Vampiros - A Máscara
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Contos de Revolta

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Mensagem por Amaya Takenouchi Ter Dez 04, 2018 2:10 am

Montpellier, França, 4 de agosto de 1998.

Château de Flaugergues - Principal Elísio da Camarilla de Montpellier

Spoiler:

Relato de:

   Sophie de Limoges(?)

Ventrue(?)-   Camarilla(?)-   Harpia

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Boa noite.

Não tenha medo. Está seguro aqui. Todos estão mais seguros, aqui. Pode se sentar. Eu te ofereceria um pouco do sangue que tenho em meu estoque, mas infelizmente faz parte de... meu estoque pessoal. De qualquer forma, creio que o Príncipe já deve ter cuidado disso para você, através dos colaboradores de nossa seita.

Tenha orgulho de si mesmo. Não é sempre que um Caitiff como você é convidado para a Camarilla. E eu bem sei que... isso tudo deve ser novo para você. Não tenha medo, entretanto. Digamos que eu sou... encarregada de gerar uma certa virtu em você. Provavelmente, você não deve ter sido educado a isso, quando estava perdido no mundo e desesperado, sem ninguém para contar. Eu compreendo tudo isso.

Mas agora, você sabe exatamente o que é. E desta forma, não deve cometer erros. Serei a melhor pessoa para isto, entretanto. E como Ventrue, eu compreendo que certas coisas, você tem, ou você não tem. E não me leve a mal, mas a você, ainda falta bastante, no que se diz à pedigree. Mas acredito que outras coisas são possíveis de adquirir, como postura ou etiqueta. Vou te ajudar nestas coisas. O mínimo que precisa para não agir como mais um destes gangsters cainitas que assolam Montpellier.

Ah... sobre mim? Não sei se você deve saber tantas coisas, mas vou te dar o necessário.


Spoiler:

Meu nome é Sophie de Limoges. De Limoges não era o meu sobrenome mortal, porém, eu adquiri ao ser Abraçada pelo meu Senhor, Vincent de Limoges. Infelizmente, ele morreu, em um trágico encontro com uma maldita Ralé Anarquista. Mas tenho certeza que ela não entrará nesta cidade, ela é uma Anátema para nós. Não sou originalmente daqui. Sou de Nice, um pouco mais ao Sul da França. Entretanto, decidi me estabelecer neste local. Hoje, digamos que sou como uma das "Harpias" da Camarilla. Posso construir e destruir reputações. Adquiri um certo respeito por aqui, pela minha lealdade à seita.

Certo. Isso é tudo o que precisa saber sobre mim, por agora.

Uma coisa, tenho que admitir sobre você. Um mero mendigo de Los Angeles conseguindo sair do inferno que se tornou aquela cidade e vir para cá, sem falar uma palavra em francês... certamente, isso deve ter chamado a atenção de Michel. O nosso Príncipe também é um Sangue Azul. Convenci-o a trazer um perfil como o seu para a nossa causa. Creio que ele concordou. Posso reconhecer um talento bruto quando vejo um. Se jogar as cartas certas, alguém robusto como você, pode se tornar algoz, ou até mesmo Xerife. Não vou mentir para você, entretanto. Como Caitiff, você deverá fazer o dobro do trabalho para isso acontecer. Talvez o triplo.

Mas mesmo assim, todo trabalho pode ser diminuído, se, primeiramente, aliar-se com as pessoas certas. E nunca deixar de prestar favores a quem deve.

Sim, você deverá alguns favores a mim, já que de certa forma, eu te coloquei aqui dentro antes de você ser dizimado por um Algoz. Você não tem muita escolha, o que é um tanto melhor para mim. Mas não se preocupe, eu não vou te colocar em nenhuma missão suicida que o Príncipe certamente indicaria os Sem Clã. Você tem mais serventia para mim, vivo.

Mas não ouse falhar. Lembre-se. Assim como eu posso construir a escada para seu sucesso, eu também posso te aniquilar.

Relaxe um pouco. Mudei de ideia. Acho que posso oferecer uma pequena dose de meu acervo para você... ok. Meia taça deve servir.

É uma boa dose de vitae, não é mesmo? Creio que você nunca provou algo tão refinado. Privilégios de uma Sangue Azul. Você, como Desgarrado, deveria estar feliz por eu ceder um pouco disto para você.

Enfim. Voltando ao assunto, a segunda regra é: Lembre-se de seu lugar na hierarquia. Respeite os seus superiores. E nunca, mas nunca mesmo, passe por cima de uma ordem deles. E se ver alguém passando, questione. Imediatamente.

"Ah. Mas será que o Príncipe aprovaria esse seu plano?"

"Hum. Não sei se a Primógena Tremere da cidade ficaria feliz com isso, arriscaria muitos de seu clã."

Faça com que as pessoas ao seu redor lembrem-se da Seita e lembrem-se de sua posição. Ninguém deve sair de seu papel. Somos engrenagens em um sistema que funciona por séculos. E assim, deve continuar.

Sorria. Gargalhe, quando o Príncipe contar uma piada. Sirva. Sirva sempre à Camarilla e aos seus superiores. E sempre que encontrar alguém que não seja tão servil assim, desconfie. E denuncie. É inaceitável que em nossa seita, haja conspiradores. Seja o Escudo da Torre de Marfim. A Camarilla tem inimigos do lado de fora, como Caçadores, Lobisomens e claro, os Anarquistas e o Sabá. Mas existem inimigos próximos. Que apenas querem tomar a seita como o seu brinquedinho de poder. Jogue as cartas certas, apegue-se à hierarquia e mantenha o Príncipe informado de seus adversários, bem como outros superiores seus que podem ser ameaçados por outros Membros que almejam poder.

Terceira regra: Lembre-se de nossas Tradições. Respeite-as. E faça com que os outros também respeitem. Nossas Tradições não dão margem para interpretações distorcidas. Apenas o Príncipe deve ter a palavra final sobre elas, pois este foi eleito para nos representar. Na falta dele, a Primigenie deve resolver, mas não sem antes, uma reunião... para resolver todos os detalhes. Nada pode ser fora das regras que já foram ditadas pela nossa organização em Montpellier. E nada pode ser feito sem as devidas informações já colocadas na mesa. "Até que ponto os humanos fizeram atentados contra nós? Será que esse não é um plano do Sabá?" Questões como esta podem surgir em reuniões entre os nossos, mas esse tipo de questionamento deve ser realmente respondido, antes de tomar soluções mais... drásticas. Não somos os amantes da destruição como a Espada de Caim. Somos pela preservação dos Membros, e devemos agir como tal. Se você e outros tiverem dúvidas quanto a isso, faça com que isso chegue a mim. E eu cuido do resto, para que os Primógenos da cidade nos ouçam.

Seguindo as minhas orientações, você certamente contribuirá para uma Camarilla mais forte em Montpellier. Uma Torre que cuida de todos os seus membros do seu jeito. Enfim. A Camarilla terá o lugar que merece.

Isso é tudo por agora. Pode se retirar e descansar. Aproveite e dê uma volta no Elísio. E pelo amor de Caim, tome um banho, para ficar ao menos, mais apresentável. Daqui a uma semana, te chamarei de novo. Mas aproveite para estudar a situação de nossa Seita, e de tudo o que acontece em Montpellier.

Boa noite, caro Desgarrado.
Amaya Takenouchi
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Mensagem por Amaya Takenouchi Ter Jan 15, 2019 2:46 am

Montpellier, França, 5 de maio de 1999

Heat Club  - Casa Noturna

Spoiler:

Relato de:

Jason Pallas

Caitiff    -    Camarilla    -    Algoz

&

Therèse Gauthier

(Abstract) Toreador     -     Anarch

------------------------------------------------------------------------

(Jason P.O.V.)

Spoiler:

- GAUTHIER! GAUTHIER, FILHA DA PUTA! VOLTA AQUI!

Caralho, lá se vai a minha noite de folga.

Velho, como eu odeio a porra da Camarilla. E como eu odeio a Sophie. E os Anarquistas. E essa merda toda. Eu odiaria o Sabbat também, mas eles estão quase acabados aqui. O negócio é que essa noite, eu iria só fazer o meu corre e curtir um pouco. Sabe como é, fica cansativo para um caralho achar um monte de intruso toda noite, um monte de gente que não se apresentou, que foi mordido sem autorização, fazer o serviço de matar geral, ou dar um X9 pro Xerife... e claro, ser chamado de filho da puta por todas as Crianças da Noite que eu vejo no meu caminho.

Essa era a minha vida. Eu devia isso a Sophie de Limoges. Eu sabia que naquela noite, naquela sala, eu estava praticamente assinando um contrato, para vender a minha alma a Lúcifer. Não, acho que tô sendo injusto. Lúcifer não seria tão escroto como Sophie está sendo agora.

A Harpia Ventrue deve estar rindo da minha cara uma hora dessas. Eu não faço ideia dos planos daquela Sangue Azul, mas seja lá quais forem, renderam-me um novo título. O de Algoz. Passei da fase de "brinquedinho" para "brinquedinho interessante", pelo visto. Isso se deu quando eu consegui anular um ataque dos Anarquistas que foi liderado por uma Toreador de lá. Therèse, o nome dela. O mais engraçado é que ela estava atacando uma galeria de arte que pertencia a Yves Merteuil, Primógeno torequinha da Torre de Marfim.

Clãs não são fraternidades. Mas como eu não tinha nenhum, eu quero mais é que se foda esses Casos de Família. Já fui obrigado a terminar a não-vida de muita gente igual a mim. O fato é que eu tava do lado do Yves nessa, e ele parece que se impressionou com isso. Sophie mexeu os seus pauzinhos para que eu fosse "promovido". A desgraçada tinha o poder mesmo. Poder demais pra uma Harpia.

Desde então, os meus encontros com a Rosa Negra - como ela mesma se chamava - nunca foram os mais amistosos.

Então, o meu trabalho, era basicamente trazê-la para o poder do Príncipe Michel Vallendrier.

E lá ia eu atrás da merdinha da Toreca. Só que a infeliz entrou no Heat Club. Mas que vadia do caralho. Tem um Setita que é dono dessa porra. Aqui, ninguém podia matar ninguém. O jeito era seguir a dança. Em outros tempos, eu seria barrado daquele lugar sem pena. Mas ter um titulozinho na Camarilla tinha lá uma vantagem ou outra. E roupas legais também. Se eu estivesse com minhas roupas de mendigo, ao invés dessa camisa social listrada e calça preta, teria problemas.

----------

(Therèse P.O.V.)

Spoiler:

- Vem me pegar, Pallas. - dizia, enquanto eu partia para dentro do Heat Club.

Ai, ai... aquele Desgarrado Algoz não era nada divertido. Apesar de ter lá a sua beleza rústica e peculiar. Diferentemente do que ele pensava, não, eu não odiava ele. Apesar dele ser uma pedra no sapato, às vezes. Na realidade, eu tenho até pena dele.

Eu já fui perdida como ele. Ah, a Camarilla e a sua lavagem cerebral sempre fazendo levar crer que ela é a única coisa que pode proteger os vampiros de si mesmos. Não sei se dou risada ou se eu choro. Lembrando agora dos meus tempos de Torre de Marfim, em Nice, foi algo tão patético que eu nem queria imaginar como era a minha vida antes da Brujah lendária nos mostrar um novo caminho. Nem tudo precisava ser sobre a Camarilla ou o Sabbat.

Dessa forma, eu entrava na pista de dança. Com um belo vestido dourado, curto, que me dava a liberdade de fugir para qualquer lugar, se assim eu precisasse. E assim, eu entrava na pista de dança, no ritmo da dança.


Fechava os olhos, e observava vários homens mortais parando para me observar. Não estava com fome, já tinha ingerido uma boa quantidade de sangue, hoje. Mas talvez, pudesse utilizar algum deles como meu brinquedinho...

Mas... olha só quem estava ali. Jason Pallas. O Caitiff que não parava de me perseguir. Eu sorri, de maneira divertida, enquanto me aproximava, dançando com ele. Pude aproveitar cada expressão de raiva que ele fazia.

- Olha... se não fosse os nossos entreveros, eu quase poderia imaginar que você está apaixonado por mim, Pallas. - Disse, usando um tom de voz cínico, enquanto olhava nos olhos dele.

- Corta essa, Gauthier. Você sabe bem o que fez. E você sabe que não vai poder ficar se escondendo no Heat Club pra sempre.

- Não dá para você ficar uma noite sem bancar o cachorrinho do Yves e do Michel? Afinal de contas, o dono dessa boate não quer estragos. Sabe disso, não sabe? - Sorri de canto, compreendendo que ele tinha de respeitar as tradições e os domínios de outros cainitas, como membro da Camarilla. - Porque não aproveitamos para dançar um pouco? Nenhum desses mortais aqui está à minha altura... mas você... é outra história. - Era verdade. Era muito melhor passar a noite com um Membro do que com um mortal. Mesmo que supostamente, sejamos inimigos.

- É irônico ouvir uma Toreador falando isso para um Caitiff. Dançamos e você aproveita para me envenenar, me apunhalar pelas costas ou o quê? - Falava o Desgarrado, rindo de forma desacreditada.

- Eu sou Anarquista, meu amor. Eu não me prendo a linhagens. Eu não sou o meu clã. E você não é simplesmente a falta de um clã. Somos dois Membros tentando sobreviver em uma sociedade em decadência... cada um ao seu modo. E não, eu não sou burra de te matar ou ferir aqui, Pallas. Não estou a fim de desenhar um alvo em minha bunda, hoje. Vim em missão de paz. - Fazia um sinal hippie com a mão e depois, continuava a dançar, apenas me afastando levemente dele. Mas fazendo menção para que o Algoz viesse até a pista de dança comigo.

Eu sabia que ele viria.

(Jason P.O.V.)

Mas que puta.

Ali, eu não poderia fazer nada contra ela. Se eu tentasse arrastá-la dali, certamente iriam me colocar para fora, como o cão sarnento que eu sou na visão da maioria dos Membros. Por outro lado, ela estava certa, se tentasse fazer algo comigo, os Anarquistas da cidade estariam com problemas.

Dessa forma, eu levantei os ombros e me aproximei dela. Talvez, pudesse aproveitar para tirar algumas informações da Rosa Negra. Dessa forma, eu dançava de leve. Não tinha muita prática nisso.

- Parece enferrujado. - Disse a toreca, claramente tirando uma com a minha cara.

- Respeito é bom e mantém os caninos no lugar, Gauthier. - Respondi, com um leve tom de ameaça.

- Nossa, claro, senhor Algoz. Mas acho que sua tentativa de ameaça não vai rolar hoje, não é mesmo? - E antes que eu percebesse, ela me abraçou. Eu quase tive um movimento de reflexo, mas vi que ela apenas me abraçou. E ela percebeu isso. - Baixe a guarda. Não quer quebrar a máscara aqui, quer? Carpe Nochem.

Eu realmente não tinha muito o que fazer nessa situação. Então eu dançava. Com nossos corpos colados. Literalmente, há décadas que eu não sentia nada disso. Então eu tentava fingir naturalidade com a situação.

- Juro que eu queria saber. Por que caralhos vocês fazem isso? E que diabos você tava pensando quando destruiu a galeria do Yves? E todos os atos que vocês fizeram aqui? - Falava, com nossos rostos colados.

- Foi bom você perguntar. - Ela sussurrava. -Eu sei que não te deram nenhuma opção. Que era a Camarilla ou nada. A Torre de Marfim, ou viver no ostracismo, ameaçado por caçadores e outras criaturas. Mas sabe, eu não fiz isso sozinha. Eu tinha uma galera comigo. - Falava, de maneira calma e explicativa, com uma voz aveludada e doce.

- Só trabalho com nomes. - Falei, o mais duro possível.

Ela gargalhava, enquanto respondia. - E você acha que eu vou te dar? Talvez, um dia quando você passar para nosso lado, talvez. Olha só para você. Você deve odiar o seu trabalho. Quantos Caitiffs você já matou por ordem do Príncipe? Você não é a pessoa mais querida entre os seus.

- Você mesma não disse que nós não somos nossos clãs? E eu mais ainda, que não tenho nenhum. Que se fodam eles, ninguém mandou serem burros e não se apresentarem ao Príncipe.

- Para serem mortos no ato? Ninguém da Camarilla quer Caitiffs e Sangues Fracos andando por aí pela noite, meu anjo. Você só está aqui porque alguém te colocou lá na Torre. E trouxe algum prestígio vindo do Tio Sam. Você é o melhor dos seus. E poderia ser grande para lutar ao lado de quem viveu na merda o tempo todo... é uma pena que você decidiu apoiar quem jogou vocês nessa merda.

- Eles me pagam bem. - Falei de forma irônica. Mas a infeliz estava certa. Se não fosse pela De Limoges, eu não teria durado cinco minutos no Elísio em Montpellier. E só estou aqui agora porque me fiz respeitar. Oportunidades para me sabotar não faltaram. - E como eu vim parar em Montpellier não te interessa. Você tá tentando jogar essa propaganda Anarquista para cima de mim? Não vai colar, gatinha. - Falava, com um tom jocoso nos meus lábios.

- Por hoje, realmente não vai, meu caro americano. Mas eu posso sentir que tudo o que você falou foi uma imensa farsa. Já te disseram que você mente muito mal, Pallas? - Ela gargalhou.  - Ainda bem que você é Algoz, você definitivamente não funcionaria como Harpia. Posso sentir a tua frustração no... "trabalho". Isso não te traz nenhum prazer, você odeia praticamente todo mundo da sua Seita. Mas continua seguindo ela, porque você não tem mais o que fazer. A outra opção era o Sabbat, mas você ajudou a eliminá-lo aqui em Montpellier, lembra? E de qualquer forma, não era aquilo que você queria. Você quer algo que te deixa livre.

- Não fale de mim como se me conhecesse, Gauthier. Essa história de Membros livres é uma piada. Nós somos presos por nossa própria natureza.

- Pode até ser. Mas na noite de hoje... eu sou livre. E você também. - Ela então, colocou os braços em volta de minha nuca e me beijou. Um beijo longo. Marcante. Eu não sabia dizer se aquilo estava acontecendo pela vontade de ambos de fato, ou se eu estava sendo dominado pela Presença dela.

O resto da noite? Bom. Tudo o que eu pude dizer, é que "eu fui livre".

Até as quatro e meia da manhã, quando eu tinha que voltar ao refúgio que foi cedido por Sophie, para mim. Eu observava a Toreador descansando e simplesmente saí dali.

Hoje, eu fui livre. Mas amanhã, voltarei a servir à Camarilla. E Gauthier voltará a ser a minha adversária. Sem tréguas, dessa vez. Só esperava que a De Limoges não soubesse dessa merda.

(Therèse P.O.V.)

Eu via o Caitiff saindo dali apressadamente, enquanto pensava que eu descansava. De fato, a Besta me chamava para dormir, mas eu ainda podia sentir o cheiro do Desgarrado.

Jason poderia negar o quanto quisesse para ele mesmo. Mas a semente da dúvida foi regada. E crescerá. Porque na verdade, ela sempre esteve lá. Até lá... poderia me divertir um pouco brincando de pique esconde com ele, por mais um tempo, até ele aceitar a realidade. Que a Camarilla não é capaz de protege-lo. Nem a ele, nem a ninguém.
Amaya Takenouchi
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Mensagem por Amaya Takenouchi Qua Jan 16, 2019 12:50 am

Montpellier, França, 8 de junho de 1999

Floresta Malbosc

Spoiler:

Relato de:

Carmen Villanueva

Ravnos Antitribu    -    Sabbat Unbound    

&

Victoria Ambrosini

Tremere    -     Camarilla    -    Algoz / Aprendiz


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(Carmen P.O.V.)

Spoiler:

Acabou.

Acabou tudo, acabou o que restava da minha Linhagem, da minha Seita, acabou tudo.

Aqueles desgraçados da Bastarda conseguiram. E eu não sei o que aconteceu, só sei que eu consumi pela frente todos os Malandros e Enganadores que eu vi pela frente. Como resultado, vários caçadores e algozes estão atrás de mim. Mas eu já abri mão de muita coisa para desistir da minha não-vida agora.

Eu era uma Sabbat, porra! E eu sempre seria! Mas eu precisava reagrupar, precisava fugir. E principalmente, precisava acabar com essa fome que não estava me deixando pensar direito. Eu era uma das Sacerdotisas de maior destaque em Montpellier. Eu tinha tudo para virar uma Bispo. Talvez, no futuro, construir uma Arquidiocese a minha volta. Eu fui uma das primeiras da Espada de Caim a colonizar essa porcaria de cidade, porque eu acreditei que podia dar certo! Saí de Bilbao para poder vir pra cá, só para investir meu tempo e dinheiro nisso. E olha o que eu levo. O Sabbat se amedrontou. Deixou a Camarilla levar. Não teve um arrombado de um Prisci ou mesmo um Bispo de uma cidade vizinha para ver a minha situação e me apoiar. Puta que me pariu.

Já teve cainitas melhores na Espada. Mas isso não conta em nada, porque eu tô me cagando de medo de cair junto com os piores. Eu não posso cair. EU NÃO QUERO CAIR!

E por isso, eu comecei a causar tanto estrago quanto eu pude na Capela Tremere da cidade. Era fácil culpar os Anarquistas, agora era modinha virar Anarch, quando a nossa Seita deixou a cidade cair nas mãos da Bastarda. Eu posso até cair, mas eu vou levar esses filhos da puta comigo. E que maravilha seria levar todo o clã Tremere caísse em minhas mãos. Aí eu poderia recomeçar em Nice. Poderia derrubar aqueles Anarquistas de merda. Poderia fazer tudo...

Mas eu precisava de sangue. Sangue cainita. Animais não me satisfaziam. Humanos não me satisfaziam. Matar apenas não me satisfazia.

Precisava estraçalhar.

Precisava fazer sofrer.

Preciso dormir. Preciso caçar. Preciso matar.

Nada mais importava. Foda-se tudo.

E tudo o que eu via agora... era um vermelho. Sem fim.


(Victoria P.O.V.)

Spoiler:

Que. Perda. De. Tempo.

Era inegável que na primeira semana de Junho, houve uma distorção. Eu pude sentir. Alguns outros Malkavianos, Tremeres e até mesmo outros cainitas mais sensitivos, puderam perceber que algo estava errado. De alguma forma, nada mais era como antes. E era por isso que eu não entendi quando a regente e Primógena Tremere, Nathalie Lisier Ardène, mandou que eu caçasse o responsável pelos últimos danos à Capela. Ela dizia para eu ir atrás dos Anarquistas. Mas eu tinha observado alguns dos danos.

Eles continham um tipo de danificação feito por uma Disciplina Ilusória. Poderia ver que em pouco tempo, eu mesma tinha resolvido aqueles danos. Mas certamente, foram feitos por um nível de poder muito alto, que não deveria existir.

Foi nesse momento que eu liguei os pontos. Praticamente todos os Ravnos que restavam na cidade, sumiram. Eu tinha um controle deles, e a Camarilla tinha uma política de deixar os Independentes em paz. Desde que não se aliassem aos Anarchs.

Nenhum Ravnos era Anarquista, ao menos não se declarava assim. E não havia na cidade, algum Enganador que pudesse ter entreveros conosco.

Mas talvez... uma Malandra.

Eu sabia exatamente quem procurar. Não foram os Anarchs que fizeram isso. Por mais que Nathalie fosse sedenta pelo poder, eu esperava que ela tivesse um julgamento melhor sobre isso. Afinal, ela era a nossa superiora. Sim, que Tremere não me ouça, mas... eu estava começando a questionar aquela Pirâmide. Não fazia sentido quando os próprios Feiticeiros não respeitavam a mesma, angariando cada vez mais força política.

Alguns podem me achar uma hipócrita, por ter aceitado o título de Algoz. Mas honestamente, aceitei isso por um motivo simplesmente didático: conhecimento. Eu queria ver como as coisas funcionavam na verdade, e não ficar apenas sentada confortavelmente dentro da Capela ou de um Elísio da Camarilla. Deixaria isso para as Harpias, como por exemplo, a Harpia Ventrue, Sophie de Limoges. Algo estranho havia nela, além do fato de que ela não pisava na rua, nem por um decreto. Acho que ela e Nathalie um dia irão acabar se matando para ver quem consegue chegar mais perto do trono de Vallendrier.

De qualquer forma, eu não tinha nada a ver com isso. A minha posição como Algoz me garantiria olhares tortos e a promessa de que não iria almejar algo mais do que Xerife ou mesmo Senescal. Não era algo que eu desejava, entretanto. As ruas me deram resistência. Viver e me misturar entre os esquecidos Anarquistas e gangsters sem laços com Seitas me fez ter um pouco de força física e de... visão de mundo.

E se eu tivesse sido abraçada fora da Camarilla?

Pensamento surreal para uma Feiticeira. Nós, Tremere, somos uma pilastra da Torre de Marfim. Mas... por quê? Para quê? Nós temos potencial para mais. Muito mais que isso. Só que de certa forma, a Pirâmide nos podava, bem como a estrutura da Seita, que protegia nosso clã. Várias e várias camadas de uma prisão.

Eu questionava a minha própria existência. Todas as noites. Mas este momento não era bom o suficiente para pensar nisso. Eu estava coletando pistas. Anotando nomes. Avaliando até o último resquício de ilusões causadas pela Disciplina conhecida como Quimerismo. E acreditem em mim, neste início de Junho, foram inúmeras as distorções que encontrei.

A única Ravnos que poderia ter feito isso, era uma Antitribu. Provavelmente, ela era a única coisa que restou do Sabbat naquela cidade.

Pela honra do clã, eu tinha que acabar com ela. Mas eu sabia que ela era forte demais. E ela atingiu níveis de Quimerismo que não deveria atingir. Entretanto, eu também tinha minhas cartas na manga.

Um neófito Setita, que era um dos funcionários do Heat Club então contou o que me aconteceu em troca de uma certa quantia em dinheiro. Ele viu Villanueva atacando um bando de Ravnos nômades que estava totalmente fora de controle, se matando. E ela os viu e matou todos eles, em frenesi total. E partiu para a floresta.

Carmen Villanueva era uma diablerista inacreditável, mas não achei que ela fosse capaz de chegar tão baixo a ponto de atacar até mesmo o próprio sangue sem maior motivo aparente. Foi então que mais uma vez, eu prestei atenção que os outros Enganadores também estavam em Frenesi, e um estava tentando engolir o outro.

Algo definitivamente aconteceu. Preciso de mais estudos sobre isso, sem dúvida. Mas agora, era hora de colocar um fim nessa loucura. Pelo visto, o que quer que tenha restado de humanidade ou sabedoria na conhecida sacerdotisa espanhola, tinha se esvaído. Não era exatamente legal combater uma cainita totalmente controlada pela Besta. Mas era mais fácil combater um animal irracional, que ela certamente se tornou. Seria até um insulto para todos os vampiros, chama-la de "Membro" neste momento.

A floresta era a minha pista. E era para lá que eu segui. Não demorei muito mais do que 10 minutos para ouvir um urro ensurdecedor em minha direção. E várias "Carmens" me atacando de uma só vez.

Eu me ofusquei. E apenas observava as imagens falsas da cainita desaparecendo, enquanto uma bestial Villanueva me procurava, me farejava, e dava urros indistinguíveis. Ela definitivamente, era algo que não deveria mais pertencer à nossa sociedade.

Eu reaparecia. Usava a minha rapidez. E usava a minha Taumaturgia para lhe furtar a tão preciosa Vitae. Era a única maneira que podia fazer para pará-la e enviá-la para o Torpor. E nesse jogo de pique esconde, percebia que ela estava muito mais fraca e que suas tentativas de Quimerismo falhavam. Sua velocidade diminuía, mesmo em Frenesi. Ela estava ferida. Acabada.

E dessa forma, em um certo momento, em mais um furto de Vitae enquanto utilizava de Rapidez e Ofuscação para me esconder entre as árvores, ela finalmente caiu. Como uma pedra.

Como uma Membro da Espada de Caim tão poderosa encontrou o seu fim. Estática, sem vitae, com a mente totalmente controlada pela Besta. Honestamente, apesar de todo o mal que ela causou ao nosso clã e à Camarilla, eu não sentia nem uma fagulha de ódio por ela. O que eu sentia era um certo receio pelo futuro de todos nós. Eu iria me tornar... isso? Essa Besta desenfreada?

Eu realmente não queria ser isso. E eu poderia apostar que a Carmen também não queria. Mas, eram coisas da vida. Sua linhagem e suas escolhas ruins a levaram a isso.

Villanueva foi uma rival interessante. Mas ela tinha que morrer. Eu retirei então a adaga que estava dentro de meu sobretudo branco. E dei o golpe final. Não foi preciso mais do que isso um golpe rasgando sua jugular, para ver a Ravnos Antitribu se transformando, lentamente em pó. E por um momento, sentia que os espíritos dos cainitas que ela consumiu estavam agradecidos.

Era uma pena. Era uma boa adversária. Mas eu sinto que perdi o meu tempo aqui. Sinto que a única coisa que eu fiz, foi chutar um cachorro que estava perto de morrer, de qualquer forma. Eram questionamentos que certamente, eu iria levar à regente Ardène e ao Príncipe Vallendrier quando fosse a hora.

No final das contas, eu e o Desgarrado preferido da De Limoges estávamos levando essa Seita nas costas. E era horrível pensar que talvez, eu e ele servíssemos apenas como bucha de canhão. Facilmente substituíveis, para que Ardène, De Limoges e Vallendrier continuassem por aí.

Argh. Eu precisava de um banho. Urgente. Mas não na Capela, não hoje. Não queria ver o rosto da Regente. Eu iria para o meu refúgio individual. O lugar que eu mais tenho perto de "casa". Já tive emoção demais por hoje.

Ciao, bella Carmen. Arrivederci.
Amaya Takenouchi
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Mensagem por Amaya Takenouchi Qua Fev 06, 2019 9:05 am

Montpellier, França, 31 de dezembro de 1999

Local desconhecido

Relato de:

????? ???????????

Brujah    -     Anarch


------------------------------------------------------------------------

Spoiler:

Eu contava os dias para essa merda toda acabar. Sinceramente, eu achava que a Camarilla de Montpellier fosse mais esperta que isso. Decepcionante.

Eu já dei a minha cara à tapa em Nice. A ponto de deixar lá uma célula Anarch que tá conseguindo se virar bem. Já passei por muita merda. Muitas lutas, muitas batalhas. Mas isso era diferente de tudo o que eu havia tentado, até agora: assumir uma identidade alternativa.

Desestabilizar a Torre de Marfim por dentro.

Eu achei que eu não iria durar nem sequer um ano com esse disfarce. Mas quando você é Ancillae (e eu já o sou há muito tempo), já com uma idade relativamente maior que a maioria dos Cainitas por aí, você consegue refinar suas estratégias. Por mais que eu adorasse quebrar o crânio de cada filho da puta, de cada puxa-saco da Cammy por aqui, eu poderia fazer isso de uma forma que não perdesse tanta gente com potencial em ser Anarquista aqui.

Basicamente, era para isso que eu vivia. De cidade em cidade, para derrubar Camarilla e Sabbat, nunca ficava em um lugar fixo. Mas agora com uma identidade nova, eu já estava na Camarilla de Montpellier há um bom tempo. E decidi que seria mais inteligente ser a lacaia deles. Enfraquecendo-os, deixando-os eivados pelo ego, aos poucos. Sendo tão escrota quanto os próprios borra-botas do Príncipe Michel Vallendrier.

Quando você trabalha no esgoto, você tem que colocar as mãos na merda. E foi o que eu fiz.

Abandonei qualquer senso de orgulho e me fiz colocar na Camarilla, inicialmente, como uma cainita que requeria cuidados, e depois como uma força a ser respeitada. Tenho uma posição relativamente boa, mas eu poderia estar ainda melhor. Tenho força pra isso. Que inferno, eu era mais velha até do que a Valentine Cromwell, a Primógena Brujah da cidade. Mas é óbvio que eles não sabiam disso.

Mas eu sabia exatamente como iria fazer. Estava na hora do meu plano evoluir. E caso eu jogue as cartas certas, eu me livraria de um peso e avançaria na minha escalada social dentro da Seita. Só para fazer ela cair. E era tão, mas tão fácil fazer isso, que eu penso que deveria ter usado este tipo de artifício antes. Evitaria muita coisa escrota que aconteceu.

Eu procurava fazer aos poucos com que os líderes da Seita se isolassem, e acreditassem ser donos de posições intocáveis. Com algumas denúncias, e outros rumores, fazia com que a Seita se tornasse dependente deles. Aos poucos. E também criava inimigos internos, dentro da própria Camarilla. Isolava os clãs Brujah e Gangrel, para que estes se tornassem maiores entusiastas dos Anarchs e não oferecessem resistência quando a hora certa chegasse.

E colocava perto de mim aqueles que eu via que poderiam ser interessantes para o futuro. Eles faziam o trabalho sujo e viam a bosta que era arriscar a sua vida por essa Seita. Já deveriam estar me odiando a essa altura, mas não me importo. Eles precisavam me odiar. Ou melhor, não a mim, mas tudo o que eu representava no momento. Para todos os efeitos, minha identidade atual era uma fiel seguidora da Camarilla. Uma das mais fervorosas a manter o status quo.

De qualquer forma, a pirâmide social da Cammy de Montpellier já estava parada há tempo demais. Era hora de... movimentar um pouco as coisas naquela bela noite de ano novo. Preparava minhas luvas e algumas adagas. Seria uma grande festa de ano novo para a Camarilla. Uma que os membros de Montpellier jamais esquecerão.
Amaya Takenouchi
Amaya Takenouchi

Data de inscrição : 08/03/2010

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