Um conto de amor no Mundo das Trevas
4 participantes
Página 1 de 1
Um conto de amor no Mundo das Trevas
ㅤㅤNão era pra ser assim. Não era pra isso estar acontecendo. Se eu soubesse... se eu soubesse o que é ser um vampiro, eu nunca teria dito "sim". Ele não me falou sobre essa fome, não me falou que eu precisaria me afastar das pessoas que eu amo, que eu nunca mais poderia vê-la. Ela era tudo pra mim. Ela é a razão disso tudo. Ainda assim, Elias me disse para eu não ir atrás dela.
ㅤㅤMesmo longe ela ainda me dá forças. Semana passada eu bebi a última bolsa de sangue que Elias me deixou. Não importa o quanto ele insista, eu me recuso a me alimentar de outra pessoa. Isso é doentio. Ele me disse que cedo ou tarde eu vou acabar cedendo à fome, que seria melhor ir pelo jeito fácil e não pelo jeito difícil. Eu sei o que ele está tentando fazer. Está tentando me transformar num monstro. Ele quer que eu seja como ele. Isso não vai acontecer. Ela não me reconheceria. E por ela eu continuo lutando contra a fome.
ㅤㅤEu já não me sinto bem. Há muito tempo eu não me sinto bem. Já estou no meu limite. Não sei o que me dói mais, se é a sede, ou a saudade. Parece que eu vou explodir a qualquer momento. Eu preciso vê-la. Ela é a única que pode fazer essa dor passar!
ㅤㅤO Sr. Rodriguez, porteiro lá do prédio, pareceu estranhar quando eu saí apressado sem responder seu "Boa noite, Mike!". Bom, eu fiz isso pelo seu próprio bem. Eu podia ouvir seu coração bater dentro do peito e o sangue correr em suas veias. A tentação era tão grande... Parte de mim só queria desistir e me entregar à fome. Eu já havia chegado tão longe... Não poderia deixar que todo o meu progresso fosse por água abaixo. Quando eu entrei no carro, tudo pareceu piorar. Minha visão já estava turva e as luzes dos outros carros me deixava atordoado. Sem mencionar a vertigem. Por mais de uma vez eu quase bati o carro pra chegar até a casa dela. Como uma providência do destino, havia uma floricultura nova do lado do prédio dela. Já estavam fechando, mas eu ofereci uma grana extra pelo buquê de flores.
ㅤㅤApesar da loucura que eu acabara de cometer, estava hesitando em apertar a campainha. Eu não deveria ter ido até ela. Não! Eu não posso ficar pensando sobre isso, eu preciso vê-la. Em um impulso irracional, bati à porta. Nenhum sinal de vida. Se eu estivesse vivo, à essa altura minha camisa já estaria banhada em suor. Tornei a bater, dessa vez ainda mais forte. Então pude escutar seus passos suaves se aproximando da porta. E depois de um breve silêncio, ela grita, sem abrir a porta. - Michael? Aconteceu alguma coisa?
ㅤㅤ- Eu... Eu só precisava falar com você...
ㅤㅤ- Michael já tá tarde...
ㅤㅤ- Eu sei... eu sei... Mas eu realmente preciso falar com você. Olha, eu te trouxe flores. - Tentei sorrir, mas a situação não era das melhores. Estava prestes a perder o controle. Tudo o que eu precisava era olhar seu rosto, sentir seu perfume... seu toque.
ㅤㅤ- Você não parece muito bem, aconteceu alguma coisa?
ㅤㅤ- Por que você não abre essa porta pra gente conversar?
ㅤㅤ- Eu não acho que seja uma boa ideia, eu vou ligar pro 911.
ㅤㅤ- NÃO! Não... Não precisa. - Pude ouvir o som do teclado do telefone, sua respiração ofegante. Clair, abre a porta! Clarisse, abre essa porta! ABRE ESSA PORTA, CLARISSE! - Eu a amava tanto, mesmo assim aquela coisa dentro de mim me fez ser tão ignorante com ela. A porta foi ao chão. Ela estava ali, bem à minha frente. Apavorada. As lágrimas rolava pelo seu rosto. Meu coração parecia estar sendo trespassado por uma agulha ao ver a cena. - Você só precisava ter aberto aporta, Clair...
ㅤㅤ- Michael... Por favor... - Assustada, ela tentou se afastar, mas acabou encurralada. - Não me machuca...
ㅤㅤ- Eu só precisava de você, Clair. - Abracei-a, descansando meu rosto entre seu cabelo e pescoço. Aquele abraço costumava me fazer esquecer de todos os problemas. Ela continuava implorando para eu não a machucar. Seu cheiro era tão doce... sua pele tão quente... - Me perdoa, Clair... - Sangue me escapou dos olhos e correu pelo queixo. Eu pensei que ela faria tudo isso passar. Mas no fim das contas, Elias estava certo. Eu acabaria cedendo à fome.
Padre Judas- Administrador
- Data de inscrição : 08/03/2010
Idade : 30
Localização : Brasília - DF
Re: Um conto de amor no Mundo das Trevas
Que triste cara.
Dylan Dog- Data de inscrição : 08/05/2010
Idade : 31
Localização : São Paulo
Re: Um conto de amor no Mundo das Trevas
Não existe final feliz no Mundo das Trevas.
Padre Judas- Administrador
- Data de inscrição : 08/03/2010
Idade : 30
Localização : Brasília - DF
Re: Um conto de amor no Mundo das Trevas
Hahaha fraco. Um personagem com FV bem baixa.
Gam- Data de inscrição : 08/03/2010
Idade : 32
Localização : Rio de Janeiro
Re: Um conto de amor no Mundo das Trevas
Não necessariamente, eu não pensei muito sobre isso. O que está em questão é que a dificuldade dos testes já está bem alta devido à fome. Michael ficou mais de uma semana sem se alimentar, e por vezes resistiu ao frenesi. Infortuniamente (Se é que essa palavra existe) ele acabou cedendo na pior hora possível.
Padre Judas- Administrador
- Data de inscrição : 08/03/2010
Idade : 30
Localização : Brasília - DF
Re: Um conto de amor no Mundo das Trevas
Gosto da maneira como você descreve as cenas mano... Parabéns!
Appollo Dragúlia- Data de inscrição : 28/03/2016
Idade : 39
Localização : Santana de Parnaíba
Tópicos semelhantes
» Quem é você no mundo das trevas (O retorno)
» Cheryl - Um conto dos Grimm
» Cheryl - Um conto dos Grimm (PART II)
» Cheiro de Fim, um conto sobre Marie Antoinette
» Big Apple (Nova York by Night) - O Conto da cidade Vampirica .
» Cheryl - Um conto dos Grimm
» Cheryl - Um conto dos Grimm (PART II)
» Cheiro de Fim, um conto sobre Marie Antoinette
» Big Apple (Nova York by Night) - O Conto da cidade Vampirica .
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos