 horas da manhã já começando a esquentar seu rosto. Ele poderia ter chegado mais cedo, mas a secretária de William passou um sufoco para conseguir um voo tão em cima da hora com as festividades dos próximos dias. Era sexta-feira e milhares de turistas britânicos vinham de todas as partes da ilha para ver a Rainha Elizabeth. Alec conseguiu o último assento em um voo às 10:15, que ainda por cima decolou atrasado. O ghoul caminhava em direção ao desembarque e já avistava ao longe uma fila de pessoas que se aglomeravam para poder passar pela portão de desembarque. Havia uma certa confusão, pois muitos desrespeitavam a fila querendo passar primeiro. Alec revirava os olhos, ele pensava como a popularização do transporte aéreo atualmente fazia com que cada vez mais a classe operária pudesse agir de maneira deseducada nos aeroportos. Chegava a ser lamentável presenciar uma cena daquelas.

Já na área de desembarque, Huntton religara seu celular e depois de alguns segundos reconhecendo sinal, o aparelho recebe uma mensagem da secretária de William:

“Sr. Huntton, infelizmente não consegui efetuar as reservas do hotel. Por conta do jubileu, praticamente todas as acomodações de Londres estão lotadas. Acho mais fácil o senhor tentar buscar algo disponível pessoalmente.”

Como não precisava esperar por suas malas, e ele agradecia silenciosamente por isso, visto a aglomeração que se formaria ao redor das esteiras, ele saía direto em busca de um táxi para Londres. Heathrow era um pouco afastado da cidade, logo, o ghoul teria tempo suficiente para pensar no que iria fazer.

Roiran McDrake:


O Doutor McDrake conseguiu se desvencilhar com sucesso da multidão que o cercava, no entanto, já quando se preparava para acelerar e ir em direção ao Elísio, ele vira pelo espelho retrovisor que uma camionete preta do “The Sun” também acelerava em sua direção. Isso irritou levemente o Malkaviano, ele já teve alguns aborrecimentos essa noite e depois desse episódio prometera a si mesmo que não iria mais aceitar “estrelas do rebanho” na sua tão estimada clínica. Se esse veículo do tabloide o seguisse até o Elísio, acabaria deixando a situação ainda mais difícil. Ele já imaginava a manchete do dia seguinte: “Médico de Amy Winehouse abandona tratamento para ver exposição no Tate Gallery de madrugada”. As conclusões que a mídia iria tirar sobre isso poderiam ser nocivas para sua reputação assim como para a Máscara.

Spoiler:

Logo, o cainita precisava de uma vez por todas despistar esses fofoqueiros. Ele acelerava pela King’s Road com toda velocidade, furando dois sinais vermelhos. A sorte era que nessa hora da noite já não havia muito trânsito e ele pôde ultrapassar os semáforos sem problema. Roiran conhecia bem a cidade, pegar um atalho para despistar o jornalista não era problema. Logo, ao invés de seguir direto ele dá uma guinada violenta com o volante para entrar na Eaton Square. Voando pela praça, ele chega à Victoria Road olhando mais uma vez pelo retrovisor. Não há nenhum sinal do jornalista, mas ainda assim o Malkaviano decide continuar acelerando. O alívio de McDrake durara apenas alguns segundos, pois o furgão surgia subitamente de uma rua paralela.  Com o veículo ainda na sua canela, Roiran acelera dessa vez o máximo que pode, quase atropelando alguns pedestres que atravessavam a rua e que se catapultam em direção à calçada.

Felizmente, a perseguição pela Victoria Road continuou apenas por mais cinco quarteirões quando um táxi preto surgindo igualmente em alta velocidade de um cruzamento colidiu com o furgão do “The Sun.” O cainita observou a colisão pelo seu espelho e ainda correndo, continuou seu percurso até o Tate Gallery. Roiran parava o carro aliviado do outro lado da rua. Não só conseguiu sair com segurança da perseguição como ainda estava quinze minutos adiantado para o seu encontro, tempo o suficiente para caçar se ainda quisesse.

James Howard:


As palavras do Regente ainda ecoavam na mente de James, que achava aquilo no mínimo absurdo. O problema é que se afastara da Inglaterra durante muito tempo por causa de suas desavenças com alguns colegas de clã e agora estaria “por fora” do que estava acontecendo na cidade. Mas o Tremere era esperto e logo que chegasse a Londres, descobriria a peça que faltava para o quebra-cabeça da Camarilla. Saindo de seus pensamentos e respondendo à pergunta da sua colega de viagem, James percebeu que Violetta não gostara do seu último comentário, mas não se importou. No fundo, ela sabia que o que James falara era verdade, ela só queria se aproveitar da viagem para tentar dar um empurrão na sua carreira.

- Eu tenho algumas teorias sim. Você sabe que a maioria dos cainitas aqui da Escócia quando ouviram falar sobre esses boatos acharam que a mão do príncipe está envolvida nisso. A minha teoria é a de que Lady Anne foi quem comandou o sequestro de Theodore. Ela talvez irá produzir algumas provas contra algum cainita específico, provavelmente algum membro Tremere que era mais ligado a Pritchard com a desculpa de iniciar uma caçada de sangue. Se nós conseguirmos desmascará-la a tempo, podemos nos unir para quem sabe derrubá-la antes que algo de ruim aconteça. - Violetta falava de maneira afobada e em seguida esperava a reação de James.

Já era a segunda vez naquela noite que James ouvia sobre a tal conspiração de Lady Anne. Mas ele não sabia se aquilo era tendencioso. Os boatos que chegavam na Escócia provavelmente eram distorcidos e obviamente o príncipe Toreador faria de tudo para avançar sua supremacia na Grã-Bretanha novamente. Claramente, Howard ficaria no meio de uma disputa de egos nas próximas noites e ele não gostava nada disso. De qualquer maneira, o Tremere faria o que fosse preciso para desenvolver seu conhecimento Taumatúrgico, precisara ele apoiar o príncipe ou não. Ele só teria certeza quando colocasse seus pés em Londres.

- Mas mudando de assunto, acho que o jubileu da rainha será um evento muito interessante. Eu estava dando uma olhada na programação dos shows, haverá artistas muito bacanas. Mas é claro que se eu tivesse sido convidada para me apresentar a qualidade desse evento seria muito melhor. – dizia ela dando uma piscada de olho para o cainita.

James passou a viagem inteira fingindo que escutava todo esse blábláblá do clã da Rosa. Para ele, pouco importava quem iria se apresentar ou quem deixava de cantar, ainda por cima num evento da sociedade mortal que há muito tempo já tinha perdido sentido em sua existência. Na sua opinião, Hayett era muito arrogante e pelo visto ela provavelmente deve ter convencido o príncipe para deixá-la ir para Londres com a desculpa de contribuir com as investigações apenas para conseguir algumas vantagens em sua carreira. Afinal, Londres daria muito mais oportunidade a um artista do que Edimburgo. No fundo, James esperava não ter que carregar Violetta junto de si para todos os lugares, isso atrasaria, no mínimo, todo o seu plano.

Chegaram no aeroporto de Heathrow já após as dez e por isso, o lugar estava muito tranquilo, não precisaram esperar muito na cabeceira pela permissão para taxiar. Já havia um táxi preto esperando por eles, provavelmente Violetta já organizara toda a viagem. Ela se virava para James, enquanto ambos desciam do jato:

- Bem, o táxi vai me levar primeiramente ao Elísio. Você pode vir comigo ou pode pedir ao motorista que o deixe em outro lugar.


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John Rokphiller:

Enquanto John respondia sua pergunta, o Sr. Evans o olhava com uma feição um tanto quanto curiosa.

- Bem, não esperava que o Sr. fosse tão vago – ele continuava a se comportar como alguém superior à John e isso o deixava desconfortável. – Mas de qualquer maneira, hoje em dia é muito difícil encontrar senhores sérios e distintos que tenham a capacidade e a mente aberta de ver outras possibilidades além da ciência. Nem tudo pode ser explicado de maneira racional e parece que o mundo se esqueceu disso. – fazia então uma breve pausa antes de continuar seu discurso.

- O Sr. Milligan também possui um leve interesse sobre assuntos sobrenaturais, mas todo o conhecimento que ele possui, na verdade, todas as conversas que vocês dois tiveram provavelmente foram a partir dos meus conhecimentos. Eu também sempre busco a sabedoria sobre o ocultismo e faço parte de um grupo de senhores que assim como eu, buscam tal sabedoria.

Nesse momento, um garçom entrava na biblioteca trazendo dois charutos em uma bandeja de prata. O próprio serviçal serviu ambos os senhores, e apenas quando este saiu, David Evans continuou o assunto:

- O Sr. já ouviu falar sobre a Rosacrux? – ele fazia um pausa esperando a resposta de John – A Rosacrux é uma das sociedades secretas mais antigas da Europa. Seus membros almejam alcançar a imortalidade através da alquimia.

- Mas não é sobre a Rosacrux que eu quero falar. O fato é que alguns desses alquimistas se juntaram a nós e no fim do século XIX, fundamos o Arcanum. O nosso propósito é a busca incessante e irresoluta pela sabedoria e pelo conhecimento escondidos nas sombras do mundo. Através da nossa organização, o senhor poderá expandir o seu conhecimento e a sua própria busca pela sabedoria. Em troca, basta apenas compartilhar com o Arcanum os seus estudos que possam ser úteis à nossa organização. O que você acha? – dizia ele dando um trago em seu charuto.

- Se o senhor concordar, poderemos sair mais cedo daqui e dar um passeio por Londres. Eu irei lhe mostrar as instalações do Arcanum e você poderá conhecer o resto dos nossos membros na próxima reunião.

Rokphiler precisava decidir o que faria. Ele nunca havia ouvido falar sobre o Arcanum, mas parecia uma boa oportunidade de conhecer outros que também estariam envolvidos no mundo sobrenatural. Talvez até algum deles poderia ter tido um contato prévio com as criaturas imundas que assassinaram seus pais e assim ele poderia finalmente iniciar a sua vingança.

Ignia Siren:

Ignia ainda jogava a sua isca para o segurança quando seu celular tocara. Na verdade ela não sabia o que Robert deveria fazer. Sua vida sempre fora cantar, se apresentar nos Elísios cainitas e seguir Leprechaum por onde quer que fosse, mas agora, sem sua mentora, a sereia se encontrava mais perdida do que nunca. A Filha da Cacofonia nunca havia passado por uma situação daquelas, então decidira deixar seu ghoul fazer como achasse melhor. Provavelmente Robert ligaria para ela mais tarde, contando sobre o que aconteceu.

O homem ainda se encontrava maravilhado por sua presença, mas seu medo do Palácio assombrado era maior do que tudo. Ignia e David andavam por um longo corredor do terceiro andar que não era muito bem iluminado, talvez pelo fato de não ser muito usado pelos cainitas. A cantora sentia que seu companheiro tremia ao andar por ali até que subitamente ele para de caminhar.

- Eu acho que os gritos estiveram vindo dali – ele apontava para uma porta de madeira – Sua aventura pode começar por aqui, no entanto, não vou acompanha-la, mas se quiser eu a espero aqui fora.

Spoiler:

Ignia não hesitava antes de abrir a porta que estava destrancada. Entrava no cômodo que estava totalmente escuro e indubitavelmente não conseguia enxergar nada que estivesse a sua frente. A cainita tateava pela parede ao seu lado para achar um interruptor, e pelo relevo que sentia na parede, achara o que procurava, mas ao ligá-lo a lâmpada não funcionava. A sereia sai novamente da sala e pergunta se David teria uma lanterna, já que ele fazia a segurança do local, não seria difícil que possuísse uma. Ela volta em seguida para o cômodo já com a lanterna acesa. Aquele quarto parecia que não estava sendo utilizado por muito tempo, havia alguns móveis cobertos por um pano, que pelo formato pareciam duas poltronas, uma mesa de centro e provavelmente um piano. Ignia não via nada que desse pistas de Leprechaum, até que quando estava prestes a voltar para o corredor, ela pisa em algo que estala. A primeira vista poderia ser o barulho da madeira estalando, mas Ignia sabia que não. Se aproximava com a luz da lanterna e via um objeto muito pequeno, que quase da mesma cor do piso passaria imperceptível para qualquer pessoa: um grampo de cabelo.

Na hora em que bateu os olhos no objeto, Ignia sabia que era um dos grampos que Leprechaum usava. Aquilo parecia cada vez mais estranho, porque sua Sire estaria no terceiro andar em um cômodo abandonado e escuro? Eram perguntas das quais a sereia precisava de respostas.

A investigação de Robert:

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Alec Huntton:

Huntton se sentia cansado, havia quase 24 horas que não dormia. A onda de vigor da vitae de seu domitor já estava passando e o cansaço começava a deixa-lo irritado. Alec trabalhou assim por muitas décadas e não se incomodava com a vida dupla que suas tarefas requeriam, mas ainda assim era capaz de matar qualquer pessoa a sua frente quando estivesse de mau-humor, e dessa vez foi a pobre secretaria de William. O ghoul sabia que havia exagerado, sua secretária era eficiente, e realmente esse era o fim de semana mais difícil do ano para conseguir acomodação, ele também tentaria alguma coisa com motorista:

- O senhor vai pra Londres correto? – perguntava o taxista já acelerando o carro – Vai pro jubileu da Rainha? Com todo respeito, o senhor deveria ter arrumado um lugar pra ficar há muitos meses atrás, a cidade está pior do que um formigueiro. Duvido que consiga alguma coisa.

Ele abre o porta-luvas e pega um porta-cartões, entregando-o a Alec. Havia um miríade de acomodações impressas nos cartões:

- Há lugares para todos os gostos ai, de hotéis cinco estrelas à muquifos de quinta categoria. Pode ligar para algum deles no caminho e assim que conseguir, eu o levo diretamente ao hotel. – entregava o objeto ao passageiro e acrescentava – Boa sorte!

Alec estava bufando de raiva, não acreditava que teria que ligar para vários hotéis. Ficava novamente com raiva de Rachel pela sua ineficácia, não só a dela mas como de todos os envolvidos na história. Por que William não dera mais informações sobre a encomenda? Quem era esse tal de Lawrence? O ghoul sentia um súbito ódio dele mesmo sem o conhecer. Na verdade sua cólera era contra seu domitor também, ele odiava quando o Ventrue lhe deixava a cargo de algo sem muitos detalhes. Alec tinha vontade de esmurrar o vidro do carro, como se esmurrasse a cara da Rainha Elizabeth, a grande causadora desse tumulto.