O labirinto do Hierophant (Crônica Livre)

O que o casal de Lasombras chamava de moradia era uma área da biblioteca que estava fechada a muito tempo.

Quando Asshura "atormenta" o sono de Tommas, o mesmo profere algumas palavras que aparentavam ser um já vou!, fazendo com que sua senhora o avisasse que o esperaria na mesma seção reservada da biblioteca. O jovem estudioso se ergue minutos após a saída da cainita, seguindo a um banheiro interditado da área fechada, lavando seu rosto diversas vezes; ele olhava para o espelho rachado ao meio e não via nada. Absolutamente nada!

E ele ri

- Tommas, Tommas. Você precisa se acostumar a essa nova existência. Urgentemente! - ele secava o rosto no papel toalha, jogando a massa ensopada no lixo intocável.

Realmente, o Lasombra não era tão velho nessa vida de cão, ou melhor dizendo, de cainita. Tommas não marcara a data de seu Abraço, afinal isso não é um dia em que você faça um bolo e acenda velinhas, mas ele sabia que ainda era muito novo naquilo.

Sendo assim, ele se serve de um bom e velho cigarrinho. O cheiro de erva se espalha por onde ele passava, até que ele chegou na área reservada da biblioteca, onde Asshura lhe esperava, sentada sobre a mesa. Ela nem espera o cumprimento dele, já lhe falando sobre a reunião que teria e que ele, como sua cria, deveria receber uma Malkavian que a procuraria.

- Uma Malkavian? - foi o que ele conseguiu falar, pois ela continuou.

No fim, Tommas sabia que uma tal de Alexia aparecia por ali e ele teria que recepcioná-la. Ele não sabia quando ela chegaria, por isso, após a saída de sua senhora ele pega um dos livros que tinha sobre a mesa e começa a folheá-lo, sem muito interesse. Ele sabia que era mais um livro antigo sobre as particularidades do Abismo, mas Tommas não estava com cabeça para captar a essência das palavras. Ele queria estar do lado de fora, caçando, "aproveitando" a neve da melhor maneira possível. Fazia tempo que sua existência era apenas estudo, estudo e estudo.

Entre os periódicos cigarrinhos de maconha, Tommas lia partes desconexas do livro, agoniado com a demora da Malkavian. Ele sabia que esses vampiros eram loucos, mas não sabia que eles demoravam tanto a chegar em seus compromissos. Até que, depois de quatro horas, a velha campainha da biblioteca toca e o Lasombra vai atendê-la. Quando abre a porta, ele não encontra muitas pessoas na rua, afinal os mortais tinham um certo receio da neve, e ele não sabia mais o porquê. Vendo que estava sozinho, ele fecha a porta, mas quando se vira tem uma surpresa:

- Quem é v... - Tommas praguejava quando percebe que aquela só poderia ser a tal de Alexia.

Mas não foi apenas aquilo que o fez gaguejar. Um calafrio passa por seu corpo, mas o Guardião não sabia dizer se era pelo fato de ver um corpo no chão da biblioteca ou pela presença fria que Blair emanava. De fato, aquela era a Príncipe da cidade a qual Tommas tinha visto tantas fotos. Ele fica estático por alguns instantes, voltando a falar depois, mas com certa dificuldade:

- Essa é a tal da Blair? - ele fala em murmúrios, como se as paredes tivessem ouvidos. E talvez tivessem.

Tommas acompanha a estranha dupla pelo caminho principal da biblioteca, realmente aquela era uma Malkavian, o que tornava o Lasombra um infeliz. "Eu devo rir ou apenas mostrar entendimento?", era a grande questão na mente do Guardião.

Alexa se acomoda em uma das mesas da área de leitura, colocando Blair sobre uma cadeira, de modo que ela parecesse uma marionete. Constantemente, Tommas balançava o corpo para afastar aquela sensação de frio que misteriosamente ele senti. Então, ela confere ao Estudioso o título de "capanga das torturas" e da boca dele um clássico "What?!" soa pelas paredes da biblioteca. A Malkaviana não mostra qualquer incômodo com sua atitude, continuando a falar.

As coisas iam ficando esquisitas a medida que o tempo passava. Pelo que Tommas conseguiu entender, Alexa estava numa espécie de plano e a parte de colocar a Príncipe de NYC em Torpor estava em andamento! Asshura parecia fazer parte desse planejamento todo e, agora, ele tinha sido metido no meio pela Filha da Lua.

Dessa forma, ao ver que a Malkavian perderia seu tempo em um jogo de celular, o Guardião o toma de suas mãos e encarando-a fala, de forma que não parecesse agressivo:

- Senhorita Bellini... é isso, estou certo? É Bellini, não é? Pois bem... - ele coloca o celular no canto da mesa, sem desviar seu olhar dos olhos dela -... eu sou apenas a cria da "senhorita Asshura", sem nenhum conhecimento sobre as atividades acerca dessa mulherzinha que faz todo mundo sentir frio. Então, peço que use de sua boa vontade e me explique direito o que queres, pois eu não tenho uma "mente Iluminada" como a sua!

Ele fora aumentando o ritmo da fala a medida que falava, até que no final do discurso bufava constantemente. Tinha ficado arisco com toda aquela situação, afinal sua senhora não lhe avisara que a visitara traria seus próprio convidados. "O que essa doida quer de mim?", era o que Tommas conseguia pensar, enquanto tentava tirar suas próprias conclusões acerca do Torpor de Blair.

O jovem Estudioso do Abismo observa, inerte, as palavras proferidas pela iluminada "senhorita Bellini". As primeiras palavras da Malkavian deixaram o Lasombra em alerta, afinal o tom dela tinha ficado levemente alterado, indicando que algo poderia acontecer. Mas o que acontece estava fora da ideias de Tommas.

Alexa aparenta falar com alguém atrás do Guardião, que, como ato reflexo, olha para atrás. Deserto e silencioso, a não ser pelo barulho de madeira se partindo vindo da Malkavian. Quando o Estudioso volta o olhar para mesma tem uma surpresa.

A dor encrustada em seu peito brota na forma de uma grande lasca de madeira. O jovem cainita não teve nem ao menos tempo de perceber que a lasca era proveniente da mesa onde a Malkavian sentara. Aquilo, com certeza o teria deixado mais aborrecido.

"Que merda essa mulher acha que está fazendo?! Invadindo o domínio alheio e atacando seus moradores..., a raiva consumia o coração do Lasombra, enquanto o mesmo escutava as palavras da Malkavian. Ele não conseguia mover nenhuma parte do seu corpo um milímetro sequer. Era a primeira vez que sentia a impotencia na forma de Torpor.

A voz da Malkavian se aproxima do corpo inerte de Tommas, se debruçando sobre ele enquanto fala, como se fosse uma prostituta gótica. Ela lhe fala no ouvido, antes de levantar, sempre falando sobre o tal estado.

E Alexa aparentava, realmente, conhecer as nuancias dele. Sua descrição deixa o Lasombra aflito. " Ela não teria coragem de me deixar assim? Ou teria?", pensava o Guardião a cada palavra da Malkavian. O teto, que ele tanto apreciava durante suas leituras, agora, lhe dava um sentimento de ânsia. Queria se livrar dele o mais rápido possível. Até que o demônio de outrora se tornara o anjo.

Alexa retira a lasca do peito do Lasombra, que pisca institivamente, sentindo o gosto de sangue em sua boca ao mesmo tempo em que seus movimentos voltavam. Quanto aos ferimentos, ele, imediatamente, toma providências:

-2 pds para curar o ferimento no peito.

O Guardião vai se levantando lentamente, apoiando primeiro as mãos no solo para depois se levantar. Tommas evitava olhar para o teto a todo custo. Olhava apenas para Alexa que o encarava bruscamente, fazendo com que ele assentisse em afirmação a pergunta dela.

Recuperado, ele responde:

- Enten... entendido, senhorita Bellini - ele vai até Blair, tentando-a levantar, mas não consegue - Não deseja seguir-me até aposentos mais dignos para a tarefa de "teto"?

O Lasombra faz uma reverência monárquica para a Malkavian, enquanto a tivava sua vitae.

- 1pds para aumentar a Força do Estudioso.

Com uma força mais adequada, o Lasombra arrasta a Príncipe de New York pelos corredores até a parte restrita da biblioteca. O refúgio de Asshura e Tommas tinha diversos "quartos" e o Lasombra a dentra a terceira porta a esquerda. O depósito de livros com defeitos. Todo livro que, por ventura, tivesse adquirido muitas orelhas ou que tinha sido altamente violentado por uma criança levada era levado para ali.

A sala cheirava a mofo. Quando entram, Tommas liga a pequena lâmpada que a sala possuía, a qual não iluminava quase nada. Então, ele joga Blair entre alguns livros e diz:

- Bem vindo a sala de livros inutililizados, Alexa. É uma sala um pouco triste para mim... - ele pega um livro empoeirado, soprando a poeira e o abrindo - Tanto conhecimento destruído!

Ele recoloca o livro no lugar encontrado, esperando que a Malkavian se pronunciasse. O Lasombra se mantinha a uma distância considerável de Alexa, afinal já tinha percebido que ela era imprevisível.
_____________________________________
Mind, quanto a regra do dano, acho que seria interessante implementá-la na crônica. E quanto ao ponto gasto em Força: Se Blair for relativamente leve para ele carregá-la sem gasto de sangue, ele não o faz.