"MADRECITA NEGRO"

*Laura então pega o celular, olha para o aparelho e antes de entrar no banho disca para Helton. Enquanto chama, abre o chuveiro e começa a se banhar, observando o aparelho no viva voz sobre a pia.* -Vamos, mi amigo, atenda... *Faz um biquinho quando ouve a chamada cair na secretária e fala alto, nervosa*

-Prometeu que me atenderia! *bufa* -Queria saber como é esse tal de Gilbert! Baixo, loiro, gordo? Saber de onde vocês se conhecem! Hurgh!

*Sai molhada mesmo, desligando o celular antes de voltar ao banho, reclama como uma tipica italiana* -Porca miséria! Hunf!

...

*Quarenta e cinco minutos depois, estava virando a esquina do local combinado. Usava jeans, coturnos sobre a calça de cano médio, uma regata roxa e sua inseparável jaqueta de couro. Os olhos cor de mel fitam o ambiente antes de entrar, olha em volta, era movimentado, isso realmente era bom...*


OFF:
Helton Mars:

Gil chega bem a vontade, como usual. Os documentos em um envelope sob o braço, mascando um chiclete e utilizando os absolutamente desnecessários óculos escuros, ele está entrando no local quando avista a senhora Idsen sentada ali. E ela é melhor ainda ao vivo, legal.

Antes de se aproximar, Gil passa reto em direção ao balcão e, discretamente, à examina. Quer ter certeza de sua teoria de que ela é uma neófita. Neófitos as vezes se esquecem de piscar, se esquecem de respirar quando estão em meio ao gado. Ele nota seu tom de pele, tenta focar na pulsação de sua jugular. Os óculos escuros ajudam a disfarçar a encarada indiscreta.

Bom, descobrindo ou não, não dá mais para enrolar.

- Senhorita Simpson? - Gil se aproxima e, sem delongas, senta-se do outro lado da mesa. - William Cricket, muito prazer. Pode me chamar de Bill. - Ela irá reconhecer nele a primeira voz que atendeu o telefone.

*Laura estava com uma lata de coca sobre a mesa, em nenhum momento a levou até a boca, mas o dedo indicador rodeava a lateral da lata, sentindo o suor do aluminio escorrendo em gotinhas. Ao ser chamada de "Simpson", era inevitavel não imaginar dona Margie, com seus longos cabelos azuis, isso era de fato horrivel, mas, ao ouvir o sobrenome do homem a sua frente, pensa que não estava de todo mal assim.*

-Imagino que esse sobrenome deve ser inventado também... *Brinca, com um sorriso extreamemente gentil, daqueles que entre humanos, facilmente abriria portas. A voz era deliciosa (voz melodiosa) e demonstrava de fato uma aparência inocente.* Pois se não for, eu lamento!

Cruel Homem Rosa escreveu:Gilbert rolou 5 dados de 10 lados com dificuldade 8 para identificar vampirismo em laura que resultou 9, 5, 7, 9, 10 - Total: 4 Sucessos

- Hahaha sim, foi um presente do senhor Axton. - Gil tira os óculos e os coloca sobre a mesa, revelando ter um olhar amistoso que deixa a menina bem mais a vontade (Carisma 5).

Ele chama a atenção de uma atendente. - Um Triplo-Bacon, por favor. - E, então, voltando à senhorita Simpson. - Imagino que você não vai pedir nada. - E faz menção de pegar sua coca-cola, se ela não o impedir. - Nem beber isso. - Ele provoca.

- Tente se lembrar de piscar com mais frequência entre nós humanos. Você se entrega se só fizer isso a cada cinco minutos. - Ele revela saber sobre sua condição, cainita e neófita.

"Nós humanos", haha. A linhagem de Gilbert lhe permite se passar por um humano com uma perfeição impecável. Sua vitae circula naturalmente pelo corpo, seus olhos transparecem vida, seu sistema digestivo ainda funciona perfeitamente e a própria aura é lívida como a de qualquer outro gado no estabelecimento. E a melhor parte não é enganar os humanos com isso, mas os próprios cainitas. Uma ovelha entre lobos.

*Quando ele tira os óculos - Para que isso a noite? - ela repara em seu rosto, gosta do que vê e mantém o sorriso... Porém, logo o sorriso some, ouve o que "Bill" diz e dá de ombros. Bem, ainda na sua lógica, Axton conhecia Helton que conhecia Laura que agora era conhecida deles, e o que ela era não era um segredo a ninguém! O sorriso sumiu pela "puxada de atenção" sobre piscar, verdade que ela ficava tanto tempo assim sem piscar? Fez um biquinho confuso, bonitinho, pensando rapidamente sobre isso, mas volta a atenção ao seu companheiro, pegando a latinha de coca e dando um gole.*

-Eu ainda gosto de lembrar do sabor... *Mas não fazia questão, coloca a latinha bem perto dele depois e dá de ombros.* -Bem... hum... me trouxe o que eu pedi ao seu amigo?

- É uma questão de estilo. Ainda vai ser considerado normal qualquer dia desses. Sabe, antigamente pessoas só usavam bonés durante o dia também. - E provavelmente esta foi a única frase completamente sincera da noite.

- Sim, está aqui. - Ele coloca o envelope sobre a mesa. - Você tem pressa? Acabei de pedir meu hambúrguer. - E então, tamborilando os dedos sobre o envelope, ele mostra que ainda há alguma burocracia antes de entregá-lo. - O senhor Axton gostaria de saber como o senhor Helton conseguiu seu contato atual. Entenda, já faz algum tempo que ele não trabalhava com esse tipo de entrega, e sua ligação realmente nos pegou de surpresa.

-Se eu tiver pressa, se importa de ficar comendo seu hambúrguer sozinho? *ela mordisca os lábios, as mãos inquietas, tique quando ficava nervosa ou ansiosa, melhor esconde-las embaixo da mesa, sobre os joelhos*

-Mas... *a pergunta dele lhe faz pensar. Laura olha pro lado, depois volta a fitá-lo. Isso era necessário? Laura dá de ombros*

-Não sei... *ao contrário do seu companheiro, ela estava se surpreendendo em como estava sendo sincera naquela noite.* -Helton me passou o número, disse que eu poderia ligar e foi o que fiz... E pelo visto não errou, já que consegui... *olha o envelope sob a mão dele* -Ou quase, o que precisava, né? *Sorri meio sem jeito*

-Mas, isso de fato faz diferença? Digo, é só um serviço, pago, e pronto...

- Ah, não é motivo pra se preocupar. - Ele a tranquiliza, enquanto pega o enorme e gorduroso triplo-bacon que lhe é entregue ("Obrigado"). - Nesse ramo toda a informação é importante. - Ele embrulha o chiclete em um guardanapo e pega a maionese. Bastante maionese. - Se ele conseguiu esse número... - Uma parada pra uma boa mordida. -...grunf... há uma brecha em algum lugar.

Ele toma seu tempo para deliciar o naco de hambúrguer em sua boca. Os bacons são tão bem servidos que Gil até fecha os olhos para saborear melhor. Ele imagina como deve ser odiosa a existência de um Membro que não pode se alimentar. Digo, é claro que vitae é ótima, mas a vida também é feita de pequenos prazeres.

Ele se lembra de que a garota ainda está ali, engole e abre os olhos de novo.

- Mas você tem pressa, né? Muito bem, então... - Um gole de coca-cola. A coca-cola dela, é claro. - Está com o dinheiro aí?

*O dinheiro! Como ela teria esse dinheiro!? Os bancos depois de fechados tem um limite baixo de saque à noite, ela só conseguiria esse valor depois de dois ou três dias sacando todos os dias! Laura abre bem os olhos*

-Não... Digo... Não aqui, não agora, mas terei! Juro que terei! *A expressão de susto dela era indescritivel, os olhos bem abertos, o corpo bem duro sobre a cadeira, ereto e defensivo.*

-Veja, não há brecha! Seu amigo? Senhor? Chefe? Axton! Ele conhece meu amigo Helton, então deve saber que sou de confiança! *Uma boa moça! Claro que era!*

HAHAHA mas a menina é um completo animal. Gilbert não resiste e ri de boca cheia, se divertindo com o desastre ambulante. Ele imagina que ela seja apenas um peão, uma peça de alguém o provocando. Esse tal Helton, talvez. Bom, conhecendo como as coisas funcionam, ele mesmo deve ser um peão de mais alguém. Isso vai ser cansativo... Mas paciência, é necessário.

- Bom, creio que vamos esperar eu terminar o hambúrguer então. - Ele continua comendo tranquilamente. - Podemos encontrar seu amigo Helton depois. Imagino que ele possa te ajudar, não?

-NÃO! * O "não" é dito com raiva, até parece que ela está com raiva de Gilbert, mas não era isso! Estava com raiva do filho da puta do Helton que não atende suas igações e te deixa nessa enrascada.* - Infelizmente não temos como encontrar Helton e ele NUNCA me ajuda de fato! *força um suspiro pesadamente, os ombros caídos, estava cansada e, bem, de certa forma já descobriu algo, algo que lhe apavora muito na verdade.*

-E pelo visto, nem você ou seu amigo sabe quem é Helton, e isso realmente não é legal... *Que confusão seu amigo a colocou dessa vez? Nem chegou no México e a confusão já começou! Delicia!*

-Eu só preciso desse documento e você só precisa do dinheiro certo? *Laura mordisca novamente os lábios, agora com mais força enquanto enfia as unhas nos joelhos por baixo da mesa.* -Você não vai ter o dinheiro agora nem eu o documento pelo visto... Mas eu realmente preciso ir pro México! *ela dá um risinho sem graça, coça a nuca. Oh merda!* -Bom, foi um prazer... *ela precisava do dinheiro! Se levanta, tira do bolso 2 dolares para a coca e coloca ao lado dele para enfim sair.*

A ênfase da negatória pega Gilbert desprevenido, e ele arregala os olhos assustado. Mulheres... Aparentemente nem a maldição ancestral do vampirismo conserta.

Ele nota que ela se prepara para ir embora, e rapidamente pensa em um modo de fisgá-la.

- Uhm? Ok. Boa noite, senhora Idsen. - Mas não consegue pensar em nada.

Claro que não vai acabar assim. Gil termina o sanduíche com pressa, engole a coca-cola em um gole e deixa uma nota de dez dólares ao lado da outra, partindo apressado atrás dela.

Ele a segue pela calçada com as mãos nos bolsos, casualmente. Mas ninguém realmente presta atenção no que ele está fazendo. Gil é ignorado pelo mundo ao redor, como se fosse até... invisível. (Ofuscação 2)

*Laura ainda olha sobre o ombro antes de sair do bar. Por alguns instantes achou que ele iria chamá-la. Talvez alongar a conversa, qualquer coisa que lhe desse a esperança de lhe ter fisgado, ao menos na curiosidade, talvez, sei lá... Mas pelo visto, era só um negócio furado.* -Idiota... *Mas sinceramente não sabe se esta xingando ele, seu amigo Helton ou a si mesma... Suspira a jovem cainita, que bagunça o cabelos com as mãos enquanto pega o celular, já andando pelas ruas.*

-Atende, atende! *Diz a garota irritada, levando a mão a têmpora enquanto se segura para não esmagar o celular que cai na caixa postal. Vai andando, talvez encontrasse um caixa eletrônico para sacar um pouco do dinheiro, se ainda planejava conseguir os documentos, que começasse logo a recolher a grana. Então pensa, de um jeito bem inocente, e para de andar no meio da rua. Pega o celular e manda uma msg pro celular do “sr. Axton”.*

"Teria alguma conta que eu pudesse fazer transferência?"

O celular, sempre no silencioso, recebe uma mensagem. Praticamente colado na garota, ele já imagina que tenha sido ela.

"Isso seria muito imprudente da minha parte, senhora Idsen. Mas não se preocupe, já pensei em algo que será vantajoso pra nós dois", ele responde.

E, enquanto ela estiver lendo a mensagem, Gil aproveita para quebrar a Ofuscação, como se estivesse chegando atrás dela agora.

- Senhora Simpson? - Ele está um pouco ofegante, como quem acabou de correr para não perdê-la. - O senhor Axton me ligou. Disse para eu entregá-la os documentos e acompanhá-la como garantia até que possa pagar por eles. - Ele fala com uma cara um pouco frustrada, como quem também não gostou da ideia.

Ele lhe estende o envelope. - E então? - Como se pegá-lo fosse assinar um pacto com o próprio diabo.

*Laura abre bem os olhos! Mal tinha terminando de ler o sms e o “ajudante” do Sr. Axton aparece. Ofegante? Se pergunta o que ele seria, pensa até em observar sua aura, mas ao ver o envelope sendo estendido em sua direção, muda de ideia...*

-Oh!? Sério? *Ela sorri, um sorriso lindo de quem realmente ficou feliz por isso! Um sorriso que faria muitos mortais perderem o prumo... Laura não era bonita, não o extremo da beleza que muitos de seu clã exibiam, mas era simpática e possuía um jeitinho que convencia a muitos... ( Manipulação 4)*

-Consegui os documentos e ainda terei companhia? *Ela, que vive em pró de conhecer pessoas? Era dois coelhos juntos! Mesmo que depois tivesse que sei lá... sumir, talvez... *

-Ah, então... Nossa, isso é bom, eu já vou sacar uma parte do dinheiro agora de qualquer forma...*Ela estende a mão, como selando o trato e pega o envelope. Nesse momento, ao tocar o envelope, deseja entender melhor quem era a pessoa com quem estava lidando, já que seu amigo Helton não estava mais próximo para lhe responder suas dúvidas... (Auspicio 3)*

*Laura abaixou o olhar para o envelope, mas o sorriso permaneceu em seu rosto por todo o tempo. Os olhos cor de mel ficaram suavemente mais claros, mas ao piscar, tudo se normalizou, e de posse do envelope ela sorri agradecida para o homem a sua frente.*

-Perfeito! *um sorrisinho tranquilo, enquanto olha com curiosidade o documento rapidamente (pois ainda estavam no meio da rua!).*

-Quando partimos? Amanhã? Primeiro voo da noite? Preciso ainda comprar as passagens, ou quer fazer isso? *demonstrava total segurança e confiança na pessoa.*

- Sabe, senhora Simpson, é indelicado ter orgasmos espontâneos no meio da rua. - Gilbert comenta sarcasticamente. - Se eu soubesse que os documentos eram assim tão importantes pra você, teria entregue mais cedo.

Ela teve um transe, é claro. Mas por quê? Uma disciplina, talvez? Assim, do nada, na sua cara? Que menina inconsequente. Mas, seja lá o que ela fez, parece ter gostado. O sorriso não some da cara dessa neófita.

- Sim, nos encontramos no aeroporto ao cair da noite. Não creio que haja problema em comprar as passagens na hora. Quanto mais cedo chegarmos, melhor pra você. - E pra ele também. - Se não se incomoda, eu ficarei com os documentos até nos encontrarmos de novo. Uma medida precativa, nada mais.

Ele estende a mão para pegar o envelope de volta.

- 19h30m, está bem?

*Laura olha a mão estendida, ah como seria lindo poder ficar com os documentos para si e fugir... Mas também, que graça teria? Se estava indo ao México apenas por aventura, que mal tinha já começar a aventura desde N.Y.?*

-Ah, sim, claro... *lhe entrega o envelope de volta. O sorriso se mantinha, as vezes mais largo, as vezes mais sutil, mas sempre estava lá, numa eterna felicidade comedida*

-Te aguardo em frente ao guichê das A.A., ok? Tenha uma excelente noite, senhor... *franze o cenho* -Bill. *então se despede com um balançar de cabeça, dá meia volta e continua seu caminho*

Gilbert volta pra casa satisfeito. Agora ele tem um pretexto razoável para seguir a neófita até o fundo disso, e ela não desconfia de nada à respeito de sua identidade. Ele está com o trunfo.

Chegando em casa, ele é recebido calorosamente pelo cão gigante. Calorosamente na medida que um animal preguiçoso recebe seu dono, o que significa caminhar lentamente até ele e ganhar uns afagos.

- Vou partir pro México amanhã. - Gil diz, enquanto esfrega as bochechonas do monstro. - O saco de ração tá atrás do armário da cozinha, você alcança ali. Eu misturei uma coisinha que você adora, mas não coma tudo de uma vez. - Ele diz, mas as palavras são desnecessárias. O animal entende o que ele quer comunicar de uma maneira abstrata à seu próprio modo (Animalismo 1). - Faça cocô no seu banheiro, e não esquece de fechar a porta pra não feder tudo. - Maya entende perfeitamente, mas Gil sabe que vai encontrar o local todo cagado quando retornar.

Ele arruma sua mala. Algumas roupas, escova de dente, um rifle militar calibre .50, uma espingarda de cano curto modificada, um revólver potente de curto alcance e um Game Boy. Mas, antes de fechar a mala, os objetos são algumas roupas, uma escova de dente, um saxofone, uma sombrinha, uma arminha d'água e, bem, um Game Boy (Ignus Fatuus, Permanência). O Ravnos passa o resto da noite assistindo televisão e comendo frango frito em molho de vitae (fica ótimo com pimenta), tem um dia de sono tranquilo e, às 19h30m, está no ponto de encontro com a mala em mãos mascando seu chiclete.

*Laura andou algumas quadras, depois, apontou o braço para um taxi e o resto do caminho foi acomodada no banco de trás do automóvel. Estava encolhida e pensativa, o sorriso, antes sempre presente havia dado espaço para um biquinho triste, olhos pesados, a mente distante... Com toda certeza o motorista pensou que ela havia acabado de terminar um namoro, levado um bolo ou um fora. Talvez deve ter sentindo peninha dela, não alongou o caminho, foi direto ao lugar que ela pediu e ainda lhe deu desconto na viagem. Ah, Laura, tão fácil conquistar simples humanos...

A morena pensou durante toda a viagem, que mesmo quando ela se mostrava inteiramente sincera numa situação, assim como hoje, as pessoas (humanas ou não) tendem a mentir. Como se fossem obrigadas a viver atrás de máscaras, pois quem são de verdade é tão precioso que possuem medo de se ferir, mas esquecem, que ao esconder quem são, deixam de viver o máximo que pode. E tudo se torna uma mentira, até a felicidade...

Já no quarto da pousada, deitada em sua cama, pensa o quanto seria perigoso entrar nessa jogada. Por que ele estaria mentindo e qual o interesse nela? Ou por que Helton indicou ele a ela? Bem, tudo que ocorreu lhe fez ao fim pensar em seu Senhor, e isso lhe obrigou a tomar outro banho, bem gelado, com todos seus sentidos ao máximo para sentir bem a água fria. O celular foi usado mais uma vez para falar com Helton, sem resposta, deixou um recado na Secretária*

-Você é um filho da puta. Se eu morrer, tenha certeza que você nunca mais vai ter paz! *E a jovem desligou o próprio aparelho. Nem Helton a acharia agora, ao menos, por um longo tempo até essa mágoa passar. Pois, normalmente, Laura adora uma aventura, já que depois de tudo que perdeu, sua única ambição é entender a mente humana o máximo possível... Mesmo assim, tem seus próprios medos... Entre eles o medo da Solidão e da Morte. Talvez por isso, ame e odeie tanto Helton. Pois graças a ele, já passou perto de conhecer a Morte algumas vezes, mas, por muitas vezes foi com ele que lhe fez esquecer a solidão.*

***

*Laura chegou no aeroporto às 20h. Gilbert já estava lá. A morena usava uma roupa parecida com a de ontem: Jeans, coturnos, regata e jaqueta... Não que o Ravnos repararia, mas a cor da regata era diferente, verde clara. Laura carregava uma mochila, com suas adagas e facas, roupas, perfume, e livros, muitos livros! Ao se aproximar, sorri como na noite anterior*
-Olá!

A viagem foi bem tranquila. Gilbert dormiu durante todo o vôo, babando e roncando furiosamente. Vampiros não respiram, portanto não roncam, mas este Ravnos sempre teve um pé na mortalidade. Como um morto-vivo mais vivo do que morto.

O México se provou um local maravilhosamente agradável. A alfândega, super tranquila. A cafetina que os recebeu, extremamente solícita. O país era como um gordo e agradável mexicano de braços abertos recebendo-os calorosamente. Até os cachorros, pasme, os receberam alegremente com uma espécie de ritual sadomasoquista.

Gilbert estava no banco de trás todo esparramado jogando seu velho Game Boy quando o carro travou. Bom, cedo ou tarde algo daria errado. É uma lei natural em sua vida, afinal. O motorista afirma que a ladeira íngreme e escura é um momento super ideal para isso acontecer, pois afinal o tranco fará o carro pegar. O otimismo do homem é tocante, e Gilbert torce para que ele não pense muito no que aconteceria caso o carro NÃO pegasse na ladeira.

Até que acontece o acidente. Gilbert é o primeiro a quebrar aquele terrível momento após a catástrofe, enquanto todos ainda estão processando o quanto eles não gostariam de estar ali.

- Cabron - ele fala casualmente, como quem avisa de uma curva à esquerda. - Acho que você matou um cara.

Para o Ravnos, as coisas não poderiam estar melhores. Perceba, todo Malandro tem uma Besta um pouco mais inteligente que as outras, ou ao menos é assim que eles gostam de colocar. Ela não é um animal que vive apenas de fome e medo. Não, a Besta Ravnos se alimenta de crimes. Cada um deles têm consigo uma tara irresistível por um crime específico. O de Gilbert, no caso, é particularmente perigoso... Assassinato. E, se ele convencer o homem a cometer atropelamento e fuga, serão ambos cúmplices de um crime delicioso. Ah, o México marcado por suas garras sujas...

- Ouça... - Ele se inclina para frente, falando ao pé do ouvido do motorista como uma cobra ardilosa. - Você não precisa parar aqui. Faça um favor à nós todos e continue seu caminho, nenhum de nós jamais vai comentar nada sobre isso. - Cúmplices. - Não há testemunhas à essa hora, e ele provavelmente está além de qualquer ajuda de qualquer forma. Vamos, nos poupe de mais um segundo nessa situação desgastante.

*Durante todo o tempo da viagem, Laura se perguntava o quão tudo isso era louco. Estava devendo dinheiro pra um cara, que ao invés de mandar de fato alguém atrás dela, resolve viajar com ela! Pior, seguir o destino dela! Ele não fazia idéia de seus planos e estava lá, junto dela. Não pensou por algum momento que esse poderia ser um plano? Uma isca? Emboscada? Ou ele era forte demais e se assegurava? Ai, ai... Bem, talvez Laura tivesse mesmo uma aparência de boa moça ou de... completa anormal, longe de causar riscos de fato... Talvez... Ela também não estava sendo tão normal em aceitar um estranho na sua viagem, nos seus planos de conhecer pessoas novas, de uma cidade nova... Sempre viajou sozinha e agora, estava lá! Ao lado de um bom mentiroso...*

*Não puxou muito assunto com seu companheiro, primeiro, pois ele não lhe dava espaço (ou dormia, ou jogava) segundo, pois ela mesma se entreteu com seus livros.  Estava lendo um de auto-ajuda: Mulheres Inteligentes são mulheres felizes – Augusto Curry. Quando, já cansada desse silêncio incomodo, pois nem sua conversa com o motorista vingou, a Toreador se preparava para puxar assunto com seu companheiro quando o carro morre.*

-Oh, droga! *Mas, essa frase foi repetida com mais fervor quando atropelaram o homem (nu!)*

-OH! DROGA! *Ela abre bem os olhos, tenta entender o que aconteceu, mas o Sr. Axton, que já havia entendido tudo age antes de qualquer ação. Ela o olha, sentada ao seu lado, observa sua forma de falar com o motorista, por sua vez, a morena franze o cenho. Era Esperta o suficiente para concordar que na atual situação seria o melhor a se fazer, mas, “bondosa” demais, para não comentar.*

-Mas era um homem nu! Quantos homens nu você costuma atropelar e ir embora? *olha o motorista* -Não tem nem curiosidade? *A resposta e ação dele seria totalmente indiferente para ela, só queria mesmo sentir o gosto de como a mente dele agiria: Fugiria ou seria curioso? Bondoso? Filantropo como ela?*