Deus está morto, e você também seu idiota.

PABLO

Gabrial sente o peso de se concentrar para manter as sombras ofuscando o sistema de interno de vigilância, o dispêndio de sangue é notório, ele começa a sentir os efeitos da fome, de forma mais física, o aspecto psicológico, que diga se de passagem é mais forte, ainda não manisfestou a besta ainda não se tocou que podia sair para passear, e fazer uma festa regada a sangue e tripas daquele mortal.

Ah a Máscara.


Dores de cabeça, fraqueza, dor nos olhos, dor nas juntas, que efeito desprezivel, que coisa mais secular para um vampiro sentir, aquilo o deixava muito perto do lado humano, aquela cidade, aquela existência suspensa na mentira contada a senhorita Kyle. 


- Nós encontramos o corpo, dentro de um carro, ele foi alvejado a distância, em seguida queimado, tentaram incendiar o veículo, porém o sistema de injeção do carro impediu o incêndio, e nós encontramos esses documentos com a vitima, todos remetem a você. Dispara de forma rápida o Xerife, ele teve sua vontade dobrada pela supremacia cainita do Lasombra, sua mente foi facilmente ludibriada, comandada.


A fome começa a se aproximar da superfície, a besta começa a se debater na jaula, e de repente começa a se tocar que aquela gaiola dourada estava aberta, Capra viu seus poderes começarem a perder força diante o sentido de preservação, se gastar mais sangue, irá sucumbir a fome vermelha e as coisas sairão definitivamente do seu controle.

A porta se abre, entra uma mulher com uniforme da policia loca, e fala alguma coisa no ouvido do Xerife.

Em seguida sai.

- O senhor conhece Michael Santini? Indaga o Xerife com ar de preocupação.

Ela é perigosa. Te faz sentir o horror da existência, a noite sem fim, o controle da maldição sobre sua alma, o sucumbir da mente. Ah!! a besta. Sempre encontrando uma maneira de lhe tirar as vontades ou te fazer querer se render a elas. Nunca se sabe qual sensação é pior.

Ele tinha que pensar rápido. Não poderia ficar muito tempo naquela sala.

- Santini é um investigador e meu amigo. Algo aconteceu a ele?

Ah!!! Como é bom poder dizer a verdade algumas vezes, ainda que não por completo. Esperaria pelas notícias sobre Mike, mas não pretendia prolongar sua estadia naquele departamento.

- Espero que não se incomode com minha saída repentina e quero muito que o senhor me mantenha informado com qualquer nova informação a respeito de ambos os casos, mas deixe-me ir agora, eu não sou culpado. - Diz esperando ser obedecido pela autoridade humana(dominação 2).

Ele espera poder acalmar a besta antes que outros empecilhos lhe atormentem. A fome é uma aliada voraz de seu inimigo.

Sangue Real, a Beleza de Sophia Mountbatten.



Era noite de Saint Patrick, o padroeiro irlandês. E uma das festas mais movimentadas de Nova Iorque, movimentado todo o epicentro da Big Apple, tomando as ruas da Broadway, Wall Street até a 5ª Avenida, a noite parecia um tanto quanto movimentada, com grupos inundando as ruas da cidade, caminhando em comemoração ou em protesto.
Os bares estavam abarrotados com pessoas experimentando os festivais de cerveja, a cidade era uma grande festa.

Do outro lado na Little Italy um festival de Rock acontecia, Sophia podia de dentro da Limousine ouvir os sons, os gritos de alegria e  comemoração, naquela noite a despeito de toda essa movimentação ela estava incrivelmente entediada, os " Outros" haviam dito sobre o tédio que se abate na natureza da existência cainita, era tão terrível quanto a Besta vampirica.
O que é  a besta?  A besta é a manifestação interna dos desejos mais sombrios comum a todos os vampiros, e essas manifestações podem se tornar externas, quando o grau de controle que o vampiro tem sobre si e seus desejos diminuem, atos terríveis já foram atribuídos a vampiros dominados pela Besta Interior, no clã das Rosas um traço bestial se coloca em dois fatores, o primeiro é a forma social selvagem a qual o clã se organiza, por mais sociáveis, educados, requintados e glamourosos, o clã está fadado a degeneração moral e artística.


- Nosso clã está fadado a ser uma casca bem esculpida externamente, mas como todos os outros, algo grosseiro interiormente minha doce Sophia. Pondera de forma cruel Augustus o Degenerado que serve como Hárpia para a Príncipe de Nova Iorque.

Augustus era incrivelmente culto, sua compreensão sobre metafisica vampírica que poderia encontrar o ponto arquimediano dos mortos, mas era tão grotesco quanto um Nosferatu ou tão feral quanto os infames Gangrel.

Certa vez ele levou uma dupla de cainitas ao suicídio, depois de uma soirré no Elisio.


Esses pensamentos deixam Sophia doente.

- Pobres mortais, quá tolos são eles, presos a crenças tão limitadas, porém sinto inveja deles, um gole de cerveja e esquecem toda a dor, eu bebo rios de sangue  sigo amaldiçoado, noite pós noite. Reflete Augustus tirando um fio de cabelo imaginário de seu terno azul brilhante.

Dentro da Limosine estavam Sophia, Cristian, Augustus na janela, e Malazar o sombrio conselheiro da Príncipe Elizabetha de Nova Iorque.

Estravam indo para uma peça audaciosa, organizada por um mortal  que foi um ator de renome dos anos oitenta, mas agora era apenas um fisco nas artes cênicas.


No caminho enquanto observavam as ruas lotadas de mortais dado o feriado irlandês, discutiam a natureza vampírica, exceto por Malazar que  permanecia em silêncio, Sophia já o havia visto duas vezes, em sua apresentação, e no Elísio da Semana passada, em ambas as ocasiões o Toreador Salazar era silencioso, sombrio e emitia uma aura de pavor a todos os cainitas, exceto para Augustus a quem era um firme opositor no conceito de estética e da natureza da morte, embora ele não discursasse tempo o suficiente para formalizar sua opnião dialética.

Cristian: Eu penso na nossa natureza como algo natural, claro, longe do escopo da natureza no sentido restrito, mas natural dentro da realidade que nós tingimos, isso é uma benção, uma revelação artistica suprema, creme de la creme, olhem para Sophia, mesmo diante da tragédia que é sua existência, ela revela a beleza contida na nossa raça.

Augustus Você parece uma criança falando Cris, acho muito raso esses discurso, o que você acha Sra. Mountbatten?

Malika De Los Anjos, Profetiza da morte dos Mortos.


Então na profunda escuridão da noite ele viu os sinais, viu que um homem forte, um guerreiro estava solitário, ele foi traído, cercado e destruído por seus pares, as presas cravaram fundo na jugular daquele morto vivo, seu sangue sugado e ele foi entregue em cinzas.

Do pó ao pó.Sussurrou Malika enquanto abria os olhos, ela transpirava sangue, sangue vertia de suas mãos, mas não havia feridas.


Ela havia tido outro pesadelo, eles agora configuram em um padrão aterrador, sempre com a morte final de alguém, ao lado do seu local de repouso, um simbolo.


Ela primeiro viu a imagem como ela era, depois a realidade tratou de se refazer, revelando que nada mais era que uma marca de sangue feita pelas feridas da jovem filha de Malkav.

Ela desperta outra vez dos braços frios da morte diurna, se ergue para a morte andante.

Então parte rumo  a noite, ela estava observando um culto itinerante que resolveu se estabelecer na cidade liderados pelo pregador Davi Damien, eles falavam de visões gnosticistas, simbologia e tinha uma forte influência messiânica, e alegavam ter a lança de Cristo, aquela que abriu o ventre do filho de Deus. Os fiéis noite pós noite aumentavam, especialmente de prostitutas, mendigos, e outros párias sociais. Eles sempre serviam comida, o que aumentavam sensivelmente os seguidores.

A reunião essa noite estava sendo em River Parkside, na ala oeste do Central Park, os pesadelos com vampiros sendo destruídos a perturbava profundamente.

O pastor era um homem velho, negro, cabelos e barba branca, usava trapos que podiam ser confundidos com roupas, ele gritava sobre salvação divina, que a morte iria redimir os pecados, que o sangue iria lavar o terror.

Ele no entanto em certo momento brada.

- E aqueles que tem o sangue de Caim entre nós que se revelem.....


Aquilo acertou Malika como um soco no estômago, aquela revelação, ele sabe, mas como ele pode saber.

De repente uma jovem de jeans, cabelos curtos jaqueta de couro se aproxima do pregador, e se ajoelha.

- Eu sou do sangue de Caim.

Você realmente acredita nisso cara?



Diz uma voz interna para Capra, diante da sentença.

- Mike é meu amigo.

Que amigo, ele é seu escravo de sangue, presenteado por Marcus Vitel, ex Príncipe de D.C, foi moeda de troca em uma transação esclusa, dado como uma coisa, não como pessoa. Aquilo pertuba Capra, porém a urgência da inanição o devolve a seu ponto de desequilíbrio imortal.

Corra, fome...


Ele dobra a vontade do policial.

- Mike Santini deu entrada no Hospital Estadual da Califórnia, em San Jose, sofreu um acidente de carro. Diz o policial.

Ah o cheiro de sangue perfura as narinas de Capra, sua boca se enche de saliva, ele olha a jugular do policial que lhe parece apetitosa por demais.

- Claro, pode ir ver seu amigo. Assim se despede o policial, o Xerife de Napa Valey.

Capra sai cambaleante do departamento de policia, entra no seu carro, a Besta urra no seu interior pela vontade de consumir sangue, uma fúria interna começa a emergir, então ele parte em busca de algo para lhe aplacar a fome.

A conversa se torna acirrada, embora todos ali presentes sabem que perder a compostura irá vir acompanhada de uma descida nas panelinhas da cidade, afinal Augustus é um Hárpia, ele não deixaria passar aqui em blanch.

Chris: A beleza é mais que puramente algo 1que possamos admirar, até mesmo no horror de nossa existência existe beleza, discordo do ideal Platônico de beleza, restrita ao mundo insensível, prefiro outro ideal, Já Aristóteles, diferentemente de Platão, acredita que o belo seja inerente ao homem, afinal, a arte é uma criação particularmente humana e, como tal, não pode estar num mundo apartado daquilo que é sensível ao homem. A beleza de uma obra de arte é assim atribuída por critérios tais como proposição, simetria e ordenação, tudo em sua justa medida.Logo até mesmo no momento em que ceifamos uma vida humana, existe beleza naquela tragédia.

Augustus: Certa vez Hume disse Quem nunca teve a oportunidade de comparar os diversos tipos de beleza, indubitavelmente se encontra completamente incapacitado de dar opinião a respeito de qualquer objeto que lhe seja apresentado. Só através da comparação podemos determinar os epítetos da aprovação ou da censura, aprendendo a discernir sobre o devido grau de cada um, beleza senhores existe mediante um ideal externo, maior, maior que eu ou qualquer um de nós, maior quem sabe que a fundadora de nosso clã, provém de uma força divina, e depende dessa força para existir, se não haverá apenas vulgaridades, isso nós podemos ver nos Blefadores de nosso clã....

Salazar: Nós estamos condenados, eu só vejo morte, cada passo que damos na escuridão é morte, cada gole de sangue é morte, a morte e destruição nos persegue desde que o primeiro matou seu irmão por amor a Deus, se Deus construiu um ideal do belo, deixou para si, e quem sabe escondeu nesse mundo insensível de Aristoteles, aqui só há morte e destruição, olha vejam, chegamos Diz o sombrio conselheiro Toreador.

Augustus:Sua visão meu caro, é por demais impregnada pela dor de suas perdas, os séculos de existência cainita o deixaram duro demais, e falando assim vai assustar a criança da noite. Não fique assim Sophia, eu ouço essa dialética niilista do Salazar desde quando os reis perderam suas cabeças guilhotinados.

Eu sentia... Os ventos sussurravam sob tênues nuances o que há de vir, meu corpo sentia, sangrava pelos pecados de outrem, eu sabia... Apenas ainda não entendia.

A morte tem me visitado constantemente, é como se eu ainda não tivesse entrado em sua casa, mal sabia ela que eu sou sua mais jovem inquilina... Tenho medo, oro pelas almas perdidas, mesmo sem saber se tens alma, mas oro por cada um deles, e sangro pela vossa salvação.

O Sinal... Os olhos da mente conseguiam enxergar, e na mente ele ficava, soldado como ferro, entranhado entre os devaneios de uma mente lúcida o suficiente para decifrá-lo sem maiores esforços... Eu o via, logo era real.

Nos mortos haviam rostos, tentava me lembrar de todos, os acontecimentos recentes, a crise na Camarilla, as mortes, os sonhos, todos os elos estavam partidos, mas eram elos da mesma corrente, a benção da imortalidade havia me dado um propósito, persigo esse propósito toda noite... Mas que propósito era esse? Rogar por alma de imortais amaldiçoados? Procurar os verdadeiros sinais da Gehenna? Ou simplesmente empanturrar-me de sangue e entregar aos mais vis dos desejos?

Eu estava perdida, a novidade de uma não-vida me deixavam dúvidas e anseios, procurava pela ajuda divina, com a velha calça jeans surrada, uma regata branca simples, e um moletom para disfarçar o frio eu partia para o River Parkside, venho acompanhando há um tempo este culto, sempre é bom ouvir o que os messias de rua tem a dizer, os rumores do pregador Davi possuir alguns itens e algumas perícias singulares me intriga, mas o que nos une é a fé mútua.

O Lenço vermelho que carregava no bolso conseguia limpar-me do flagelo santificado sem deixar pistas, Carmem havia me dado essa dica, e enquanto limpava-me discretamente, a brisa gélida que emanava do rio, traziam palavras... Palavras contundentes, frias como a brisa capaz de gelar minha espinha e amedrontar minha razão.

- E aqueles que têm o sangue de Caim entre nós que se revelem...

Como assim? Ele sabe da gente? Sabe o que somos? Mas é impossível, Carmem havia me dito que apenas nós sabemos sobre nós... Ou os que nos caçam. Neste instante a vontade de correr, fugir e deixar aquele culto para trás me açoitava, talvez eu fizesse de forma discreta ou eu daria muita bandeira... Ficarei só mais 2 minutos, então, sumirei nas sombras da noite.

- Eu sou do sangue de Caim.

Temi pela alma da garota, ela não poderia revelar-se desta maneira, talvez fosse mais uma mal instruída, uma Caitiff sem nada a perder, rogava pela alma dela enquanto planejava minha fuga, mas meus anseios queriam ver o que o Pregador pretendia, meu medo lutava com minha curiosidade e meus sentidos prezavam pela sobrevivência.

Talvez pudesse esperar o desfeche entre Davi e a "Caitiff", minha mente tentava revelar o que os olhos mortais não podem enxergar *, enquanto minha desconfiança fazia reparar nos demais ali presentes, temendo ser descoberta... Afinal, a máscara que nos protege é um véu que não pode ser rompido.

*Auspício 2, em Davi e na Garota.

Droga de não-vida. Em um momento você se delicia com a euforia da imortalidade. Alguns anos mais e já se pergunta até que ponto vale a pena. Manter a consciência tem sido cada vez mais difícil.

O velho padre pensa nas vezes em que busca se alimentar e mais ainda nas que se recusa. Como tem sido difícil resistir ao chamado da fome. Aquela situação mostra bem este contraste. Não fossem as câmeras e o caos que se seguiria poderia ter se alimentado no departamento de polícia.  Lembra-se também da dificuldade que teria em conseguir uma presa em local que não pudesse ser descoberto. A maldição talvez tenha sido severa demais com ele. Procuraria um lugar discreto, talvez ficasse a espreita por alguma viela de pouco movimento ou buscasse nas casas isoladas do local. Estas poderiam ser a suas melhores chances neste momento.

MALIKA.

A aura da "Caitiff" se revela em tons pálidos, tão característicos aos Membros, nuances azulados denotavam tristeza naquela alma amaldiçoada, ela se ajoelha perante o pregador, que berra sua litania religiosa apocalíptica.

- então somos todos filhos de Deus. todos cria de Demiurge, ele enviou a Mãe Sombria para redimir nossos pecados.

A pregação caminha para uma trilha escatológica, falando sobre redenção através de uma figura messiânica, intitulada de a Mãe Sombria.

- Revelem vocês portadores da semente. Brada Davi.

Malika, percebe algumas figuras se desvencilhando da multidão, ele percebe que são cainitas temerosos de Quebrar a Máscara.
O Pregador fala algo no ouvido da jovem Caitiff.

Ela olha na multidão a aponta para um homem de sobretudo pardo, cabelos despenteados, óculos de grau e tênis all Star surrado.

- Se aproxime, eu sei que és vos um filho de Caim e herdeiro de Lilith, não temas aqui estamos seguros da fúria de vossos anciões. Argumenta Davi não convencendo muito a figura de tênis que começa a se afastar da multidão, a jovem corre na direção dele, entrando na sua frente, ele parece estar hipnotizado, e vai em direção ao pregador.

Em seguida se aproxima de Malika.

- Não precisa se esconder, aqui seremos verdadeiramente livres. Diz ela parecendo muito atrativa aos olhos de Malika.

- A Pressa é um traço dessa geração. Diz Salazar se referindo ao comentário da jovem Sophia.

Eles continuam a discutir em volta da essência da Estética, da natureza vampírica e de política local, Sophia fica por alguns instantes presa nas lembranças de seu abraço, um momento doloroso nas mãos de Chris, da violência sexual e psicológica, aquilo a tortura sua alma imortal.

- Sophia. Diz Cris trazendo a Neófita Toreador para a realidade, ela chega em frente ao Cosmopolitan Gran Theatre no coração da Broadway, fortemente iluminada e com ruas abarratodas, embora a vibração dos gritos da massa mortal se tornaram menos vibrantes, e um tom cinza acoberte a luminosidade, talvez seja pelo céu nublado, a multidão começa a apressar sua caminhada na medida que um fina garoa começa a cair no horizonte sombrio da Broadway.

A Porta se abre revelando um homem loiro usando fraque e cartola, com um guarda chuva ela saúda Cris o primeiro a descer do carro, em seguida Sophia e convidada a descer quando Cris lhe dá o braço como um Cavaleiro.
Augustus desce em seguida levantando a gola do casaco, Salazar vem em seguida, seu rosto se contorce com uma repulsa que deixa Sophia perplexa, será que aquele ancião, abraçado a séculos atrás tem asco da existência mortal, do convívio com o Rebanho?

A confraria de imortais seguem para o grande Teatro, que está cheio com a alta sociedade Nova Iorquina, assim como outros luminares da Camarilla local, Salazar se desvencilha do grupo e vai conversar com um homem usando Smoking, um esbelto loiro, alto com cabelos cumpridos, Sophia sabe que ele é um Cainita de alta Hierarquia que aparentemente representa o clã Ventrue na Primigênie.

Cris, Augustus e Sophia seguem para seus assentos na primeira fileira, se acomodam confortavelmente diante um palco imerso nas trevas, na medida que as pessoas chegam ao teatro que vai lotando suas 600 poltronas.

O Teatro é antigo, com detalhes do século XIX, cortinas brancas, lírios em mezaninos nos cantos, tapete vermelho sangue com estátuas de anjos em colunas laterais.
Uma voz feminina inunda o lugar em uma bela opera que Sophia reconhece ser Requien de Verdi, porém intepreada por uma Bella Donna o que deu um tom pouco tradicional, Augustus odiou aquela abertura.
Achou Vulgar demais.

- Verdi deve estar se remexendo no seu caixão. Diz ele a Cris e a Sophia, nesse momento O sombrio Salazar toma seu lugar, a direita de Augustus, Cris está a Esquerda de Salazar, Sophia do lado de Seu Sire.

A opera se encerra, as luzes se apagam e a peça teatral Deus Está Morto e Você também se inicia.

Por cinquenta minutos ela entretêm os convidados em sua premiere, e choca a comunidade cainita.

A peça trata especialmente sobre o Niliismo de nietzsche, a implosão de crenças metafisicas da existência, e mistura perigosamente com cultura Cainita, falando da maldição de Caim, a Rosa aparece em várias cenas, representando o segredo, Sophia identifica como a Máscara.

Ao Final Salazar olha furioso para Cris, fulmina Sophia juntamente.

- Vocês perderam o Juízo? Quando isso aconteceu que eu não percebi, mas..mas ... Augustus intervém:
Aqui não, vamos embora, estamos em Perigo. Em seguida o grupo sai, Sophia fica sem entender, até que percebe dois vampiros de sobretudo perseguindo a Confraria.

Pablo.

Ele caminha até uma Viela, a cidade está dormindo o grande sono, não percebe que um fera vaga pela calada da noite, ele entra em um beco escuro, lembra um gueto europeu, pedras e uma ponte debaixo de um parque.

E lá fica em silêncio, a fome rasga suas entranhas, dilacera sua vontade, ele treme de fome, a fraqueza o faz ficar sentado no chão como um viciado, e fica ali, solitário, nas sombras, com fome e com dor, até que houve risadas, e seu sentido de predador aquece a vontade, uma chama interna se acende, a besta se bate nas jaulas da grade chamada força de Vontade.

Ele vence a Besta, mas a fome o domina.

Ele vê um casal, uma mulher com vestido preto acompanhada de um homem com casaco pesado e jeans, eles se beijam e sorriem, a Fome grita, Capra está para perder o controle.

Minha mente via o que os olhos não enxengava, uma aura tão pálida quanto seu semblante, a tristeza estava levando aquela garota á medidas desesperadas? Ou o Desespero a levava a tristes escolhas?

Indubitávelmente, ela era uma filha de Caim.
Mas e Davi? Aquele ardor faiscante remetia ao brilho do poente, chegava a irritar os olhos da mente, este sujeito começava a me amedrontar ainda mais, não só a mim mas também a uma porção de gente... vejam eles se distanciando da multidão e sumindo nos horizontes paralelos, Realmente eles estão corretos, não devemos brincar com tal coisa.

Mãe Sombria... Porque essa Messias era tão imponente para o pregador Davi? Seria ela uma figura da libertinagem vil e pecaminosa? Ou uma Propagadora da Gehenna?  Ou até mesmo a verdadeira salvadora, mártir dos inocentes e rogadora dos amaldiçoados?

A libertação pode ter várias vertentes, a fé nos cega mas no fim sempre a morte é a avassaladora das correntes dos pecados, mas não creio nessa verdade, podemos nos redimir com nosso mundo e purificá-lo das ações que gangrenam-o. Por isso prezo por minha não-vida e não permanecerei nem mais um instante nessa corja de herege.

- Se aproxime, eu sei que és vos um filho de Caim e herdeiro de Lilith, não temas aqui estamos seguros da fúria de vossos anciões.

Como ele pode ter tanta certeza? Deve possuir dons semelhantes aos meus? E como pode ter certeza quanto á segurança contra os anciões? Se bem me lembro o que Carmem havia me dito, nunca consiguimos esconder algo dos anciões neuróticos, não por muito tempo...

Meu corpo começava a destoar da multidão, mas meus anseios e meu juízo ainda tinham curiosidade, observava a garota abordando um rapaz que eles denominavam filho de Lilith, que aparentemente por via do sobrenatural ela lhe tomava as razões.

Sentia que minha hora chegaria, bastaria permanecer mais alguns segundo e seria descoberta... foi apenas o pensamento passar pela minha mente e a garota ja estava na minha face.

- Não precisa se esconder, aqui seremos verdadeiramente livres.

Foi inevitável, fui tomada pela curiosidade e agora não teria mais tempo de fuga sem alarde, fui descuidada e não sabia o que aconteceria naquela balburdia religiosa, minha orientação me mandava fugir, mas meu desejo de ficar e comtemplar o novo e compartilhar da fé me açoitava, era mais forte do que minhas vontade, o ato tornava-se mais convidativo quando o atrativo semblante da "caitiff" pairava sobre mim. Ela não sabia nada sobre mim, eu não me sentia presa de forma alguma, mas ao falar de liberdade com tanto esmero, me fazia repensar minha fuga...

-Não me escondo, muito menos sinto-me coagida... Apenas sigo os dogmas necessários para um bom convívio, isso inclui não me revelar a quem for indispensável, não confundam liberdade com libertinagem...

Falei de forma calma, em tom baixo para não chamar mais atenção dos demais, falava olhando no fundo dos olhos da garota, e de relance tentei sacar a reação de Davi.

-Vejo tristeza nos teus olhos, e posso te oferecer uma parcela de liberdade... avise ao Filho da Mãe sombria que inclino-me a ouvir-lhe e compreende-lo, mas não aqui e não publicamente...

Aquela reunião se segue com Davi se despedindo de todos e colhendo dinheiro dos fiéis ali presentes, em seguida ele caminha até a jovem e um outro homem negro com moletom da adidas e cabelo tipo rastafari preso, ambos ficam próximos de Malika.

- Então é você?!! Diz O velhote Davi.

- Sou o Pregador Bahari, Davi Humble, e é uma honra ter você conosco minha filha, agora venha conosco e lhe mostrarei um pouco da verdade por trás das mentiras que seus anciões te contaram. Diz o mortal de forma que impressiona os cainitas ali presentes.

Eles caminha até uma viela próximo ao parque, ali esperam próximo a uma quadra cercada de cortiços debaixo de um poste de luz pálida amarelo doentio.

- Sou Aliha. Um  dos filhos de Caim, estudioso da história da familia, servo de Hesha Huhadze dos Seguidores de Set. 

A pequena Caitiff se mostra mais segura, uma aura de confiança e mistério encobre a pequena desgarrada, ela conversa o tempo todo com Davi Humble como se já se conhecessem a muito tempo, e então Malika percebe o embuste, ela é uma isca, enviada para pescar almas.

- Venho perseguindo Davi desde A Machu Pichu. Continua Aliha.
- Ele é um sábio, fala muito da nossa origem e de outros povos, a Camarilla tentou o silenciar, o Sabá tentou o destruir diversas vezes. E você quem é?

- Alô. Diz uma voz preguiçosa do Adam do outro lado da linha enquanto Sophia corre com aquele Covern de Toreador.

O grupo chega no beco dos fundos do Teatro, Cris na frente, Sophia a seu lado, Salazar muito atrás e Augustus no meio do grupo, Sombras se projetam nas paredes e o som de um uivo se faz ouvir, um lobo acompanhando de uma mulher de jeans e imensas garras surgem na noite.

O Lobo se contorce e se metamorfosea em um homem loiro de quase dois metros de alturo com barba grosa e cabelos que lhe caem pelos ombros.

- Foi uma armadilha. Diz Salazar, o tempo todo foi uma armadilha para nos atacar, mas quem poderia ter feito isso indaga internamente Sophia.

- Não sou ligado ao altruísmo, mas acredito ser minha deixa, vão embora eu me viro com esses animais. Diz Salazar em um profundo tom sombrio.

- Vamos embora Soph. Diz Cris.  - Acredito que essa guerra não é nossa. Finaliza partindo indo em direção contrária ao grupo saltando sobre uma grade. 

-Alô. Berra a voz do outro telefone de Sophia Mountbatten.

-Sou a escolhida de Carmem... a quem procura a verdade, muitos vezes a vejo, mas é dificil de enxergar, me chamo Malika.

Estendia a mão em sentido de cumprimentar o velho misterioso, minha ansia ainda me açoitava, mas do que tinha medo? Da verdade? Ele parecia ja saber de tudo, saber sobre nós e nossos anciões e a Jyhad que nos consomem e invadem a genuidade de nossa existência, gostaria de saber o que ele teria a me dizer... então o seguia.

Seguia até um local menos público, o frio noturno abraçava meu rosto e a frieza da alma não se importava com o clima, apenas com as pessoas, a luz pálida do beco nada se comparava ao meu semblante, amedrontado pelo desconhecido.

Aliha, um Seguidor de Set se revelava á mim, nunca havia visto um vampiro desta linhagem, apenas ouvia rumores nos corredores das harpias, dizem não serem muitos confiáveis.

Minha desconfiança se concretizava quando eu avistava aquela garota cainita de conversa fiada com Davi, repleta de intimidade e confiança, ela não passava de uma isca, e esses cara gozavam de charlatanismo e desesperança do credo religioso dos mais fracos... A ira começava tomar aos poucos meu juízo, esta ira que agora era acompanhada de uma besta sedenta de sangue e violência gratuita, brinca com a fé de terceiros é algo baixo, impuro e inadimissível.

Venho perseguindo Davi desde A Machu Pichu. Continua Aliha.
- Ele é um sábio, fala muito da nossa origem e de outros povos, a Camarilla tentou o silenciar, o Sabá tentou o destruir diversas vezes. E você quem é?

-Fala muito sobre nossa origem... Mas será que fala a verdade? - Falava para Aliha enquanto Fitava de longe o velhote e a desgarrada.

-Sou Malika, Filha de Malkav... criança da noite, fui santificada com o dom da dúvida e da curiosidade, e meu credo me permite ver o que os olhos normais não enxergam. Foi essa dúvida e vontade de entender o que a mente me revela que me trouxe até vocês essa noite... Creio ter sido uma perda de tempo, trouxe dúvidas, e agora levo asco.

Me voltava para o caminho que retornava para meu refúgio, e me ameaçava a ir embora, ainda de costa completava.

-Um simples charlatão com dom de identificar vampiros vale uma peregrinação desde Machu Pichu? Minha fé, minha mente e minhas dúvidas se cansam rápido pra esse tipo de gente, se for apenas isso estou indo...

Uma nevoa fina assopra naquela rua abandonada, o som das arvores do central Park sendo açoitadas pelo se faz ouvir, os Davi o Pregador fica estático fitando o vazio enquanto O Seguidor de Set ouve atentamente a Jovem Malika, percebendo sua descrença ele reage.

- Não, não ele é um sábio que pode nos revelar coisas ocultas na Jyhad eterna. Diz ele coçando o queixo.

- Ele pode muito nos revelar, ele não é um charlatão, ele usa Awuir ( a Caitiff) porque é uma forma dele selecionar seus discipulos, e você cara Malika foi escolhida por ele, noite passada ele me disse de uma jovem que tinha o corpo de Cristo, e tinha as chagas dele que iria profetizar a morte dos antigos. E me parece que é você.

Ele sorri, nesse momento uma Van escura se aproxima do grupo para que eles embarquem.

- Vamos? Indaga O Setita para Malika.

Sophia pula a grade balanço e tilintando o metal que faz barulho na calada da noite, Cris e Sophia ganha o outro beco deixando para trás o ancião Toreador resolver aquele pendência antiga com os selvagens do outro clã cainita, deixa para trás apenas sombras chacoalhando e um uivo visceral que faz Sophia mergulhar em pânico.

- Corra. Brada Cris correndo na frente de sua prole soltando a gravata de seu terno.

- Eles caminham pelos becos aos arredores da 5ª Avenida, é possível ouvir os sons das gritarias e tiros de bombas de gás, a policia interveio naquela manifestação.


- Acho que aqui estamos seguros. Diz Cris sorrindo.

- Nossa quanto tempo, não me sinto tão vivo assim, é bom saber que existe coisas mais emocionantes que dedicar a não vida a realizações artistiscas. 

Aquilo irrita Sophia, ele colocou sua não vida e de outros apenas para se sentir vivo, aquilo era o cumulo do egoismo, Cris era Hedonista e narcisista, mas agora superou todo e qualquer limite.

Ele sabe o que precisa. O bom e precioso Vitae. A besta pede e ele não a deixará ainda mais sedenta.

Verifica o que consegue ao redor e não tendo mais ninguém por perto ataca suas presas. O terror que sente na proximidade da besta será transmitida às suas vítimas. Ele invoca seus dons de sangue para envolver seus alimento e ataca ferozmente em seguida.

A besta quando chama deve ter seus pedido atendidos. Você deve se tornar uma besta para evitar que ela se manifeste.

Eu sentia-me desconfortável, enquanto os ventos uivavam nas copas das arvores, meu sentidos rugiam dentro de mim.

Assim como a cobra que convencia Eva a comer o fruto proibido, Aliha tentava me induzir, a história se repetia... Uma cobra e uma tola curiosa, juntas novamente.

Eu fitava as chagas presentes em meu corpo, sempre quis respostas para isso, minha fé oriunda de minha criação e fortalecida pelos meus stigmas estava colocada á prova.

Assim que a van se aproximava meus devaneios cessam-se, era hora da decisão.

-É tentador ter a oportunidade de ter nossas dúvidas respondidas, a verdade pode construir e ruir impérios, fé e até mesmo vidas... vamos ver como o portador da verdade decifra a mentira e desvenda os mistérios.

Falava enquanto meu dedo indicador direito alisava minha palma da mão esquerda, espalhando o sangue dos stigmas, mas não de uma maneira aleatória, eu desenhava o que minha mente havia me revelado aquela noite, o sangue reproduzia o que a mente havia enxergado. Mirava então a imagem ao velhote charlatão e o indagava.


-Você enxerga?

Pessoal vou encerrar esse ciclo aqui.

Continuamos no próximo ciclo.