Ritmo da noite - O artesão

A cidade que nunca dorme, uma selva de pedra, Nova York brasileira, essas e outras são as alcunhas da maior cidade do Brasil e como qualquer lugar onde mortais se empilham os imortais dão as cartas no backstage.

Essa não é a história de um grande grupo ou de alguns heróis, essa é a história de um sujeito, uma das muitas figuras interessantes do mundo das trevas com visões singulares e problemas próprios que luta para não se perder para besta enquanto tenta perdurar sua existência.

Nosso protagonista é um outcaster, uma pessoa pouco confiável, mas não por seu histórico e sim pelas particularidades de sua maldição e de seu pedigree.
Estrangulado e lutando contra o terror da sua própria existência, nosso protagonista tenta se juntar a Camarilla de São Paulo, uma sociedade secreta que antes abraçava todos os imortais, mas que agora é severa com seus pretensos participantes.
No ano de 2013, durante os protestos pelo preço da passagem, a cidade encarou o que seria a segunda e mais letal caçada da Segunda Inquisição (SI). Refúgios foram invadidos durante o dia e durante a noite, imortais dos mais variados tempos encontraram sua destruição pela temida munição de fósforo branco e outros apetrechos nunca vistos.



O ponto é que isso já havia acontecido em 2006, mas como ferramenta da própria Camarilla, só que 7 anos depois os mortais aprenderam e se libertaram das correntes sendo a força dominante na cidade.
A Camarilla perdeu seus principais homens, seja por conflitos internos ou por incompetência.
Assim, a Torre de Marfim se viu perdendo espaço para o movimento Anarquista que passou a contar com grandes lideranças como o filho do antigo príncipe, Maximilliam II que hoje é o Barão da Liberdade, liderando uma coalisão de algumas dezenas de cainitas que consolidou seu controle no centro da cidade e restringiu a influência da Camarilla aos polos empresariais como a Av. Paulista, o bairro da Vila Olímpia e uma faixa de território próxima ao Rio Pinheiros juntando com Alphaville.



Nessa linha, perdida e com a queda do príncipe que sucumbiu aos joguetes políticos com a debandada de sua cria para o movimento Anarquista, a Camarilla deu espaço para um clã que vem sofrendo muito com a SI, talvez por terem aprendido a lição seriam agora a melhor opção.


O clã Toreador foi o que mais perdeu com o último ataque, sobrando apenas Virginia e sua cria, o Xerife Edgar, que acabou indo para a Anarquia junto com Maximilliam II, mas foi eliminado em um atentado, deixando Virginia como a única Toreadora da cidade.

Assim, a fim de reerguer a seita, Virginia lançou mão de seu trunfo e pediu ajuda à uma influente Ventrue que vem financiando algumas operações na cidade com interesses escusos, e é assim que nosso protagonista é inserido.
Além dos muitos investimentos, Savona, uma Ventrue em ascensão em um clã dominado por homens, vem procurando cada vez mais crescer sua influência pelo mundo.
Em uma de suas raras aparições na cidade, um Ravnos conseguiu um acordo com ela. Desta forma, ele agora está sob observação de um carniçal muito prestativo, mas que o mantem na rédea curta, enquanto que ele agora tem a oportunidade de conquistar um espaço limpo junto à Camarilla.

São 20h em ponto quando Stephen abre a porta do carro para Prester entrar no hotel.

- Senhor, sugiro que se apresse - Diz Stephen enquanto fecha a porta.

Na recepção do hotel o ravnos se apresenta, ocasião na qual é prontamente encaminhado para um elevador programado para um andar não identificado.
Assim, o forasteiro sobe por alguns instantes até um andar em que ele não consegue identificar. A porta se abre a dá a visão de um hall relativamente pequeno com uma porta grande e aparentemente pesada com um interfone.

Totodolie se lembra de algumas informações que Savona lhe deu sobre Vírginia.

"Ela é uma moça muito educada e refinada, mas não se engane, aquela rosa tem muitos espinhos e não sobreviveu à uma onda da segunda inquisição por sorte.
Seja cordial e aceite o que ela lhe ofertar. Seja sincero com o que ela lhe perguntar. A Camarilla de São Paulo está se reestruturando, se você jogar as cartas certas vai ganhar junto com eles."

Supondo que toque o interfone...

Uma voz masculina atende e destranca a porta. Pela grossura da porta ela deve ser blindada.


O ambiente tem decoração clássica e muito luxuosa.
Vírginia está sentada atrás de uma mesa de reunião no fundo da sala que se estende para o lado esquerdo.

Ela está olhando atentamente cada passo que o Ravnos dá para dentro da sala com os dedos entrelaçados à frente do rosto cobrindo a boca.

O ravnos faz sua entrada muito acanhado, cada palavra e cada palavra e gesto colocado cuidadosamente como peças em um tabuleiro de xadrez.

Muitos costumam achar que Ravnos são espontâneos e fazem tudo sem pensar muito nas consequências, mas é o oposto, eles fazem isso desde o primeiro momento que são criados e acabam por entrar no jogo social com maestria e naturalidade.

A Príncipe Lewis já estaria esperando tal posicionamento e por isso ficava como uma estátua? Nunca saberemos...

Inicialmente, Virginia apenas o cumprimenta com um olhar lento somado a um piscar de olhos pesado e um sutil aceno de cabeça. A vampira esbanja tensão, sim, tensão. Não pela presença de seu convidado, ela traz em cada traço de sua linguagem corporal a força e o peso de seu posto, Totodile arriscaria dizer que até algumas cicatrizes de batalha.
É de longe uma mulher vivida e o fato dela não respirar denota um certo tempo de existência, não menos que 30 anos nessa condição.

Ela passa a ouvir atentamente a apresentação de seu visitante sem esboçar reações, aguardando educadamente que o mesmo termine sua fala.

- O prazer é todo meu Sr. Prester, por favor, sente-se - Ela estende a mão indicando uma cadeira não muito longe, móvel esse ricamente adornado como tudo na sala.

- Me chamo Virginia Lewis, sou a príncipe de São Paulo no momento e tenho uma única regra em minha cidade - Ela faz uma pausa e agora é nítido que ela pega quantidades de ar suficientes para emitir cada frase em um compasso perfeito - Seja completamente sincero comigo e eu lhe asseguro que sempre me terá do seu lado.

Virginia desce o olhar lentamente para a mesa e puxa uma caneta e uma folha de papel A4 em branco - Uma membro muito estimada da casa dos reis viabilizou essa audiência comigo. Assim, gostaria de saber a qual das casas pertence e quais os seus interesses em minha cidade - Por fim ela torna a olhar o Ravnos de forma penetrante e gélida. Seu tom de voz é quase monótono, mas ao mesmo tempo muito agradável e doce.

A Príncipe apenas assente com a cabeça.

- Sem problemas, fico feliz saber que um motivo tão nobre o mova - Ela esboça um sorriso singelo e breve que logo dá lugar a expressão pálida e séria de sempre.

Ela parece então partir para o assunto principal da reunião - Bom, vamos falar de sua admissão na cidade - Ela puxa uma folha com algumas anotações - Normalmente eu deixaria para uma harpia cuidar de sua entrevista, mas como a Sra. Savona foi quem intercedeu por você vamos pular essa parte. Veja, nos últimos 20 anos a política dessa cidade sofreu grandes alterações, mas gostaria de fazer um recorte específico nos últimos 10 anos. O movimento anarquista ganhou corpo e vem fazendo grande oposição aos interesses da Camarilla, contudo, o Sabá vem sumindo cada vez mais e hoje talvez se quer exista na cidade. Assim, gostaria de lhe pedir um favor, ajude nosso xerife na investigação que ele está guiando no momento. O objetivo é encontrar um antigo membro do Sabá, um ancião que ficou para trás quando o Sabá debandou, mas por algum motivo ele vem se mantendo muito oculto. O objetivo é ofertar a esse indivíduo a possibilidade de se juntar a nós.

- Você pode encontrar o xerife amanhã a noite às 22h em uma casa de tolerância nos arredores do shopping Morumbi - Ela estende um papel com o endereço - Memorize e depois queime.

Ela então ergue o olhar para o Ravnos e questiona - É isso, se tiver alguma pergunta, qualquer que seja, pode fazê-la e ficarei feliz em lhe responder - O semblante agora é mais leve, como se ela já tivesse feito o papel de má tempo o suficiente - Aceita algo? Bebida, cigarro ou mesmo Vitae?

Com a negativa a Príncipe apenas entende a recusa, puxa um telefone de fio e disca algumas teclas para então solicitar a algum tipo de serviço do hotel um "cosmopolitam ancestral'.

- Oh sim, sem problemas. No que se refere a esse Ancião o Xerife lhe dará as informações, ele tem todo um dossiê, mas nós suspeitamos que seja da minha casa, das rosas. Seu contato nisso será Dilermando, ele é da casa dos feiticeiros, creio que ele vai querer falar mais sobre as habilidades dele, digo, ele sabe explicar melhor o que ele faz, mas basicamente ele cuida da segurança de toda a Camarilla de São Paulo e se tivessem lhe dado uma segunda chance antes as coisas não estariam como estão. Creio que possa dizer que o ponto mais forte dele é a obtenção de informações através de meios eletrônicos e mágicos. Basicamente ele conseguiu unir o melhor dos dois mundos.

O caminho de retorno do Ravnos para o veículo é tranquilo, na verdade ele encontro com Stephen no bar do hotel e os dois pegam o carro na entrada do hotel, devidamente entregue por um manobrista muito educado.
O caminho para o endereço é tranquilo com Stephen no volante - Como vai querer fazer? Quer que eu te espere ou  que eu te busque? - Pergunta o carniçal sem mudar a expressão, apesar de parecer minimamente amigável.

Guiando o carro com leveza, o carniçal passa na frente do Shopping Morumbi e do Shopping Market Place até o final da avenida, onde as luzes dos postes ficam mais escassas dando lugar a bolsões de sombra, até que então a avenida acaba e o carro dobra a esquerda contornando o Shopping Morumbi. A paisagem de prédios comerciais dá lugar a casarões e lojas de pequeno comércio que já se encontram fechados, com exceção de uma porta com luz roxa e uma placa escrito “Café Noir”.

Sim, o Café Noir é o destino e na porta está um leão de chácara, um homem negro de dois metros de altura estrutura imponente, apesar da idade parecer já avançada.

Ele não se opõe à entrada de Totodile e assim o Ravnos sobe pela escada com luzes roxas de led nas laterais.

O local é relativamente grande, mulheres dos mais variados tipos passam por Totodile enquanto servem mesas entregando desde bebidas até seus corpos.
Nenhuma das moças tem todas as peças de roupa, mas cada uma é um sabor inigualável, todas saltam aos olhos do Ravnos com suas curvas e perfumes baratos.


Agora ele precisa achar Dilermando, um sujeito o qual ele não tem qualquer descrição, como ele o fará?

Prester entra no local com familiaridade, não é o primeiro "Café" que visita, apesar de ser um local de fato abaixo de um nível razoável é bem arrumado. Nota-se clientes de diferentes tipos, dos mais singelos aos mais distintos, bem como os produtos.

Os anos fizeram com que Prester entendesse que trata-se de uma casca, um disfarce para um amaldiçoado como ele e é nesse momento é como se ele estivesse em uma dimensão totalmente diferente da dos mortais, a bem da verdade um vampiro sempre está atuando em um outro plano de realidade, mas agora isso é bem nítido para Prester, pois ele é o único que exibe um olhar curioso, mas não para as moças, o único que não sorri de forma boba, contudo ninguém percebe (Manipulação 4+ Lábia 4).

Imaginando que está sendo acompanhado desde o Elísio, ou até mesmo antes disso, o Ravnos cruza o café e vai até o bar onde está um casal de barmans, a moça usa piercings e tem muitas tatuagens, mas a roupa indica que o trabalho é estritamente fazer drinks, o rapaz é alto e de ascendência negra, sem nenhum outro traço que o defina muito.

- Dilermando? Não tem ninguém aqui com esse nome - É o rapaz que responde enquanto a moça serve um drink a outra pessoa.

Raciocínio + Prontidão = 6

1 1 3 7 7 7 = 3 sucessos

De fato, o lugar tem um número excessivo de câmeras, mesmo na rua haviam câmeras do outro lado da rua e na frente do estabelecimento quase como se fosse um bunker, o que indica que é o local certo e que seu anfitrião já sabe de sua presença, então o que ele está esperando?