Seven Elders - Pride

"Você que dizia no seu coração: Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus;
eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo.
Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo."

Isaías 14:13,14

- Por quanto tempo eu estive apagado?

- Graças a Deus que estás bem! - Falava com sinceridade o velho padre - Passaram-se algumas horas - esticando o braço esquerdo a fim de conseguir checar o seu relógio ele continuou - são quase 04:00 horas!

- O desgraçado interrompeu minha viagem. Tentou quebrar a minha moral, mas vai precisar muito mais do que isso se quiser algo de mim. - Me desculpe pela bagunça, limparei tudo em um instante. Eu só preciso beber algo primeiro.

- Não se preocupe com isso, o importante é que estás bem... imagino. Enquanto isso vou preparar algum quarto para ti, sei de suas necessidades. Não te preocupas, estarás mais seguro aqui na Catedral.

Padre Judas seguiu em direção ao seu trailer, assim que saiu pela porta, além do vento gélido que cortava o pátio, ele pôde sentir um poder maligno ali fora... ao lado do seu trailer, escondido nas sombras, estava a silhueta de homem parado lhe fitando... e de dentro do veículo o Salubri podia ouvir o som de algum animal feroz devorando os seus coelhos, o sangue dos pobres animais destroçados pingava do chassi do homecar, tingindo a branca neve em uma cor escarlate. Não havia dúvida, diante do Padre estava um demônio.

“Isso com certeza me traz memórias quase que esquecidas, certamente enterradas no fundo de minha alma maquiavélica... É, eu já vivi – e por consequência, sobrevivi – um monte de merda nessa vida, certamente não vai ser essa que vai me levar ao fim.”

Ao tomar do cálice, caos e arrepios já conhecidos retornam ao meu ser. Como naquela maldita noite, forças muito além de minha compreensão se manifestam no ambiente. Utilizo todas minhas forças para continuar tomando a vitae, eu preciso expurgar o que quer que isso seja, ninguém terá controle sobre mim senão eu.

Charllote finalmente entra na sala e, espantada, me incentiva a continuar. “Como se eu já não tivesse motivo o suficiente.” - Ao tocar da última gota em minha garganta, tudo volta ao normal em um piscar de olhos. “Será que se foi? Me pergunto esperançoso.” - Charllote diz que sabe o que está acontecendo, então apenas a escuto com total atenção.

— A maldita película, eh? Eu sabia que cedo ou tarde me envolveria com assuntos de outros mundos, só desejava que fosse tarde, bem mais tarde.

Sem hesitar, acompanho a Regente.

O Tremere abria os olhos e agora se via num lugar que nunca estivera antes, porém algo lhe parecia familiar... Alguns dos prédios que via lembravam-lhe daqueles existentes na Big Apple, porém outros eram completamente diferente... Ele prosseguia andando sem saber para onde exatamente estava indo, no caminho tudo era muito sombrio, uma espécie de fuligem caia do céu cobrindo tudo de um cinza profundo, a sua direita havia um bosque, interminável, formado por árvores secas, sem folhas, suas raízes monstruosas devastavam tudo ao redor, engolia carros, ruas e postes... Gritos agonizantes ecoavam do seu interior... Ele continuou o caminho... o bosque na verdade era um parque, contornado por construções... Aquilo era o Central Park ? Definitivamente aquele era o Central Park, mas era como se ele tivesse sido reinterpretado numa pintura melancólica de Edvard Munch. Aquele lugar dava calafrios no corpo de Owen... era como se ele não pudesse estar ali, era como se algo estivesse tentando expulsá-lo... Mas então nuvens carregadas começaram a cobrir os céus daquela cidade, raios e trovões fazia o chão reverberar ao som que lembrava os antigos canhões militares, o Tremere olhava para o céu preparando-se para a chuva que estava por vir, mas nem uma simples gota de água caiu daquelas nuvens negras, porém um forte vento começou a soprar, trazendo uma fina areia que chocavam-se contra o seu corpo... Quanto mais forte ficava aquele vendaval, mais dolorido era aquela areia cortando-lhe a carne... Seus antigos temores vinham a tona novamente, lá estava ele no meio daquela maldita tempestade de areia... aquele turbilhão lhe atingira novamente... ali no centro, repousando no chão, estava a origem de tudo... a maldita caveira... A dor lhe consumia por completo, quando ele estava prestes a desmaiar...

Outis abriu os olhos e percebeu que estivera num pesadelo, nunca tivera um tão real quanto aquele... Sentado ao lado da cama ele tentava entender o que estava acontecendo, o pesadelo pareceu tão real que ele custou a perceber que tinha acordado... Enquanto recobrava sua consciência algo lhe chamou a atenção em sua visão periférica... do outro lado do quarto um vulto estava sentado na poltrona lhe observando, num ímpeto de reflexo o Tremere rapidamente acendeu a luz do quarto, porém não havia absolutamente ninguém naquele canto, somente aquela velha poltrona... inerte... desbotada... solitária...

Agora desperto ele lembrou da noite anterior... após sairem da Capela, ele e a Regente embarcaram em um carro preto e vieram para esta casa... Ele agora relembrava do caminho que percorreram durante a curta viagem, como um vídeo passando em Fast Foward... alguns dos enormes prédios que cruzara, também estavam no seu sonho, mas o que mais se destacou foi o Central Park... era como se num estalo sua mente tivesse sido ligada, então imediatamente Outis correu para a rua e quando saiu e olhou ao seu redor... um frio lhe arrepiou  a espinha, ele estava exatamente no mesmo lugar em que começou o seu sonho... não tão cinza, não tão vazio, não tão aterrorizante... E agora uma única pergunta retumbava em sua mente: Isso foi realmente um sonho ?