Les Bons Temps - Parte 2.0

O taxista então esperou no carro enquanto ele entrava no local.

Os olhares estavam todos no visitante que acabara de entrar no recinto, mas para sua surpresa, onde estava naquele momento era um lugar comum da biblioteca onde todos, entre humanos e cainitas podiam frequentar, como era de costume em locais como aquele. Maverick precisaria se direcionar ao local reservado aos membros tremere para conseguir descobrir quem seria o mestre.

Como em toda biblioteca haviam pessoas sentadas atrás de mesas lendo, outras fazendo pesquisas em computadores. O lugar era bem maior dentro do que aparentava um pouco por fora. Havia também estantes até o teto cheias de livros ao fundo daquele imens salão inicial e parecia que aquele local tinha vários andares com livros sobre tudo quanto era tema possível, desde religião até ocultismo, mas não era aquilo o que procurava.

Como fora dito antes, havia alguém que o seguia com olhares e parecia curioso sobre ele. Um rapaz com pose de malandro, uma barba meio rala, cabelos meio que penteados em um leve topete e uma gravata sob uma blusa branca. Esse era Jean Louis, um tremere como ele.

Maverick percebeu Jean o observando, mas como não o conhecia, não se aproximou inicialmente, pois uma bibliotecária do local foi logo o abordando. Era uma mulher baixinha, de cerca de 1,50m, cabelos curtos, lisos e pretos, usava óculos de leitura e trajava uma blusa social branca com uma saia na alturo do joelho na cor azul marinho. Em seu pescoço havia uma fita azul que segurava um crachá com o nome "Mara" e em baixo do nome "Assistente".

- Posso ajuda-la senhor? Nunca o ví por aquí. É novo na cidade? Já tem sua carteirinha da biblioteca? Gostaria de fazer uma?

A mulher tinha uma voz ligeiramente em um tom agudo e, por mais que falava baixo para não perturbar as pessoas que haviam no local, o som de sua voz incomodava um pouco aos ouvidos sensíveis do cainita.

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OFF: Lhe mandei uma MP sobre algumas coisas importantes. Leia a MP antes de responder a crônica.

- Por favor, me acompanhe até o balcão senhor.

E então Mara seguiu para o balcão que ficava no canto direito do local, após uma sequência de estantes de livros. Ela andava de vagar, se certificando que o homem estava seguindo. Perto do local onde ficava o balcão, Maverick pôde ver que ao fundo, perto de onde haviam mais algumas mesas de leitura havia um elevador que o levaria aos outros andares do prédio.

A figura que antes observava Maverick desapareceu dentro da biblioteca quando ele seguiu para o balcão com Mara.

Assim que chegaram ao balcão, ela foi para trás dele, e ficando na frente de um computador, pediu para que ele se aproximasse e voltou a dizer, mas dessa vez de forma sorridente, por mais que sua voz ainda pudesse soar meio que irritante aos ouvidos do vampiro:

- Senhor, meu nome é Mara e preciso de um documento com o seu nome, número de identificação e um número de telefone para que possa fazer a sua carteirinha e o cadastro na nossa biblioteca.

Com o comando que foi dado, o mortal se sentiu compelido a mudar de ideia e a seguir para onde quer que o vampiro o fosse levar, sem ter a menor consciência disso e sem pestanejar em recusar. A sensação que aquilo tudo causava era quase que imperceptível ao mortal, apesar de um pouco estranha em poucos momentos.

Desde que entrou no Uber e durante todo o caminho, não conseguia sentir nenhum tipo de comando hipnótico que o controlasse, mas estava definitivamente sendo controlado a fazer o que o outro queria. Depois de alguns minutos, finalmente chegaram ao hotel onde o vampiro estava hospedado: Drury Inn & Suites New Orleans.

O motorista do Uber então foi pago e ambos saíram do veículo entrando no hotel. Stanislav conduziu o mortal ao elevador e então ao andar do quarto onde estava hospedado e posteriormente para dentro do quarto.

Ela então pega o documento e começa a colocar os dados no computador. O nome Maverick, 40 anos de idade, o número de identificação e o número do celular dele. Depois de terminar de inserir todas as informações, pegou em uma gaveta debaixo da mesa do balcão uma espécie de cartão. Parecia uma cartão de crédito na cor azul royal. Inseriu aquele cartão na impressora e depois de apertar mais algumas teclas, o impressora cuspiu aquele cartão com os dados do rapaz. Mara então voltou a falar com ele.

- Aqui está senhor. Seja bem vindo. E respondendo à sua pergunta, aquele elevador leva o senhor a todos os andares da biblioteca. Do outro lado o senhor encontrará escadas, que podem inclusive leva-lo ao estacionamento, caso não queir ir de elevador.

Mara então faz uma breve pausa, sai detrás do balcão e como se fosse uma comissária de bordo dando indicações das saídas de emergência usando gestos, ela indicou onde ficava as escadas para ele, inclusive as saídas de emergência caso precisasse em alguma ocasião.

Depois de tudo aquilo, Maverick estava livre para circular livremente pelo lugar.

- Muito obrigada senhor. Fique a vontade para conhecer todos os cantos da biblioteca. A cada andar existe uma assistente para ajuda-lo. Se o senhor precisar de ajuda aqui em baixo, basta me procurar.

- Por nada senhor Maverick. O senhor é muito gentil...

Faz uma pausa e tenta entender pela descrição das roupas quem era a pessoa que ele deveria estar falando em meio de tantos os frequentadores da biblioteca.

- Eu não vi não senhor, mas ela descrição que está dando, pode ser o senhor Jean. Ele vém aqui muito pouco e não costuma ficar neste andar. Se for ele mesmo, deve estar em algum andar superior, mas não posso garantir. São muitas as pessoas que vém aqui e é difícil de lembrar como todos estão vestidos...

E então ela voltou para detrás do balcão.

- Posso ajuda-lo em mais alguma coisa?

Era notório o incomodo que a garota estava sentindo com aquela situação que foi gerada pelo regente, mas não parecia estar chateada com alguém em específico, era apenas incomodo com aquela questão dos procedimentos do lugar.

- Não se preocupe. Se a gente não se ajudar, o que será de nós não é mesmo?

Puxa uma cadeira no bar para ela se sentar e se senta do lado dela puxando um cardápio para a frente dela.

- Vai... escolhe algo para comer e deixemos isso de lado...

Ambos ainda estavam em um setor reservado do Elísio onde mortais não podiam entrar e nem conseguiriam ver.

Em poucos segundos o garçom vém atende-los e o Bip de Jack toca. Ele olha algo meio preocupado e pedindo licença se retira do lugar, mas antes avisa que o que a garota quisesse, que colocasse em seu conta.

- Volte para casa depois. Não fique nas ruas.

E acaba saindo do local apressadamente. Parecia meio tenso e nervoso.

O rapaz não parecia entender o que Stanislav dizia, mas pensou que deveria ser algo do tipo "Home sweet home".

O mortal se sentava onde Stanislav pediu e ouviu atentamente o que disse. Não era ajuizado o que Stanislav estava fazendo, pois estava revelando sua máscara para um mortal e aquilo lhe custaria caro.

A cada palavra o mortal arregalava um pouco os olhos, um pouco surpreso com todo aquele teatro.

- Por nada.

E então ela se vira de costas e volta ao seus afazeres naquele local enquanto o rapaz foi ao elevador.

Assim que entrou no elevador, percebeu que havia um painel com muitos números de andares. Notou que havia uma espécie de botão com uma tonalidade levemente vermelha embaixo de todos os outros botões em branco e não parecia ser o botão e alarme do elevador, pois o de alarme estava identificado, mas esse não havia nenhum tipo de identificação. Ao lado desse botão, havia uma espécie de ponta de agulha estrategicamente localizada para fora.

Então ele apertou o botão levemente avermelhado na esperança de que fosse levado onde queria. O elevador fez menção em se mover, mas não mudou de andar. Parecia que não ia simplesmente funcionar com só a apertada daquele botão.

Estava sendo louco com tudo o que estava dizendo para aquele homem. Estava em busca de poder e de contatos, mas infelizmente não seria fazendo aquilo que conseguiria tal feito em New Orleans, mas resolveu tentar a sorte.

Por mais que Stanislav estava falando mais do que deveria para o tal homem que mal conhecia, ele não se mostrava muito surpreso e quando tentou fazer com que o homem bebesse de seu sangue ele disse, virando o rosto:

- Não posso... já tenho uma família... não posso entrar na do senhor também... sinto muito...

O sangue do vampiro sujara apenas o rosto do homem, que teria que ser imediatamente solto ou os problemas se tornariam mais graves do que atualmente já eram.

Por seu passado duvidoso e por se meter com pessoas erradas, não teve dificuldades em chegar à cidade, por mais que para o que estava acostumado, lá não ofereceria nenhum tipo de atrativo para tráfego e roubos, principalmente por suas severas leis e punições para vampiros transgressores.

Apesar de tudo, ele tinha uma missão. Tinha que encontrar a periferia da cidade e também os esgotos, mas conforme dirigia para a periferia, viu que a cidade estava em polvorosa com uma série de explosões e tiros para todo o lado. O ar estava infestado de gás lacrimogênio misturado com spray de pimenta. As poucas pessoas que ainda estavam nas ruas fugiam e procuravam abrigo, os comércios fechavam e a polícia tentava conter a situação.

Parecia que uma guerra de gangues havia estourado na cidade. Uivos podiam ser ouvidos de fundo, meio abafado por gritos e barulhos de tiros que ecoavam no ar naquela noite...

Os barulhos de tiros iam aumentando conforme Martin seguia pela cidade, até que em uma determinada rua acabou cruzando com um grande problema: um imenso lobo preto de olhos azuis cruzou o caminho sua van. Não havia como passar com aquele animal parado em sua frente na rua.

Se ele tentasse dar ré, veria que a rua não tinha largura o suficiente para que pudesse dar a volta e sair de lá.