Domínio de Sangue V

______________________________

Yassemine Queen

Yassemine tinha muitos anos em sua bagagem. Todo esse tempo lhe ensinou a não acreditar em coincidências. Para ela, o destino era tão certo quanto o ar que ela não mais respirava. Claro que isso unia-se à sua própria intuição, que era quase como uma bússola para as decisões da Anciã. Thompson estava à sua frente, a mercê dos questionamentos da suserana do Laço de Sangue. Ele claramente não tinha chance alguma contra o poder imortal do vitae, que, unido ao esquema que caracterizava a relação entre os dois, fazia a balança pender totalmente para o lado de Yassemine.

"- Este endereço o faz lembrar de algo nesse sentido? E quanto ao nome Marvin? Você sabe que pode confiar em mim, estamos ligados pelo destino e eu serei sua guia, sua mão forte."

Thompson era de fato um livro aberto. Suas emoções eram aparentes e a Assamita nem precisava valer-se de suas habilidades sobrenaturais para notá-las e interpretá-las. A preocupação era evidente, claro, fora ideia da própria Yassemine, mas também há espaço para dúvida. É possível ver o Mortal tentando fazer relação com o endereço no papel, o nome e seu passado recente.  Mas sem sucesso.

- Não consigo lembrar de nada. Isso tem a ver com meu futuro? É o lugar onde eu vou... E a pessoa que vai me dar um fim? Eu não conheço ele, mas se for pra me salvar eu faço o que for.

É possível ver o policial tremendo em seu acento. Ele não sabia de nada. Pelo menos não sobre o tal Marvin, afinal era só um nome como qualquer outro, sem nada pra correlacionar. Porém sua avidez podia ainda ser útil se direcionada para o lugar correto. Yassemine só precisava traçar os próximos passos e decidir como movimentar suas peças.

As horas se passam e Dezmond começa a ser engolido pela culpa e desespero. O ambiente enclausurante dos túneis de esgotamento ao seu redor também não era nada animador. Patrícia jazia logo ao lado. Sem cor, sem pulso, sem esperança. Tinha sido por egoísmo do Caitiff em não obedecer às ordens de Riviera que ela havia encontrado esse fim. E agora ele tentava trazê-la de volta. Era irônico como, sem intenção, ele havia trazido alguém para a não vida semanas atrás, e agora, quando seu querer não poderia ser mais verdadeiro, ele não consegue. As consequências dos últimos eventos também começam a tomar parte dos seus pensamentos. Será que Riviera ainda estava vivo? E se estivesse, perdoaria Dezmond por não seguir suas ordens e ter deixado a garota morrer? E a mulher misteriosa do Burning Angel se daria por satisfeita? A preocupação começa a aumentar, até que o sono imortal engole o jovem Membro para os pesadelos aterradores.

DADOS:

As imagens, como sempre, preenchem os sonhos do Caitiff. Dessa vez de uma forma menos agressiva, mas ainda assim incômodas. Nesta noite, a morte de Patricia vem à tona. Dezmond não havia testemunhado tal fato, mas sua mente faz questão de preencher essa lacuna de várias formas diferentes, todas elas finalizando com o sangue jorrando da ferida do pescoço da jovem. Em todas elas, ela clama por uma ajuda que nunca chega.

O despertar é súbito. Os sentidos trazem à tona o ambiente fétido em que se encontrava. A água lodosa corria lentamente, enquanto a umidade fazia a sujeira se impregnar ainda mais em qualquer coisa que fosse tocada, inclusive o próprio Vampiro. Porém essas coisas passavam despercebidas por enquanto, pois Dezmond ainda tinha Patricia em seus pensamentos. Ela, no entanto, permanecia no sono eterno. As esperanças se foram. Derrotado, ele move o corpo letargicamente. Sentia uma tristeza translúcida, algo que vinha do seu lado humano remanescente e conflitava com seu lado predador, afinal a fome da Besta já começava a atiçá-la. Patricia ainda usava o mesmo vestido curto, que não tinha muito espaço para bolsos. O Caitiff inspeciona apenas como uma forma de não deixar nada para trás, mas algo cai no chão com o movimento. Não vira de onde foi, mas certamente não era algo que ele carregava, então talvez fosse da jovem. Um pequeno pedaço circular de vidro. Uma lente de contato?!

PS: 04/14
FV: 07/08
OBS: Pele Ruborizada e Respirando. Escoriado (0), Máscara de Mil Faces ativa.

---

Dezmond enfrentava seus demônios internos enquanto permanecia ao lado de um corpo que ao que tudo indicava não iria se levantar novamente. Por muito tempo se odiou por não ter seguido uma instrução tão simples, sentia-se frustrado e estagnado, seus esforços tinham sido em vão, e tentava conter aquele sentimento gritante de que tudo era culpa da dona da boate e que ela tinha de pagar. O Caitiff esperava que depois de um dia de sono o sentimento se aquietaria, mas ver e imaginar as diferentes formas com o qual Patricia tinha conhecido seu fim teve o efeito oposto.

Quando acordou na noite seguinte e confirmou que a garota não havia se movido um milímetro, quis chorar. Ficou em silencio por um momento se afogando naquelas sensações, mas nenhuma lagrima veio à tona.

Ainda tomado pela melancolia se aproximou para investigar os bolsos e despedir-se do corpo. Não imaginava que fosse encontrar nada além da carteira que tinha dado a ela noite passada. Mas para sua surpresa, Dezmond encontrou um vidro circular pequeno o bastante para parecer uma lente de contato.

Não parecia importante ou valioso, era apenas uma lembrança de Patricia. Um lembrete da noite que resolveu agir impulsivamente e permitiu uma morte desnecessária. Aquele pequeno objeto lhe causava enraivecia e ele muitos queria arremessa-lo longe e nunca mais o ver. Queria desistir de toda aquela ideia idiota de que podia usar seus dons e sua existia pra criar algo de positivo, mas algo o conteve. “Isso não vai ficar assim.... Sua morte não vai ser ignorada...”

Erguendo-se do chão sujo com sua motivação reestabelecida voltou a dar a atenção ao objeto. Dezmond achava que podia tirar alguma informação daquilo, sabia que podia ver auras, talvez algo semelhante pudesse ser feito com objetos, com um pouco de concentração e foco em seus poderes Auspiciosos tentou extrair qualquer pitada de informação que pudesse, fosse pelo toque, fosse pelas impressões visuais ou por poderes que ainda não sabia que tinha. (Toque do Espírito/Auspícios 3) Terminada a analise guardaria aquela lente em um de seus bolsos, preferencialmente envolta em algum pano para garantir que não se perdesse ou se quebrasse.

Finalmente se colocaria a procurar uma saída dos esgotos, não necessariamente a mesma, qualquer escadaria que desse para as ruas. De lá, seguir com seu planejamento inicial de comprar roupas inteiras, limpas e baratas, alugar um quarto de hotel barato e tomar um banho antes de sair a procura de vitae. Tão logo saísse dos esgotos sujos voltaria a respirar, respirar e se ofuscar, tentando assumir o rosto do segurança dono da moto, o mesmo que ainda tinha os documentos. Usaria aquela aparecia para alugar e sair do hotel, e então trocaria para uma outra aparência que havia assumido anteriormente e tinha planejado fazer dela uma identidade alternativa pelo qual esperava ser reconhecido. (A Máscara de mil Faces/Ofuscação 3)

Disfarce:

Depois de aprontar-se e entrar em seu segundo disfarce, faria seu caminho até a zona de clubes e baladas jovens para procurar nutrientes já mantendo o olho atento a qualquer maconheiro pela área. “Depois disso, eu preciso dar um jeito de me explicar pro Rivieira... Ou ir atrás de informação daquela filha da puta... Ela parecia saber usar magias e tudo mais, então talvez os Feiticeiros da Camarilla possam ser uteis... Isso se não forem compactuados com ela...”

O vislumbre do pequeno objeto só servia como um catalisador para a dor interna que toda aquela situação causava a Dezmond. Ele era jovem e suas convicções ainda mantinham-se intactas desde o Abraço. Por isso, a tristeza que ele sentia só se intensifica. Sua mente luta contra esses sentimentos. Sua parte humana é vulnerável, enquanto sua parte morta rejeita aquilo tudo. No entanto, a apatia só diminui quando ele decide fazer algo a respeito. Se Patricia teve realmente seu fim, que a justiça recaia sobre aqueles que o causaram. A chama de vingança acendia em seus olhos e a lente de contato se torna uma possível pista do que o Desgarrado podia fazer daqui para frente. Com a esperança de conseguir algo mais antes de tomar os próximos passos, Dezmond se foca naquilo que suas mãos seguravam, até que sua mente começar a captar as vislumbres fora da realidade dos cinco sentidos.

A primeira coisa que se vê é Patricia. Sua pele branca é inconfundível. Ela está com um capuz, mas seus cabelos loiros saem pelas laterais. E nesse momento, é como se seus sentimentos pudessem ser compreendidos totalmente. Ela está aflita, em necessidade, vulnerável. E nesse momento uma segunda figura surge lhe oferecendo ajuda. Porém não é uma oferta altruísta. A pessoa se revela sendo a mulher asiática da noite anterior. Em uma mão ela mostra dinheiro, enquanto na outra há uma pequena caixa com duas lentes de contato. Patricia realmente quer esse dinheiro, mas ela pesa a decisão por alguns instantes. Por fim, a garota levanta o rosto para a mulher e pega as duas coisas que lhe são estendidas. Seu rosto fino está decidido e seus olhos verdes não tem mais dúvida. Espera um minuto. Olhos verdes?!

Dezmond desperta do transe subitamente, sua mente ainda processando o que acabara de ver. No entanto seu tempo para conjecturas não é longo. Um calafrio corre por sua espinha. Isso nunca era um bom sinal. Ele sente que não estava mais sozinho ali. E e formigamento em sua nuca gritava perigo mais alto que qualquer coisa.

Thompson se atrapalhava com as palavras, claramente ainda amedrontado e confuso por toda a situação. Quando Yassemine falava, ele dava toda atenção, porém era notável sua apreensão.

- Nem eu conheço todos os locais. Na verdade eu sou pago pra não precisa saber. Mas os mais importantes da área norte ficam próximos do cemitério Palm. Tem três locais, mas eles costumam revezar os pontos por segurança. No bairro Summerlin, eles costumam usar os "pombos". Entregadores que são a ponte entre os compradores e os vendedores. Então lá só compra quem conhece alguém. Mas os "pombos" costumam ser bem conhecidos e bem informados. Eu conheço um ou dois que já tiveram entrada.

DADOS:

Thompson fornecia endereços e alguns nomes, porém Yassemine não conseguia relacionar essas informações com os registros dos Membros residentes. Vegas era uma cidade grande e manter a memória exata de tais dados não era tarefa simples. Talvez se ela cavasse um pouco mais, tais revelações viessem à tona. Ao fim de tudo, satisfeita com o que conseguira até então, ela se despede do delegado e chama seu motorista com o objetivo de fazer uma vista até Joe.

A loja mecânica ficava numa parte mais simples, em uma avenida comercial da classe média. A limousine certamente chamava atenção naquele local. Yassemine desce do veículo e toca a campainha do prédio, que estava fechado a essa hora. Não demora muito até que o mesmo Vampiro de pele morena abra a porta.

"- Olá Joe! Você me fez vir até aqui, então já sabe que me deixou curiosa ou furiosa. Diga-me, quem é Marvin e porque ele esta em sua lista?"

O Membro claramente se surpreende com o início do diálogo e com a presença da Anciã. Ele perde as palavras por alguns instantes, mas logo volta para o seu constante sorriso meio amarelo meio malicioso.

- Minha lista tem tantos nomes que eu nem sequer lembro quem está fora e quem está nela. Mas já que está aqui. Se quiser entrar, tem algumas coisas que eu lembro que podem te agradar. - ele abre caminho e escancara mais a porta.

PS: 04/14
FV: 07/08
OBS: Pele Ruborizada. Escoriado (0). Fascínio Ativo.

---

Ainda sem saber exatamente o que estava fazendo, Dezmond consegue usar de dons mais avançados aos quais estava habituado e capta diversas imagens daquele único objeto. Durante seu transe, ele sabia exatamente com quem estava lidando, nunca tinha visto seu rosto, mas se esforçava para tentar pegar aquela imagem naquele momento. Aquilo quase o distraiu de notar os olhos verdes no fim.

Por um segundo analisou se a lente em suas mãos tinha alguma cor, e pouco antes do arrepio se pegou abrindo as pálpebras da defunta para checar por lentes de contato ou olhos de cores diferentes. Mas como o tempo era curto apenas guardou a lente e se pôs de pé e preparado para reagir caso alguma coisa acontecesse.

Passando os olhos pelo cenário procuraria por pessoas escondidas, criaturas ofuscadas ou até mesmo coisas mais estranhas se assim conseguisse ver. Caso não encontrasse nada nem ninguém, tentaria jogar algumas palavras ao vento e esperar por alguma resposta. – Eu sei que você está aí, apareça, vamos conversar. Eu posso garantir que não vou lhe causar nenhum mal nem quero causar problemas. – Mesmo sem ter certeza se estava sendo visto ou se havia sequer alguma coisa ali, resolveu dar um empurrãozinho as palavras com sua presença. (Fascínio/Presença 1)

Caso conseguisse ver a presença que sentia, as palavras seriam semelhantes, apenas deixando claro que podia vê-lo enquanto manteria contato visual e uma postura relaxada e tranquila. Por hora não respirava, nem mesmo se lembrava quando havia parado de fazê-lo, mas no momento não pareceu prudente começar. Mas seu sangue ainda fervia com aquela sede de vingança dando pigmentação a pele morta.

Já estava imaginando que tinha infringido mais alguma regra qualquer de domínio ou qualquer outra que não estivesse familiarizado. Só não seria pior do que encontrar Riveira agora com a garota importante morta.

A viagem a Nuiqsut provou-se ser um desafio e tanto para Lazarus. Dentre quedas de helicóptero e cultistas sanguinários, o Membro se viu em meio a uma trama sombria que nem ele mesmo entendia totalmente. Catrina era o motivo dele ter ido até lá, no entanto as pistas não deram sinal de sua Senhora. Não até que seu companheiro momentâneo Nicolas conseguiu uma comunicação rápida além da Mortalha. Era um poder que o Sangue-Fraco não compreendia totalmente, no entanto o Ragazzo conseguiu algo no rápido diálogo. Ele conta que Catrina não estava mais em Nuiqsut. Seu espírito permanecera lá presa por algum tempo, mas algo foi capaz de libertá-la. A natureza dessa libertação se mantinha um mistério, mas a Malkavian havia deixado uma mensagem para a sua cria antes de sumir mais uma vez.

"Busque o órfão nascido no pecado. Ele é a chave para o olho da mente."

Lazarus não tem outra alternativa a não ser retornar para New York. As palavras de Catrina não faziam muito sentido na sua cabeça, parecia mais um enigma do que um recado. Por que ela decidia passar a mensagem dessa forma? A viagem é longa e carrega um gosto amargo, até que o Harlem o abraça como uma mãe acalentadora. Apesar da aparente derrota, era bom estar em casa mais uma vez. Algumas noites se passam enquanto o Sangue-Fraco tenta entender tudo pelo que passara. Os problemas que sempre surgem no bairro ajudam-no a manter a mente afiada, e logo quando ele buscava uma alternativa para restabelecer contato com Catrina novamente um vislumbre do destino bate à sua porta.

Morales recebe uma visita de um homem negro. Ele é alto, careca e está num estado de alerta que é exagerado mesmo se este estivesse sob Caçada de Sangue. O sujeito em si não carrega muita importância, no entanto ele se declara como um mensageiro e entrega uma carta de ninguém mais ninguém menos que o Primógeno Malkaviano Batherhaul.

"Ao Sr. Lazarus Morales,
Lhe é oferecida uma oportunidade de provar-se digno de carregar o sangue da renomada Lady Catrina. Se aceitar, receberá uma mensagem acompanhada de um pacote que deverá ser entregue pessoalmente ao Senescal Montrose em Las Vegas. Reitero que tal tarefa carrega importância por si só, não só para o desempenhador dela, como para ambas cidades envolvidas. Os meios para o trajeto serão fornecidos. Você terá uma noite para dar sua resposta para a oferta. De antemão, caso aceite, desejo boa sorte e uma ótima estadia na Cidade do Pecado.

Batherhaul C."

Não podia ser coincidência. As palavras de Catrina, passadas a ele por Nicolas, ribombam em sua mente, fazendo-o experimentar uma sensação que só o destino poderia proporcionar. "...o órfão nascido no pecado". "Cidade do pecado". Se Lazarus queria um sinal que permitisse algum tipo de interpretação daquele enigma, ele não poderia pedir algo além disso. O homem negro recolhe a carta e informa que voltará para saber da sua resposta no fim da noite, saindo, por fim, olhando para todos os lados. Cabia a Lazarus agora decidir o que fazer e organizar-se para qualquer que fosse sua escolha.

Depois do vislumbre, Dezmond abaixa os olhos para a lente em sua mão, porém a escuridão dos esgotos não permitia-o ver detalhes como a cor dele. De toda forma, o alerta o traz para preocupações mais urgentes. A sensação o põe imediatamente em prontidão, e logo ele se vê fitando seus arredores, tentando achar algo escondido. O ambiente não era seu aliado no momento.  A pouca iluminação fazia as sombras predominarem ao seu redor, o que torna a situação ainda mais angustiante.

"- Eu sei que você está aí, apareça, vamos conversar. Eu posso garantir que não vou lhe causar nenhum mal nem quero causar problemas."

Alguns segundos se passam enquanto a voz de Dezmond ecoa pelas galerias subterrâneas. O momento de espera e tensão causaria-lhe um calafrio se ainda estivesse vivo. No entanto a resposta que ele obtém faria muito mais que isso.

- Você fede a problema. O tipo de problema que nós costumamos exterminar.

A voz é esganiçada e vem de um ponto escuro a alguns metros à direita do Caitiff. A voz traz um tom de ameaça que faz a Besta do Neófito começar a esticar suas garras, preparando-se para uma luta pelo controle. Por mais que ele quisesse parecer calmo, a situação, a fome e os acontecimentos anteriores não o deixavam fazer isso, de forma que, inconscientemente, seu corpo se preparava para agir, colocando o peso na parte frontal de seus pés. Ao olhar para a origem da voz, é possível ver algo que se move em meio às sombras, embora um vulto é o máximo que se consegue distinguir. Ele se aproxima uns poucos passos.

- O que é esse saco de sangue jogado aí?

"- Ah! Obrigado pela gentileza. Acha que terei dor de cabeça se deixar meu motorista aqui na frente? Vamos conte-me tudo sobre sua lista e tudo o mais."

- É pra isso que o seguro serve... - ele olha por trás dos ombros de Yassemine e vê a limousine, comentando baixo consigo mesmo logo em seguida. - É, certamente tem seguro.

Joe segura a porta aberta para que Yassemine entre. O lado de dentro não é nem de longe agradável. Para alguém que frequenta os salões da alta sociedade como ela, o lugar era um estabelecimento de quinta. Mal decorado, com móveis mal dispostos e mal iluminado. Porém não era pelo ambiente, que a Assamita estava aqui. O anfitrião leva a convidada até um sofá meio desgastado numa espécie de sala de espera da parte administrativa da loja. Fora o local mais confortável que ela vira ali. Sentados, Joe retoma.

- Olha, eu tenho certeza que não foi por uma simples lista que você veio até aqui. Se eu realmente aticei a sua curiosidade, Madame Xerife, deixe-me dizer que posso te surpreender com o que sei.

Apesar do jeito convencido, Joe ainda sabia demonstrar certo respeito da maneira dele. Claro, o sorriso nunca saia totalmente de seu rosto, o que podia ser um estorvo, dependendo da pessoa, mas isso era algo fácil de se acostumar.

- Diga-me se eu estiver errado. Dos últimos problemas que a Camarilla vem enfrentando, a parte norte de Vegas é a que tem dado mais dor de cabeça, não é mesmo? - após um breve momento, ele segue. - Falta de comprometimento dos residentes, situações que aparentemente não tem explicação... Tudo isso em um território disputado. Mas eu e você sabemos de um lugar que exerce, ou deveria exercer, uma tremenda influência sobre isso tudo. A Capela Tremere. Bem no meio de North Vegas. Como tudo isso acontece bem debaixo do nariz deles?

As observações e questionamentos levantados por Joe faziam total sentido. Ou ele era realmente bem informado, ou sabia fingir muito bem. Ele termina a pergunta com um tom de quem já tem a resposta, porém o mesmo aguarda uma reação de sua interlocutora para saber se valia a pena continuar.

PS: 04/14
FV: 07/08
OBS: Pele Ruborizada. Escoriado (0). Visão aguçada (Auspícios)

---

Sozinho no escuro, não conseguia discernir a cor da lente ou mesmo ter visão da presença que espreitava por ali. Suas palavras ecoavam pelos tuneis e por um segundo achou que não haveria resposta. E junto veio aquela irritação em seu estomago, a sensação de que algo ruim estava prestes a acontecer.

Dezmond era acostumado a aturar Vampiros babacas, ele sequer daria muita atenção ao comentário em um dia normal, mas hoje já tinha fechado o punho e se preparava pra socar o homem invisível. O Caitiff amplificava sua visão tentando penetrar a escuridão (Sentidos Aguçados/Auspícios 1), por hora se mantinha imóvel, mas já irritadiço.

- Não precisamos de nenhum extermínio por aqui, não hoje... – A força magnética que antes tinha emitido agora cessava. – Eu acabei trazendo em um momento de tensão alguém que já estava morto, eu fiquei pelo dia pra evitar o Sol, levarei ela quando sair e não vou voltar aqui a menos que seja convidado caso essa seja sua preocupação. – Permitindo que o vulto se aproximava, esperava que pudesse dar uma boa olhada na criatura que imaginava naquele ponto ser um dos famosos Nosferatus que viviam nos esgotos. Se necessário recorrendo aos seus dons para quebrar qualquer tipo de tentativa de ofuscação como ele mesmo costumava usar.

Também tentaria checar para garantir que o “nós” não se aplicava naquele momento. E também tentava conter seus pensamentos sobre como seria o gosto de um dos ratos de esgotos, ou sobre o próprio soco com o punho o tempo todo cerrado e pronto para agir.

EL DIABLO

Com a carta em mãos Lazarus passa a mão na cabeça e termina esfregando a própria nuca em seu tradicional tique nervoso. O Malkaviano se perde em seus pensamentos devido a coincidência da mensagem de sua senhora "Busque o órfão nascido no pecado. .." e a incumbência de ir até Las Vegas "A cidade do Pecado" quando de súbito o mensageiro recolhe a carta e informa que retornará para obter a resposta.

O Malkaviano fica a observar o homem distanciar-se e verifica se realmente é capaz de detectar algo que possa estar seguindo o sujeito ou se e apenas paranoia do mensageiro [Auspícius]. Após perder o sujeito de vista, Lázarus adentra em sua residência e fecha a porta e para não perder tempo ele rapidamente aprontou uma mochila com que julgava ser importante ser levado: Roupas, acessórios, cigarro, isqueiro, documentos e um pouco de reserva de dinheiro.  Lázarus já esta a algum tempo em busca de respostas sobre o paradeiro de sua senhora e isto já o levou a lugares e situações que vão desde adentrar o Porão de um clube noturno para identificar um diablerista a sobreviver a uma queda de helicóptero em uma terra hostil. O Malkaviano pragueja por não ter aproveitado a oportunidade de obter mais informações e decide enviar uma mensagem para seus companheiros de gangue para que permaneçam na "encolha" até a poeira baixar pois ainda desconfia que a polícia está na cola deles.

A situação se complicava, uma vez que Dezmond descobria não estar sozinho nos esgotos. Por que ele não pensara nisso antes? Todos sabem que os domínios dos esgotos pertencem aos Nosferatu. Se este era um deles como ele pensava, teria cometido uma grave intrusão. Claro, os acontecimentos da noite passada não lhe deram muita alternativa, e talvez isso tenha nublado sua cabeça em relação às preocupações que deveria ter tido. De toda forma, os porquês não importavam muito, já que a questão chave agora era sair dessa situação.

Por sorte, os instintos do Caitiff o fizeram notar a aproximação antes do pior acontecer, no entanto isso em si não era uma solução. Ele aguça seus sentidos para penetrar a escuridão. O breu se abranda e agora é possível ver parcialmente as feições da pessoa com que ele conversa. Ela tem estatura baixa e usa pouca roupa. O corpo afilado dá indícios de ser uma mulher, mas a pele branca de aparência gosmenta e a cabeça disforme com poucos fios de cabelo deixam a incerteza pairando. De toda forma, a figura horrenda não se torna menos ameaçadora, mas pelo menos identifica com o que Dezmond estava lidando. Ele, por sua vez, preferia sair dali pacificamente, então tenta parecer inocente e confiável.

"- Não precisamos de nenhum extermínio por aqui, não hoje... Eu acabei trazendo em um momento de tensão alguém que já estava morto, eu fiquei pelo dia pra evitar o Sol, levarei ela quando sair e não vou voltar aqui a menos que seja convidado caso essa seja sua preocupação."

DADOS:

Talvez fosse a Besta falando mais alto dentro de si, mas as palavras de Dezmond não saem tão apaziguadoras quanto ele gostaria. Na verdade, o  "não hoje" fica como uma ameaça implícita, intensificando a tensão no ar. A Nosferatu puxa de trás de si algo que parece ser um bastão pequeno. Ela segura-o ao lado do corpo e começa a dar pequenos passos à frente.

- Você não vai ter uma segunda chance de aparecer aqui de novo e matar nossos já poucos bichinhos. Eu não vou engolir essa merda de papo furado.

Dezmond percebe que não haveria saída diplomática dali, mas em meio a isso, ele nota duas coisas devido aos seus sentidos aguçados. Primeiro, a criatura à sua frente agia lento demais para alguém que declarava-se inimigo. E segundo, as águas do escoamento atrás de si agitavam-se rápido demais para o fluxo normal. De fato, havia um terceiro na cena.

PS: 04/14
FV: 07/08
OBS: Pele Ruborizada. Escoriado (0). Visão aguçada (Auspícios)

---

O que já não estava bonito ficava feio. A figura era certamente um Nosferatu e apesar de não ter certeza, imaginava ser também uma mulher. A aparência horrenda não era repulsiva aos olhos do Caitiff, por mais que houvesse o choque momentâneo com as características particulares daquela Nosferatu, Dezmond via tais marcas com curiosidade e interesse, mas não conseguia deixar de sentir um tanto de pena pela aparência deles e culpa por ser um deus irlandês.

Toda a empatia que podia sentir pela criatura horrenda foi para o ralo quando sua tentativa de acalmar os ânimos foi ignorada enquanto a mulher se preparava para o ataque e o Caitiff imaginou que houvesse mais deles. – EI! EI! EI! CALMA LÁ! – Levantando as mãos e recuando alguns passos para trás preparou-se e então passou e emanar sua presença da forma mais intensa e descontrolada que podia em direção a mulher(?). (Transe/Presença 3)

Considerando que ela hesitasse, estufaria o peito tentando esbanjar um charme que não tinha e esconder a fome e intenções de rasgar o pescoço dela naquele exato momento. – Isso é tudo um grande mal-entendido!... Okay, eu infelizmente matei o pequeno Willian, eu estava, ou melhor, estou morrendo de fome. Ele foi a primeira fonte viva que eu vi, me desculpe, eu não tenho prazer nenhum em matar ninguém, nem mesmo um rato... Ou melhor, principalmente um rato... – Enquanto falava e continuava a falar, nem mesmo ele sabia mais o que queria dizer, apenas imaginava que se conseguisse um efeito de grande intensidade com sua presença as coisas iriam virar a seu favor, quem sabe ela poderia até mesmo enfrentar seu aliado em nome do Caitiff. Tudo que ele sabia é que não queria ter que recorrer de imediato a violência, todos os seus instintos e vontades lhe mandavam fazer o contrário, mas pretendia evitar enquanto possível.

A ideia de dominá-la para lhe proteger estava engatilhada na ponta da língua. Primeiro iria tentar uma abordagem menos agressiva. Esperar que aquele pequeno empurrão fosse o bastante, mas se ela ainda demonstrasse agressividade ou sinais de avançar com o bastão, moveria a mão aberta na altura dos olhos de forma a forçar contato visual para então emitir o comando. – Ataque somente aqueles que me atacarem! – (Hipnotizar/Dominação 2)

Uma vez que conseguisse acalmar a Nosferatu em sua linha de visão, Dezmond começaria a procurar pelo possível segundo que ainda estava escondido, ao que os sons indicavam, próximo d´agua. Procuraria se manter em guarda enquanto procurava pela presença que estava escondida natural ou sobrenaturalmente, teria certeza de utilizar o Auspícios para auxiliar na procura.

Após recolher a carta, o mensageiro esquisito não tarda a sair. Lazarus inspeciona a região, mas não nota nada de estranho. O homem certamente tinha alguma paranoia e era cauteloso além do necessário. De qualquer forma, após ele sumir da vista, o Sangue Fraco começa a fazer planos para sua ida a Las Vegas. Sem chances que tudo isso era uma coincidência, por isso ele ia agarrar a chance que tinha para reencontrar Catrina. Só leva alguns minutos para que ele prepare tudo. Não sabia quanto tempo iria passar fora, portanto levava o essencial e avisava aos companheiros de gangue sobre os perigos enquanto ele estava fora. A Fome não era um problema, então ele decide aguardar para informar sua aceitação.

_________________________________

A noite seguinte começa cedo. O mesmo homem negro que retornou na noite anterior para receber a resposta de Lazarus bate à porta. Assim que ele vê o Membro, ele põe um caixote de madeira que estava segurando no chão próximo, faz um leve aceno com a cabeça e faz sua saída a passos rápidos sem trocar nenhuma palavra. Sem muita opção, o Sangue Fraco leva o objeto para dentro e o abre. O conteúdo do caixote consiste em três envelopes e uma pequena caixa de madeira. Esta última parece estar fechada com algum tipo de encaixe. Ela é pequena, do tamanho de uma caixa de charutos, e tem uma tonalidade escura com alguns contornos mais claros em baixo relevo. Dos três envelopes, um tem um adereçamento na frente: "Ao Sr. Lazarus Morales". Ele abre-o e percebe que é uma carta.

"Sr. Morales,
Em virtude de sua aceitação a realizar a tarefa lhe apresento os materiais que devem ser entregues. O envelope branco contém a mensagem para o Senescal de Las Vegas Montrose do Clã Nosferatu e deverá acompanhar a pequena caixa de madeira e o seu conteúdo. Tais objetos são de vital importância e não devem ser abertos a não ser pelo destinatário. Seu transporte está lhe esperando na pista de pouso particular C no aeroporto Teterboro e lhe levará até a cidade de Flagstaff. De lá prossiga para Las Vegas como julgar melhor. O Elísio em questão localiza-se no Hotel Cassino Mirage e sua chegada já foi anunciada. O envelope cinza contém uma quantia suficiente para suas eventuais despesas. Não falhe."

A última frase da carta deixa uma impressão e tanto, mesmo sendo algo escrito. Lazarus sente pelas palavras que esta não é uma simples tarefa de mensageiro. Senão, por que seu transporte não seguia direto para Vegas ao invés de uma cidade próxima? Bem, era tarde demais para voltar atrás com sua palavra, e provavelmente isso sequer passava pela cabeça do Vampiro. Seu real objetivo era mais importante que qualquer outro detalhe do caminho. O aeroporto mencionado não ficava muito distante e ele já tinha tudo que precisava. Bastava saber agora se tinha algo a mais para planejar ou resolver em NY antes de partir.

Encurralado nos esgotos, Dezmond decide usar seus Dons para se livrar da situação. Realmente as circunstâncias não trabalhavam ao seu favor, então certamente uma diplomacia comum não iria funcionar. Sua presença magnética é emanada e a Nosferatu não tem outra opção senão hesitar em sua caminhada. Não havia certeza de que isso realmente fora obra da Disciplina, mas, de uma forma ou de outra, o Caitiff irrompe em tagarelice como de costume. Eram desculpas como qualquer outra, uma enxurrada de palavras com uma pitada de manipulação dos fatos, jogadas mais para confundir o ouvinte do que realmente convencê-lo. Porém elas pareciam ter algum efeito, já que a criatura a sua frente vira o rosto de lado levemente numa expressão que parece indicar que estava considerando o que era dito no discurso.

Quando o Desgarrado termina de falar, um silêncio paira no ar. Mesmo a água faz pouco barulho aos ouvidos aguçados dele e é até possível ouvir o som distante do motor de alguns carros da superfície. Ele, então, vira o rosto, olhando para os arredores, certo de que havia um segundo inimigo nas redondezas. Seus olhos tentam penetrar qualquer barreira sobrenatural existente, mas ele sabia que nem sempre era simples assim. De repente, uma voz corta o ar.

- O que houve Sarah?

A voz vem literalmente das costas de Dezmond e quando ele se vira, se depara com um corpanzil vasto de uma criatura horrenda. O ser está a poucos metros do Caitiff meio agachado , apresentando uma forma volumosa, evidente pelas banhas que escapam por suas roupas maltrapilhas. Ele parece estar inspecionando o corpo de Patricia e de sua boca escorre um líquido rubro nojento que cai sobre o rosto dela. É difícil ler as expressões naquele rosto inumano, mas algo que se percebe é a presença ameaçadora dele.

- Não sei. Ele parece não mentir. - o Nosferatu aparentemente feminino responde à pergunta que parece ter sido direcionada a ela.

Joe segue sorridente em meio ao diálogo com Yassemine. Era uma sorriso esperto, daqueles que faz a curiosidade se elevar sobre o que ele esconde. Muitos dizem que sempre há algo por trás de um sorriso. Mesmo o faz sincero deles ainda possui um sentimento oculto. Neste caso, essa impressão era muito maior. Yassemine lê mais uma vez a aura do Membro. O tom escarlate torna a aparecer, assim como a palidez da cor. A interpretação era tão óbvio quanto pouco esclarecedora.

- Bem, eu já ouvi algumas histórias sobre as capelas Tremere. Dizem que são impenetráveis. Mais seguras que o próprio Elísio. Alguém seria louco de entrar em uma sem ser convidado. Um lugar assim deve esconder diversos segredos. Coisas que alguém como eu nem poderia imaginar. Acontece que, apesar da minha ignorância a respeito do conhecimento dos Feiticeiros, eu acabei esbarrando em algo que torna esse lugar não tão impenetrável assim. É um detalhe interessante, que nas mãos certas poderia responder várias das perguntas que eu levantei anteriormente.

Joe gesticula bastante, mas não tem pressa para chegar ao ponto. Talvez Yassemine soubesse apreciar a beleza de um discurso bem colocado. Ela, no entanto, já sabia da ideia por trás daquilo tudo.

- Apesar disso tudo, isso é algo que diz respeito a mim tanto quanto a quem eu confiar essa informação. Afinal, coisas assim não caem do céu no meu colo, e a vingança imortal cruza o mundo para ser saciada. Sendo assim, um risco sempre tem que vir acompanhado de uma compensação, não concorda?

Joe tentava não colocar todas as cartas na mesa. Apesar de Yassemine pensar que aquilo que ele tinha valia a pena, o próprio Joe não parecia ter certeza de que havia convencido a Xerife. Não era surpresa, já que havia uma pressão inerente ao território em que ele estava se aventurando. Para a Anciã, tramas assim eram naturais. Outros, no entanto, ainda eram jovens nesse assunto.

PS: 04/14
FV: 07/08
OBS: Pele Ruborizada. Escoriado (0). Visão aguçada (Auspícios)

---

Dezmond estava pronto para reagir a qualquer ataque, mas conseguiu relaxar um pouco quando a mulher cessou o avanço. Ela ouvia a tagarelice e considerava algumas coisas, mas não parecia mais considerar o melhor meio de atingir a cabeça de Dezmond, que por sua vez tentava procurar pelo companheiro da Nosferatu.

Quando encontrou o outro membro, ele estava próximo e fora de sua linha de visão. Tão feio quanto o primeiro, mas ao mesmo tempo de forma oposta. A criatura gotejava alguma coisa vermelha no corpo desfalecido, não era uma visão bonita e embora sua primeira ideia fosse afastá-lo, reconsiderou o fato por estar invadindo o território dos Ratos de Esgoto.

Tornou a voltar o olhar para Sarah, para ter certeza de que ela realmente não estava apenas o deixando tranquilo para atacar logo mais. Queria analisar dentro do possível se ela estava sendo sincera no que dizia. (Empatia) – Sim, ela está certa. Eu não menti. Eu invadi sua residência sem saber que ela já tinha dono. Eu estava tentando fugir de outra galera, todos os problemas que eu causei por aqui foram em boa parte por falta de informação e conhecimento, eu cheguei à cidade a pouco, somado a isso eu também sou novo. Eu prometo que não planejo sacanear vocês nem nada do tipo quando eu sair daqui... – Enquanto discursava sem adicionar novos poderes para a mesa, falava para ambos mas tendo o olhar voltado ao gordo, mas após uma interrupção seguia falando apenas com Sarah. – Sobre o rato eu realmente me sinto mal, principalmente já que vocês tem disseram que tem poucos, eu posso tentar trazer alguns novos pra vocês pra compensar pelo pobre Willian... Em Petshops eles vendem ratos? –

Deixando as distrações do lado, continuaria atento ao maior dos Nosferatu. Ele ainda não havia tentando nenhum truque sujo contra ele, e preferia não ser forçado a fazê-lo. – Ela já está morta e tudo, mas eu ainda preciso tirar ela daqui. Se importa em parar de pingar nela? – Naquela altura, de certa forma ele já estava confiante de que conseguiria sair dali e isso ajudava a lhe manter sob controle apesar da pressão, ele ainda sentia fome, mas a ideia de uma refeição decente fora dos esgotos se tornava cada vez mais preferível à comer um daqueles dois.

O lugar opressivo e o fato de que estava literalmente entre dois Nosferatu ameaçadores não permitia a Dezmond agir com tanta calma assim. Apesar disso, ele sentia que havia controlado a situação pelo menos um pouco. O Membro feminino parecia ter perdido boa parte da hostilidade depois do emprego da Disciplina, pelo menos até onde sua linguagem corporal indicava, já que o rosto inumano não permitia uma leitura acurada das expressões. No entanto, os dois trocam alguns olhares quando o Caitiff volta a falar.

"- Sim, ela está certa. Eu não menti. Eu invadi sua residência sem saber que ela já tinha dono. Eu estava tentando fugir de outra galera, todos os problemas que eu causei por aqui foram em boa parte por falta de informação e conhecimento, eu cheguei à cidade a pouco, somado a isso eu também sou novo. Eu prometo que não planejo sacanear vocês nem nada do tipo quando eu sair daqui... Sobre o rato eu realmente me sinto mal, principalmente já que vocês tem disseram que tem poucos, eu posso tentar trazer alguns novos pra vocês pra compensar pelo pobre Willian... Em Petshops eles vendem ratos?

Nenhum dos dois responde à pergunta. O silêncio era preocupante. Fazia a mente de Dezmond imaginar o que eles pensavam. Será que consideravam as palavras ditas? Ou planejavam atacar de surpresa? Talvez estivessem esperando que outros chegassem. Novamente as teorias retornavam, assim como o diálogo do Desgarrado.

"- Ela já está morta e tudo, mas eu ainda preciso tirar ela daqui. Se importa em parar de pingar nela?"

O segundo seguinte ao pedido parece demorar-se mais que devia, como a calmaria antes da tempestade, parecendo distorcer o tempo. Talvez fossem os sentidos sobrenaturais de Dezmond que davam os detalhes instante a instante, mesmo que seu corpo não pudesse reagir a tempo ao que seus olhos estavam prestes a ver. Aquela massa de gordura que era o Nosferatu move-se rapidamente, fazendo parecer que seu peso não importava. Seu braço ergue-se e desce com o punho fechado contra a cabeça do corpo desfalecido de Patricia. O soco tem uma potência tremenda e faz o crânio ser esmagado, produzindo um som oco de estouro seguido do som pegajoso de cérebro e demais pedaços de carne sendo espalhados.

DADOS:

O choque do acontecimento junto à imagem do corpo sem cabeça da garota que ele salvara apenas uma noite atrás faz a mente de Dezmond vacilar. A Besta tenta aproveitar a situação para tomar controle de suas ações e, por alguns instantes, tudo que ele consegue pensar é em repetir o ato contra aquele que o fez primeiro. Seus punhos se cerram, mas seu autocontrole é forte o suficiente para deixá-lo no limiar, mas ainda dono de suas ações. Isso, no entanto, não apaga a provocação direta que acabara de acontecer. O pançudo imediatamente se levanta, ficando propositalmente sobre o cadáver violado. Em pé, ele parece ainda maior e seu único olho parece ignorar o Sem-Clã, como um deboche arrogante.

A linha de pensamento de Yassemine fazia todo o sentido. Naquela situação, blefar com uma informação daquelas seria no mínimo inconsequente, para não dizer suicida. E de fato, apesar do jeito esperto, Joe não parecia ser alguém que correria riscos tão altos tão levianamente assim. Sim, o que ele falava interessava e muito à Magus, porém ela sabia que podia entrar na barganha e sair ganhando.

- O que você quer de mim para dar todas as informações que está guardando? Apenas diga Joe. Eu tenho muitos poderes e não pretendo usa-los para trair meus aliados, não se ganha jogos assim, eu prefiro jogar limpo e pagar os preços de forma justa.

A Assamita sabia soar convincente e confiável quando queria. Na verdade, isso era como ela soava na maior parte do tempo, mesmo quando tinha segundas intenções. Joe, claro, estava propenso a isso tudo, já que ele mesmo tinha vindo a ela primeiro.

- Duas coisas. - diz o Membro levantando os dedos indicativo e médio. - Primeiro, eu não quero meu nome sujo com essa gente se algo der errado. Isso fica sendo nosso segredo. Segundo, eu quero algo que está guardado dentro da capela. - seu sorriso alarga-se um pouco mais.

- Eu não sei onde está guardado exatamente, mas uma vez com acesso ao interior não deve ser difícil achar. O objeto é um frasco verde em formato de cone com o tamanho de uma mão fechada. Só isso me interessa lá.

Claramente, a frase dita era só uma expressão minimalista. O interesse em um lugar assim não se resumiria a um pequeno objeto. Joe só parecia se contentar com apenas isso.

- Eu costumo poder cobrar alguém que quebra um acordo comigo. Não estou dizendo que espero que você o faça, mas nesse caso específico eu ficaria de mãos atadas se isso acontecesse. Eu gostaria de uma garantia. - ele pensa por alguns instantes e estala os dedos como se tivesse tido uma ideia brilhante. - Que tal você me dizer algo sobre você. Uma coisa sobre o seu passado que poucos sabem. Seria uma ótima garantia para mim, já que o seu ganho é bem maior.

Joe não era estúpido. Ele sabia do poder que Yassemine possuía e reconhecia isso abertamente, porém contornava com uma proposta interessante. Um pedaço do passado. Para a Anciã, talvez isso não passasse de um mero detalhe, mas a peculiaridade do pedido deixava-a interessa nos motivos por trás dele. Mas de toda forma, ela conseguiria o que queria sem precisar se esforçar tanto assim.

PS: 04/14
FV: 07/08
OBS: Escoriado (0). Visão aguçada (Auspícios)

---

Por um tempo o único som nos esgotos era da voz de Dezmond se alongava por um tempo até a quietude voltar. Nos momentos de silencio o Caitiff se certificava de que não estava sendo apenas emboscado pela garota que fingia estar sob seu controle, mas o ataque não veio, ao menos não contra ele.

O pançudo asqueroso quebrava a quietude com o som de ossos esmagados e pedaços de cérebro e sangue respingando mais adiante. Dezmond observou a cena atentamente e com mais detalhes, o golpe violento atingiu antes que pudesse pensar em usar seus dons e cobrir a distancia e agarrar o punho. A besta agitava-se em suas entranhas, e ele desejou que ela ganhasse. Seria uma perfeita desculpa para justificar suas ações, mas naquele momento o Caitff reassumiu o controle e se viu com os punhos cerrados e ainda imóvel.

Ele não disse nada, não respirou, não piscou e sua pele empalideceu. Ficou um bom tempo encarando em silencio a grotesca massa de carne que odiava tão intensamente que não conseguia deixar de imaginar-se socando-o e chutando das formas mais cruéis que sua moralidade era capaz de conceber. Mas sua reação foi sorrir. Um sorriso largo e visivelmente forçado e desgostoso.

- Já que você decidiu fazer isso, vou assumir que a divida do rato está paga. Pra cobrir minha dia de sono, eu não me importo em deixar você dormir na minha casa qualquer dia desses... Já que resolvemos nossas dividas e você prefere manter a organização do seu jeito, eu vou tomar meu caminho e deixar vosso belíssimo território. – Não iria esperar para que entendessem o que estava acontecendo, só seguiria com seu caminho até as escadarias mais próximas. Seguiria resoluto em sua direção, mas sem se deixar distrair. De fato estava atento a tudo e todos, em especial ao “Nosferatu gordo desgraçado filho da puta arrombado do caralho”.

Tudo que desejava era ser impedido de sair por ele, uma nova chance de ser provocado e guiado pela besta a cometer algumas atrocidades aos quais poderia negar depois. Com alguma sorte Dezmond chegaria até as escadarias que poderiam leva-lo novamente a superfície e longe daquele lixo que aqueles maníacos chamavam de casa. Caso chegasse as escadas que ligavam à superfície, desativaria seus sentidos aguçados para não se ver atordoado com as luzes e sons repentinos.