Os Lampejos da Jyhad: A Ordem Oculta - Parte 2

Dylan para por alguns minutos observando o celular. Ele fica em um dilema entre apagar a mensagem ou responde-la. Perdido entre as consequências de suas escolhas Dylan respira fundo e apaga a mensagem deixando seu celular de lado. Com a cabeça baixa e com um pouco de arrependimento ele continua a mexer nas suas coisas...






Algo chama sua atenção no jornal. Uma foto de uma cena de crime. Os objetos listados na reportagem e o posicionamento. Eram típicos de algum tipo de ritual? Dylan finalmente encontra algo que chamava sua atenção. Ele persegue a linha de raciocínio por horas. Sua mãe estava acostumado em vê-lo entretido com jogos online então não se preocupava muito com sua repentina reclusão. Claro que aos olhos de sua mãe ele poderia estar ficando louco então apenas se resguardou e a deixou achando que seria mais um jogo online ou um RPG, talvez mais um projeto escrito ou tudo junto, o importante era parecer bem pra sua mãe.

Coincidência ou não o signo de câncer era seu signo e nele estava a primeira ponta solta do enigma. O caranguejo era por si só um crustáceo enigmático. Astrólogos descrevem os nativos deste signo como pessoas extremamente emotivas e manipuladoras. Câncer possuí uma casca grossa por fora que depois de "quebrada" dá acesso à uma carne suculenta, ou seja, quando você vence as barreiras e o resguardo do caranguejo você goza do que há de melhor nele. Esse enigma era uma casca bem dura...

Por meses Dylan toca as coisas como um simples hobby nas horas vagas e talvez levasse menos tempo se não tivesse que ter uma vida normal. Dormia menos do que o normal e começava a ficar com olheiras. Estava com o corpo pouco treinado mas com a mente bem afiada.

Na segunda etapa Dylan percebe que seus passos estão sendo acompanhados. Os passos foram longos e ele havia investido tempo de mais pra simplesmente deixar as coisas ali. Tálvez fosse melhor visitar um psiquiátra, talvez tivesse desenvolvido um tipo de fixação alucinógena por enigmas que nem ele sabe se existem... Não. Ele sabia que aquilo era real e prossegue firme. Se aquilo não o tomasse por completo, se ainda trabalhasse e estudasse seria normal, certo?
Tudo corre desta forma, mas Dylan não tinha mais uma vida social, era preocupante, mas não tinha depressão também o que era um alívio. Sair pra jantar com sua mãe e fazer alguns programas com ela como assistir séries o ajudavam a relaxar. Sua mãe era a única mulher que realmente merecia sua atenção depois de tudo.

A última parte do enigma que ele conseguira encontrar falava sobre o livro de G. Orwell. Sua mãe não era fã deste tipo de leitura mesmo que adorasse ler vários livros, então ele foi forçado a adquirir. O livro tratava-se de um romance de uma sociedade distópica oligárquica e coletivista. Para Dylan era massante ler aquilo e ele sempre teve problema para se concentrar com leitura, por isso não era um leitor tão voraz, porém quando tinha um objetivo ele era capaz de ler até uma coletânea de enciclopédias para encontrar o que queria, mesmo que levass emuito tempo. Dylan estudou a vida de Eric Arthur Blair (o verdadeiro escritor - G. Orwell era um psudonimo), estudou as condições em que foi escrito e a época. Dylan traçou um perfil psicológico rudimentar de Orwell e também da pessoa que provavelmente se deu ao trabalho de espalhar essas pistas. Uma coisa era certa... O caranguejo era o próprio Dylan.

- Dois passos pra direita... - Ele estava com o livro em mãos e relendo algumas partes grifadas pela quarta vez e cruzando dados com outros livros de ocultismo e simbologia que teve que adquirir. Levava tempo pois a maioria das informações não era relevante ou simplesmente falsa, porém quando se trata de ocultismo nenhum fonte é duvidosa, tudo é verdade até que se prove o contrário.

Talles, seu contato Wicca tirava algumas dúvidas sobre simbologia e magia e o ajudou, mas Dylan nunca revelou o que estava fazendo efetivamente. Seria assustador mesmo pra um bruxo pagão.

Teria chegado ao fim? Ou seria melhor desistir agora? Ele se perguntava procurando algo que o fizesse acreditar que estava no caminho certo.

*Baxt entendia que a energia que fluia de seu corpo, não era a sua própria ou de suas emoções, era a energia que fora roubada do que foi chamado de Loci, sua estratégia assim permanecia a mesma, concentrado no vazio. No nada... Se conseguisse esvaziar-se por completo e nada acontecesse, iria projetar sua mente para fora daquele lugar, o tempo e o espaço eram distorcidos na Umbra assim como a movimentação, talvez não tivesse que se mover "fisicamente", apenas pensar em um lugar meditativo fora dali, o último salão que esteve poderia servir, deveria ser próximo o suficiente.

Mantinha a concentração.*

RECOMENDO OUVIR A MESMA MÚSICA DO MEU POST ANTERIOR

Dylan havia terminado o curso de investigador particular e o curso de tiro.
Ele não via possibilidade de desvendar o enigma e então o deixava de lado, como uma "cold case". Meses se passaram e cursos terminados era hora de procurar um lugar pra ele. Dylan arruma um apartamento que ele também faz de escritório. Ele abriu sua própria firma de investigação enquanto matinha o contato com Peter Stone que agora seria seu cliente (possivelmente).
Dylan iniciava uma uma pequena biblioteca com livros de psicologia comportamental (behaviorismo), ocultismo e direito. O escritório e casa fica no Brooklyn em uma área mais perigosa, mas tornava o imóvel mais barato. Ele cogitava a possibilidade de começar a faculdade de psicologia, mas antes tiraria um tempo pra investir no seu negócio novo e no corpo.
O já não tão jovem e agora detetive se matriculava em uma academia e iniciava aulas de muay thay. Uma arte marcial aeróbica cuidaria do corpo e da sua defesa também e era o que ele precisava no momento.
Uma noite revirando suas coisas em meio ao tédio se depara com o velho 1984, seu "colda case", talvez fosse a hora de mexer nele novamente. Como se fosse um jogo que havia enjoado antes de zerar o rapaz recomeça seus passos.

- Eu deixei algo passar... - Começava do primeiro enigma e seguia atá o livro - Talvez a resposta não esteja no autor ou no livro... Talvez não esteja em uma coisa, mas sim em tudo, no conjunto - Ele começava a organizar os enigmas de forma que pudesse visualizar todos juntos - Eu sou o caranguejo que caminha entre as dois mundos pra o autor do enigma... Vida... E morte? - Parava pra pensar por um momento - E se a barreira que ele disse em um dos enigmas for a morte? - Dylan começa a pesquisar tudo no oculto que havia sobre a morte. Necromancia, mortos vivos, espíritos... Saber quem era o autor era fundamental, mas ele só descobriria no fim do enigma.

*Em um momento, sentia-se esvaziando, posteriormente, sentia-se preenchido novamente da mesma energia desconhecida para o Ravnos, algo encontrado no Loci. Não tinha qualquer resposta do lado de fora, sabia que não conseguiria falar, mover-se ou mesmo sair dali sem alguma ajuda, buscava em si uma resposta, enquanto deixava a energia fluir de volta para seu corpo.
Uma vez que se sentisse completo, mentalizaria mais uma vez em Panush, se nada acontecesse, iria mentalizar a saída ou mesmo mentalizar Aviv. Sua mente iria navegar sem ao menos sair do lugar.*

"Que tipo de energia é essa? Tudo aqui é energia? Eu mesmo, sou apenas um reflexo desta energia, só que de forma diferente. Nada aqui é material"

*Seguia assim com alguns pensamentos enquanto mantinha-se em transe.*

Não era possível simplesmente fazer o que seu interlocutor queria, não sem ao menos tomar algumas precauções.
Dylan escreve um documento de prórpio punho e o protocola na seguridade social. Aquele documento determinava que somente sua mãe poderia sacar seu seguro social, assim seu interlocutor não o poderia roubar. Dylan escreve também um testamento deixando tudo dele para Samantha Petterson, sua adorada mãe.

Quanto ao objeto de valor sentimental, esta não poderia ser algo realmente de valor sentimental, que tipo de ritual a pessoa em posse disso poderia realizar? Em todo o caso havia algo que havia sido importante em seu distanciamento de sua noiva... O próprio 1984. Na contra capa estava escrito algumas palavras para seu interlocutor...

"Realmente detestei o livro, mas ele foi importante pra me fazer superar algo na vida."

Além da raiva que nutria e a frustração da sua primeira tentativa, o objeto não tinha tanto valor sentimental.

Dylan junta tudo e como solicitado pelo seu interlocutor e envia para a caixa postal. Uma pequena caixa de sapato com o livro, uma cópia de todas as suas anotações sobre como resolveu os enigmas e criptografias e um bilhete com seu endereço e número do seguro social. Se aquilo fosse um golpe ele não cairia nele, se bem que era elaborado de mais pra ser um golpe, todavia precaução nunca é de mais.

Feito isso Dylan sente-se mais leve. Encerrou o caso de sua vida e agora podia se concentrar nos próprios casos...

- Sr. Sanders acha que a esposa o trai, vamos ver se é isso mesmo? - Dizia ele pegando a câmera fotográfica.

"Como compreender o incompreensível?"

*Baxt estava em um lugar alienígena com regras totalmente estranhas, algo que nunca poderia ter imaginado. Não sabia as regras de como sair, claro, voltar para o próprio corpo ainda deveria ser seu ideal, porém, se quer conseguia lembrar disso, pensava apenas em como fazer para se fortalecer.
Estar mais forte lhe conferiria tudo que ele desejasse posteriormente.

Mantinha a concentração até ficar totalmente preenchido de energia, depois se ninguém surgisse, buscaria dentro de si uma resposta sobre como sair se sua mente não conseguia transportá-lo, não conseguia se mover, não conseguia falar....*

Meses se passam e agora seu interlocutor ganha um nome... John 1984. Criptografia simples, mas que tinha um significado grande entre os dois.

Dylan observa o questionário do livro 38 e tenta responde-lo com os conhecimentos atuais. Serviria de comparativo quando ele respondesse depois de ler os 38 livros. Aquilo ainda seria uma questão paralela ao seu trabalho.

Dylan começa a sair com algumas mulheres, talvez agora melhor para ter um relacionamento, mas era difícil encontrar alguém realmente interessante no mundo. Ele havia se tornado diferente de mais do restante do mundo e qualquer pessoa pra ele era rasa e desinteressante. Ele levou um ano lendo os livros e fazendo anotações, sua mente hiperativa não ajudava a se concentrar na leitura que era profunda.

Dylan agora com 30 anos responde o questionário e envia o resultado à John 1984 juntamente de uma carta.

Querido John

Desculpe a demora mas venho ocupado com coisas do trabalho e tenho dificuldade em me concentrar em leituras densas. Tenho depressão e transtorno de ansiedade e isso dificulta um pouco as coisas pra mim.
Achei algo interessante no livro 25, pág 121. Há um bilhete com uma anotação, depois me diga o que acha do meu apontamento.
Gostaria de entender o motivo de você espalhar esses enigmas e por qual motivo você tem um material tão rico (e compartilha com um estranho)? Se eu sou o caranguejo que caminha entre os dois mundos, quem é você? Estamos a anos nisso já, não que eu não goste, acho um passa tempo ótimo, mas queria saber se é só isso, um jogo.

Ass: 31812.

A saudação da carta era um referência ao livro "Querido John" e a assinatura "31812" estava em números (o inverso de John 1984, ou seja, Crab - Caranguejo).

No decorrer desse tempo Dylan continua suas investigações em busca de notar o que havia de estranho no mundo à sua volta. Crimes sem resposta poderiam dar-lhe status no meio investigativo e ele começava a buscar um desafio, quem sabe virar consultor do governo?

*Uma única certeza, sentia-se energizado pelas forças místicas que o ajudaram a ativar seu quimerismo, mesmo que essa não fosse uma força própria.*

"Talvez isso possa me fortalecer para outras coisas"

*Tentava utilizar essas energias para tentar aumentar suas forças, talvez o princípio fosse o mesmo. Tentaria se sentir mais forte, depois tenta se mover para sair, seja com escapismo ou na força bruta.*

"livre?"

*A base da corrente que o prendia soltava, utilizou grande parte da energia catalizada para forçar a corrente e conseguiu. Mas não se sentia livre, ao menos não se sentia assim.
Baxt mantinha-se focado, seus sentidos aguçados, removia a espada que estava fincada em seu peito e buscava ouvir se alguém se aproximava enquanto buscava uma saída.

Buscava tentar entender como seu espírito estava reagindo, se agora teria ânimo para fazer o que quisesse.

Sabia que esse ainda não era um momento para deixar-se tomar por qualquer emoção, estava focado em descobrir como sair daquele lugar*

Dylan passava a mão pela textura das páginas e das capas. Era possível sentir até um aroma peculiar nas obras. Talvez Dylan estivesse ficando mais estranho do que imaginava ou só aprendera a apreciar pequenos detalhes.
O exercício de comparar as respostas mostrava um resultado bom. Ele havia progredido muito.

- Fascinante...

O escritório tinha seus casos corriqueiros e as coisas fluíam. Todo esse estudo sobre o oculto até o fez ficar saudoso da época em que se debrussava nas doutrinas do Direito em busca de uma tese inovadora, todavia era fato que a profissão de investigador particular lhe rendera mais emoção. Era bom pois balanceava com sua vida relativamente monótona, talvez a tendência com o pasar dos anos fosse essa, em meio aos livros e segredos... Poderia começar a trabalhar em um livro?

Dylan observa bem a pergunta de John ao final... Se tudo aquilo for real... Ele tomava a caneta em sua mão direita e começava mais uma carta...

"Querido John

Eu acredito em espíritos. Vi coisas estranhas acontecerem e sinceramente acho que as religiões possuem um conhecimento valoroso não só antropológico e histórico. Sim, venho de família espírita, talvez por isso gosto do oculto.
Quanto a existência. Eu digo à você que com tanta tecnologia é pouco provavél que exista e já não tenham documentado algo sobre, mas vamos ao foco da pergunta, não estamos discutindo a existência ou não e sim tomando como verdade (ainda que seja só um exercício de hipótese). Eu diria que dormiria tranquilamente desde que soubesse como me precaver. Se você conhece algo não precisa temer, o difícil é saber se o seu conhecimento é suficiente para lhe garantir a proteção.

Ass: Crab"

O detetive envia a carta e aguarda. Três semanas e nada. Talvez seu interlocutor o achou louco e desistiu dele.

- Foi bom enquanto durou...

No fim do dia uma mulher Ruiva e gordinha de vestes medianas adentrou o escritório e foi direta ao ponto.
Dylan lhe oferece um lugar pra sentar, um café e uma água para que se acalmasse.

- Entendo senhora... - Ele esperava um nome da mulher - É compreensível sua exaltação com o assunto, muitas vezes a dúvida é pior que a certeza de um destino ruim - Ele pegava um bloco de notas e uma caneta - Meu preço é U$200 dólares por hora mais despesas adicionais. Garanto descobrir o que me pede, mas antes gostaria de entender, o que a levou a desconfiar de seu marido? Quais os hábitos dele? Preciso que me responda isso apenas se realmente quiser firmar um contrato comigo, pois um serviço bem executado depende dessas informações - Dylan analisava a mulher para ver se ela mentia em algum momento. Não havia nada de estranho, era só um procedimento padrão. Saber o máximo possível sobre seu "alvo" era fundamental para uma boa investigação, isso incluía que sua contratante não ocultasse nada.