O Ruir do Velho Mundo - A Sombra dos Anciões III

- Sim, pelo tanto que você já falou sobre essa foto, acredito que ela seja o que te move... alguns chamam de objeto de poder, eu chamo de prisão mental. - Ele levanta a mão, ainda de costas, de forma que Enoch veja o que há. A foto de sua filha está ali, sendo balançada pelo vento frio da noite. Ao notar do que se trara, o Malkaviano sente uma euforia tomar conta de si. Uma força interior que brota de seu ser. Ele quase não consegue se manter parado. - O que você fará se eu te devolver esse objeto? Vai atacar a todos aqui dentro? Tentará usar a Loucura contra nós? Correrá atrás da pessoa que te chamou para cá? - Ele sorri. Nesse instante Enoch consegue ver o fantasma de sua filha ao lado do Capitão. Ela está acenando para o Imortal, balançando os braços como se desse tchau. - E se eu pudesse te livrar dessa prisão? Você aceitaria? - Enoch está vidrado na foto, todos os seus músculos estão contraídos, pedindo para que ele corra até o objeto. A criança some...

Os gritos de dor preenchem o ambiente no momento em que Miles retira a estaca do coração do Membro. Ele mantém o objeto em mãos, enquanto se deleita com a situação por alguns segundos. O Lasombra não era sádico por natureza, no sentido estrito da palavra, porém estar no controle lhe dava certa satisfação e cada urro do Tremere era uma prova de que ele realmente estava. Os golpes iniciais foram um bom começo, um aperitivo do que podia vir em seguida. O próximo passo era colocar as cartas na mesa, fazer o interrogado saber que tudo iria seguir conforme a vontade do interrogador.

Miles, no entanto, nota algo fora do normal antes disso. Além do prego, que obviamente iria restringir os movimentos de fala do Tremere, algo mais estava fazendo a voz dele soar estranha. Isso levanta uma sobrancelha, a reação mais óbvia seria verificar do que se tratava, mas, mesmo assim, ainda havia a possibilidade de isso ser uma espécie de truque. Ao invés disso, o Lasombra decide continuar o interrogatório por mais alguns instantes e usar seus sentidos sobrenaturais para sondar a origem de uma forma menos convencional (Auspicios 1 - Sentidos Aguçados). Poderia ser pelo cheiro de um objeto estranho ou até pelo som emitido com mais detalhe.

- Parece que você entendeu errado sua situação. Não lhe é permitido fazer perguntas, apenas respondê-las. E esse é o seu primeiro e último aviso. Então já que você começou assim eu lhe retorno a pergunta. Quem é você?

A princípio, essa poderia parecer uma pergunta idiota dada a situação. Porém começar assim podia dar a Miles uma ideia do comportamento padrão do seu alvo para esse tipo de cenário. O próprio nome é algo automático para qualquer um, por isso é difícil mentir convincentemente quando não se espera. Mas também, além de todas essas coisas, algo como um instinto levantava uma dúvida dentro do Lasombra. Seria este realmente Peter, a cria de Hotgan?

A voz de Amino chega na mulher de uma forma diferente. Embora ela continue olhando para os lados, incomodada com a situação, a mulher parece mais solicita em responder aos questionamentos do Tzimisce.

- Entendo, senhor. Mas você não gostaria de entrar para conversarmos melhor na minha sala? - Ela da um sorriso torto para o Cainita. - Com tudo o que vem acontecendo na cidade, você há de convir que a quantidade de perguntas que foram feitas para o atendente deixaram não só ele, mas alguns clientes com a pulga atrás da orelha. - Ela faz um movimento com a mão indicando para que o Vampiro a siga. - Por favor, venha comigo que poderei te responder sobre a história deste restaurante. - Ela olha para os lados discretamente enquanto faz o moviento para Amino a seguir, buscando notar se os demais clientes tiveram alguma alteração no comportamento com a ação dela.

Enoch não sabe se olha para a assombração ou se fica focado na foto que balança na mão do Capitão do barco. Em um primeiro momento, o Malkaviano tenta falar mais calmo e sereno, mas a euforia de estar vendo seu objeto de poder voar da mão do capitão vai deixando a voz do Cainita cada vez mais acelerada, oscilando quase como um adolescente em formação da voz. Ainda olhando na direção do Malkaviano, o Capitão faz um movimento como se estivesse cansado, jogando os ombros para baixo, e fala:

- Você não respondeu minha primeira pergunta. O que voce fará assim que eu entregar essa foto? - Ele levanta a mão com a foto acima da cabeça. - Vamos ver... - Ele abre a mão e o objeto sai voando na direção do oceano.

Por um instante, Enoch vê uma sombra voando de cima do barco para a água.

Divido meu olhar para o Capitão e para a foto, com um semblante levemente irritadiço.
Agora sou um homem morto - Penso
-Eu acabei de responder sua pergunta, senhor. Por mais que o senhor não acredite, eu não pretendo fazer nada. Só queria seguir com minha não-vida, essa era a única lembrança de minha filha. Não terei forças para lutar contra o que quer que seja.

Os gritos de Peter ecoam pela sala. Enquanto o Lasombra aproveita os sons, o outro Vampiro pergunta quem ele é o que Miles quer dele. Durante essa fala, o Guardião percebe algo de estranho na voz do torturado, e foca seus sentidos em tentar reconhecer qual seria a fonte do som.

- Parece que você entendeu errado sua situação. Não lhe é permitido fazer perguntas, apenas respondê-las. E esse é o seu primeiro e último aviso. Então já que você começou assim eu lhe retorno a pergunta. Quem é você?

Miles faz uma pergunta ao Vampiro, que não responde em um primeiro momento... alguns segundos passam de completo silêncio, mas com a audição potencializada pelo Auspícios o Lasombra ouve algo que lembra um acúmulo de líquido na boca do vampiro, além de um odor de sangue que começa a se espalhar pela sala, embora ainda esteja bastante fraco.

- Como você pode fazer isso com um irmão, filho de Cain? - Durante a resposta do Cainita, Miles ouve um som estranho vindo da boca de Perter, como se algo estivesse se mexendo dentro da boca dele. - Eu sou Peter. Hotgan é meu criador. O que mais você quer de mim? - A voz do Tremere é quase chorosa, embora ele pareça estar forçando muito para manter-se firme.

A jovem Julliete da seu primeiro passo dentro da estrutura rígida dos Ventrue. Após passar por sua sabatina com seu Sire e mais alguns outros membros do clã em Los Angeles, a neófito segue o Arquiduque Petrucci ao andar inferior do LaCroix Tower onde há um
grande salão com decoração palaciana e muitos mortais. O som do tango se espalha, chegando aos seus ouvidos. Neste momento, a jovem Cainita sentiu o peso do que passou se dissipando, seus ombros estão mais soltos e o ritmo da música começa a fluir por seu corpo. Ela percebe que, ao chegar no topo da escada com seu Sire, o olhar dos mortais estava voltado para ela.

- Você foi muito bem. Agora a noite é sua, minha criança. Aproveite-a da melhor forma possível. - Diz Petrova. - Mas às três horas você deve estar novamente ao meu lado. Há mais alguns assuntos que precisamos discutir. - Ao fundo, Graham ouve o som de doze badaladas vindo de um grande relógio do outro lado do salão.

Miles estava certo em ser cuidadoso. Suas suspeitas sobre a identidade do Membro abrandavam-se, mas agora outras se intensificavam. O comentário sobre os Tremere que ele fizera à Bispo provava-se verdade mais uma vez. Ou pelo menos era o que ele imaginava. O momento de silêncio após a pergunta, o som vindo da garganta, o cheiro de sangue, tudo apontava para um ardiloso truque sendo preparado pelo Vampiro capturado. Peter era um Membro antigo afinal e não se poderia esperar menos dele. Porém ele não esperava que um astuto membro da Mão Negra estivesse no controle da situação.

As palavras de Peter saem chorosas, dignas de pena. Mas aos olhos do Lasombra isso era só uma distração, um ato feito para ganhar tempo. Ele não ia permitir tal coisa. Sem hesitar, Miles torna a fincar a estaca, mantida em mãos para o caso de algo do tipo ocorresse, de volta no peito do Vampiro. Podia investigar sem paralisar o prisioneiro, mas preferia não correr riscos desnecessários. Ele põe a mão sobre os olhos do Tremere, fechando-os.

- Você não é meu irmão. E eu quero tudo que você possa me dar. Tudo que você esconde.

Com um movimento brusco, Miles abre a mandíbula de Peter, o que deveria machucá-lo ainda mais devido ao prego, voltando-a levemente para cima na direção de um dos focos de iluminação. Ele dá um passo ao redor do corpo e, mantendo os seus sentidos sobrenaturais, procura olhar para dentro da cavidade, procurando a fonte do som estranho. Obviamente ele permanecia alerta, já que não tinha ideia do que podia ser aquilo.

Ao ouvir as palavras de Enoch, o Capitão da embarcação faz um movimento como se entediado. Ele deixa os ombros cairem, e na sua face, o Malkaviano percebe que o Vampiro ficou completamente desapontado com a reação de Enoch.

- Me disseram que você estava melhor... mas parece que você deixou a apatia tomar conta de você. - Um sorriso surge em seu rosto e, aos poucos, um véu parece estar caindo do Cainita, dando espaço para a face de alguém que o Malkaviano conhece a muito tempo. O Capitão do barco da lugar a Coleman, aquele que o introduziu ao mundo das trevas. Quem é quem? Será que realmente o Vampiro que transformou Enoch está agora na sua frente ou o Capitão conseguiu ler a mente do Malkaviano e moldava seu corpo para ficar com a face de Coleman? - Me mostre o quanto você ama a sua não-vida... fedelho. - São as últimas palavras que o Capitão/Coleman dizem antes de sumir e reaparecer nas costas de Enoch. O Vampiro mais velho mostra suas presas e as finca no pescoço do jovem Lunático.

Ao olhar para a mão esquerda do Capitão/Coleman, Enoch vê uma estaca aproximando-se de seu coração, enquanto o outro braço está apertando o corpo do Malkaviano contra o corpo do Capitão, em um abraço apertado que mantém Enoch preso.

Acima de sua cabeça, em uma distância que Enoch conseguiria alcançar se esticasse o braço, o Lunático vê uma gaivota voando com a foto de Amelia no bico.

Amino segue a dona do restaurante até a sala dela. No caminho, o Tzimisce observa a aura daqueles que estão nas mesas, bem como da mulher. Infelizmente, ele só consegue saber que todos ali são mortais. Assim, ele continua seu caminho com maior atenção... na área principal, ele descobre três câmeras de segurança, uma na direção da porta de entrada, outra na direção do caixa e uma terceira na direção do corredor pelo qual ele está passando agora, onde há duas portas de banheiro e, um pouco mais para o interior, a porta da sala da mulher e da cozinha do restaurante. Aparentemente o lugar não possui seguranças ou outros objetos que tenham tal função.

Os dois seguem caminhando até essa última sala. A mulher abre a porta e pede que Amino entre. Os dois sentam-se. A mulher atrás de uma mesa de madeira e Amino à sua frente. Não há muita coisa dentro da sala. Ela mesmo é bem pequena, talvez 4X4. Algumas prateleiras estão dispostas atrás da mulher com alguns livros, que parecem ser livros de contabilidade. Também há uma cristaleira da mesma madeira que foi feita a mesa no outro canto da sala, além de mais alguns outros objetos simples e que não chamam muito a atenção.

Após olhar o local com atenção, Amino se põe a declamar alguns versos. A mulher olhar para a face dele sem entender o que está acontecendo, mas logo o Demônio começa a questionar a mulher.

- Você disse que não é daqui.... bem tradicional na Europa é algo complicado de definir para alguém de fora. O prédio é antigo, mas como restaurante, não. Ele foi fundado por minha mãe a mais ou menos quarenta anos. - Ela não parece contente em ter que responder aos questionamentos de Amino. - Por que o interesse pelo restaurante, senhhor...? - Ela espera por uma resposta do Cainita. Em especial esse último questionamento é sobre seu nome.

Tento formar palavras ao ver Coleman à minha frente, mas elas morrem em minha garganta. Seria mesmo ele? Antes que eu busque em minha se a forma que a criatura a minha frente se dirigiu a mim condiz com o modo de falar do meu progenitor, sinto suas presas quebrando minha pele, após ele ter falado:

- Me mostre o quanto você ama a sua não-vida... fedelho.

Mas valeria a pena? Eu nunca pedi por isso. A não-vida apenas me trouxe solidão. Me deixava em meu limite. Se eu morresse ao menos eu estaria com Amy. Não...se eu fosse para morrer levaria o maldito do Coleman comigo.
Foi quando eu vi uma gaivota, logo ao meu alcance de meu braço. Tento pegar a foto, enquanto converso com Coleman, na tentativa de quebrar sua concentração
-Sabe, Coleman... a maior prova de que eu tenho amor pela "vida" é que eu consegui sobreviver até aqui sem sua ajuda...Além de que você me deve respostas, eu acredito que eu mereço isso
(Se for preciso divido meus dados aqui) Conseguindo ou não a foto, tento me desvencilhar do "abraço", tentando primeiramente afastar a estaca de meu peito.

Ela não gostava dos Estados Unidos, aquela mania de grandeza e o exagero do American Way of Life não tinha nada a ver com o charme do Velho Mundo. Mas como uma neófita no mundo das trevas, Juliette deveria se adaptar a qualquer lugar. E se a primeira parte do seu agoge fosse destinada a ser em Los Angeles, que seja. Não era como ela havia imaginado mas não havia nada a fazer. Pelo menos agora, a jovem Ventrue estava aliviada por não ter mais que ficar frente a frente aos antigos do seu clã. Por mais que ela estivesse confiante e muito preparada, ainda assim, um certo medo a arrebatava quando vira todas aquelas faces pálidas dos seus primos.

Enquanto caminhava em direção ao salão de baixo, seu Sire lhe dava um agrado, uma recompensa por ter sido brilhante na sabatina. Lady Graham olhava ao ambiente ao seu redor, do topo da escada ela reparava os mortais que enchiam o salão. Definitivamente, aquela era uma festa de luxo, não só pela música mas pela decoração do espaço e das vestimentas dos que ali estava. Ainda bem que ela estava vestida de maneira correta, com um vestido preto longo e um colar de diamantes reluzente que combinava com seus brincos, a neófita atraía a atenção de homens e de mulheres.

A cainita agora descia pelas escadas sozinha de maneira elegante, sentindo os olhares de muitos a seguirem. A Ventrue tinha três horas para se divertir um pouco com aqueles mortais, ela agora era a dama da noite e teria o poder de encantar qualquer um que ela quisesse. No entanto, uma dama é sempre uma dama, e Juliette ao chegar ao fim das escadas, pegava uma taça de champagne do garçom que passava. Sem dar nenhum gole, a Sangue-azul ia caçar, mas esperava ser tradicionalmente cortejada.

Beaumont recebe o objeto dado pelo pássaro e deixa um pouco de seu sangue para alimentar o animal como uma forma de agradecimento. A ave da umas bicadas no líquido e começa a mexer a cabeça para os lados, o que é bastante normal para qualquer ave de pequeno porte.

Com o papel nas mãos, o Ancião se permite passar um tempo avaliando as energias gravadas no objeto. Ao esfregar os dedos pelo papel e por cima da tinta, fleshes surgem na mente do Cainita. Dois homens de pele clara, mas marcada pelo sol, com cabelo curto e preto, olhos cor de mel surgem, as características físicas indicam que eles devem ser parentes. Um deles está abaixado, escrevendo no papel. Ao seu redor há objetos de carpintaria. Este, que parece ser o mais velho, entrega para o mais jovem a folha e este coloca o papel na perna da ave.

A mente de Beaumont retorna e ele vê que o pássaro estende a perna, como se pedindo ao Vampiro para colocar algo ali. Movimento semelhante àquele que foi feito quando o homem colocou a folha na perna da ave. O Malkaviano usa seu próprio sangue para escrever uma resposta aos dois membros do Filhos de Badb. Assim que o objeto é amarrado na perna da ave, ela retorna à casa.

O tempo vai passando, a obra vai seguindo no máximo. Sempre que algo novo acontece, Lucca e Filippo levam Beaumont até o local para mostrar os avanços que estão sendo feitos e quão rápido está tudo caminhando. O mosteiro envia um novo motorista para ficar à disposição de Geovanna. Mesmo que por pouco tempo, o Ancião está inserido dentro do contexto da vida na paróquia, com Antonnela e Filippo.

Beaumont não percebe, ou não se preocupa em um primeiro momento, mas durante este período o convívio com os dois irmãos trás pequenas lembranças de sua infância. Pequenos lapsos, com flashes de um passado remoto e quase esquecido pelo Vampiro... Essas imagens surgem e somem rapidamente, em especial quando ele está na presença dos dois irmãos. Antonnela está sempre cuidando do Sacerdote, com um amor quase maternal... A própria mulher já havia comentado com Beaumont que desistiu da própria vida para estar ao lado do irmão, cuidando dele e não permitindo que nada de mal possa acontecer.

No quarto dia após a primeira comunicação com os Filhos de Badb marceneiros, Beaumont está saindo do quarto-silencioso com Lucca e Filippo quando uma moto passa pela frente da igreja. O barulho da motocicleta chega a chamar a atenção do grupo, embora seja baixo, e o Vampiro reconhece o antigo motorista (que te levou do mosteiro até esta cidade), que ele havia liberado a poucos dias para ficar com a família.

- É o Demônio... só pode. - É o que o homem fenquanto passa, bem baixo, de forma que só Beaumont consegue ouvir.

Atrás do Ancião, Filippo está subindo as escadas quando tropeça nos degraus e cai no chão, bateindo a cabeça em uma pedra. Antonnela vê da porta isso acontecer e grita desesperadamente enquanto corre na direção do Padre.

- Filippo, Filippo. - Ela vem se aproximando. Contudo, o Sacerdote não responde. Ele parece desacordado. - Lucca, vá a casa do dottore Ricciardi, diga o que aconteceu. - Ela senta-se no chão e começa a acariciar a cabeça de Filippo, buscando por pontos de sangramento. - Irmã, por favor, pegue um pano e uma bacia com água, por favor. - Seus olhos estão molhados, da para perceber facilmente. Ela continua acariciando a cabeça do irmão, buscando reações do mesmo... E é neste momento que vem o estalo na mente do Malkaviano, um retorno à infância. As imagens ficam mais fortes, nítidas. A mulher no chão, sentada, cuidando do Sacerdote. A primeira lágrima surge, caindo na testa de Felippo... A mulher não é mais Antonnela, as roupas estão diferentes, mais antigas. O cenário ao redor não é mais a pequena igreja em Cocomaro di Cona.

Percebendo que há algo de errado com Peter, Miles se prepara para enfiar novamente a estaca no coração do Tremere e encontrar o que o Vampiro está tramando. O Lasombra apoia-se na cadeira e, com toda a sua força, empurra a estaca na direção do coração de Peter, mas acaba sendo impedido no meio do caminho. Ao mesmo tempo, ele descobre a trama do Feiticeiro.

Peter afasta sua cabeça um pouco para o lado, na direção contrária à mão de Miles. Sangue escorre de sua boca, encontrando parte da cadeira. Chamas surgem da mão do Feiticeiro, indo na direção o peito do Guardião, que havia ido um pouco mais para o lado para ter impulso. Esta cena é o suficiente para fazê-lo largar a estaca e girar para o lado antes que o fogo o acerte, mas não é o suficiente... todo o braço de Miles está agora em chamas.

A mulher ouve atentamente as palavras de Amino. Ao falar sobre o atendente, o Tzimisce percebe que a mulher faz uma cara deconfiada, mas que logo é substituida por algo mais neutro, atento ao que o Vampiro tem a dizer. Assim que o Cainita termina, ela passa alguns segundos olhando fixamente para um ponto nas costas de Amino, como se perdida em seus próprios pensamentos, até que começa a responder:

- Então você vem de Aberdeen... Faz muito tempo que você chegou à Edimburgo? - Ela espera um pouco por uma resposta e recomeça. - Está procurando um lugar para fazer uma comemoração? Quantas pessoas seriam convidadas? Como você pode ver, não temos um ambiente fechado, só as mesas que ficam na calçada e algumas outras na entrada. Então não sei se poderíamos ser o que você está procurando. - Mais uma vez ela deixa um silêncio no ar, mas antes que Amino possa responder algo, ela continua. - E qual o problema do nosso atendente? Ele está conosco a alguns anos, eu conheci a mãe dele.

Enoch sente as presas do Capitão/Cooleman fincadas em seu pescoço e o sangue começando a ser drenado de seu corpo. Em um primeiro momento, o Malkaviano sente a dor de ter sua pele perfurada e seu vitae sendo retirado, mas esse sentimento logo da lugar a um certo grau de prazer. Mas um som chama a sua atenção, algo como o bater de asas. Enoch olha para cima e vê uma gaivota voando com a foto de Amy no bico. Isso chama a atenção do Cainita, que estica o braço como último esforço e consegue puxar a foto. Com o objeto em mãos, ele sente sua vitalidade voltar... Então, Enoch empurra o braço do outro Vampiro para longe de si, afastando a estaca de seu coração.

Contudo, o Capitão/Cooleman ainda está com as presas fincadas em seu pescoço. A gaivota voa para a borda do barco e fica lá, observando os acontecimentos.

Como imaginava, o Feiticeiro tinha um truque na manga e usa-o antes que Miles possa acertá-lo com a estaca. O Lasombra é rápido para notar a reação, mas não o suficiente para se livrar das chamas que vão de encontro ao seu corpo. Felizmente ele foi capaz de evitar um ataque direto, mas seu braço é acertado ao invés disso. Ele grunhe com o fogo queimando a sua pele e, instantaneamente, suprime os seus sentidos aguçados a fim de não ser sobrecarregado com tantos estímulos sensoriais. As lembranças da guerra e de seu rosto chamuscado surgem de súbito e a raiva desperta dentro de si, mas o Guardião não a deixa crescer demais para não nublar seus pensamentos.

Haviam duas coisas a se considerar naquele momento. A primeira era como Peter invocava seus poderes. Certamente o sangue da sua boca tinha alguma relação. Sua reserva de Vitae com certeza estava baixa, então de onde ele tirava  o sustento para tal poder. E a segunda era como as chamas funcionavam. Antes de ser atingido, Miles as viu saindo da mão do Feiticeiro, então sua restrição não era suficiente. Ele foi focado o bastante para se concentrar mesmo numa situação tão adversa, então o que o limitava eram seus sentidos.

Dando alguns passos após o giro do impacto, o Lasombra tenta se posicionar às costas da cadeira. Por ora, Peter ainda se mantinha preso, então ele não podia atacar o que não podia ver. Miles invoca o Poder do Sangue para se tornar mais ágil (Rapidez 2) e tentar terminar rapidamente com a ameaça. Ele faz um movimento rápido para pegar a estaca novamente e, mantendo-se longe da visão de Peter, ele vai para o empalamento, dessa vez pelas costas do inimigo. Tentava fazer isso antes que o Tremere tivesse a chance de fazer outra coisa e aproveitando a restrição dele, tornando-o um alvo parado. As chamas ainda eram um problema, claro, mas o Guardião priorizava a maior ameaça, ignorando-as até poder apagá-las totalmente (FV se necessário).

Ter a foto novamente me traz um conforto quase imediato, me traz mais sentido em continuar lutando, apesar de me sentir exausto. Ainda sentido as presas de Coleman fincadas em meu pescoço, luto para não me entregar ao Abraço (gastando um ponto de FV), após isso tento me desvencilhar de meu progenitor.

O jeito que vou me esquivar é dando uma cotovelada bem naquele espaço entre as costelas, sabe?

Julliete desce as escadas, soberba. O início do seu agoge foi impecável, agora o seu Sire a liberta para saboriar o doce estilo de vida dos Ventrue. No salão, as pessoas estão dispostas, algumas conversando, outras só bebendo e olhando para os que estão ao redor, algumas poucas aproveitam a música para dançar. Enquanto caminha, a Ventrue observa a todos, de ponta a ponta. A música continua a tocar. Inebriante para aqueles que gostam do estilo.

Quanto mais próximo do chão Julliete está, mais ela nota os olhares e a movimentação de pessoas ao seu encontro. Assim que a Sangue Azul toca no chão, ela pega uma bebida. Seu olhar encontra com o de um homem que vinha com duas taças nas mãos quando a Ventrue pega a sua, e ele recua. Mas duas pessoas parecem não recuar. A primeira a chegar é uma mulher ruiva, jovem, olhos azuis, em um vestido vermelho escuro. Em seus olhos a Cainita vê desejo, sua voz é suave, doce, convidativa. A mulher fala um cumprimento inicial, sorrindo. Logo em seguida um homem negro, careca, olhos castanho escuro, trajando terno, se aproxima e saúda as duas.