Noites de Verão

É uma noite calma, começo de verão. Uma brisa morna e com odor de maresia se espalha e toca o corpo de André, jogando seu longo cabelo negro para o lado e cobrindo seus olhos. Ele olha para a direção de onde o vento veio, o que arruma temporariamente seu cabelo, e da de cara com o mar. Com os fones, ele não havia percebido o som da água indo em direção à areia e retornando para as profundezas de forma cíclica, sempre se repetindo, com um ritmo quase hipnotizante. André para e fixa seu olhar naquele movimento, na luz da lua crescente refletida na água...

Esse momento é mágico. Depois de horas em um trabalho chato servindo mesas em um restaurante perto da orla da praia, ele finalmente consegue respirar o odor do mar sem sentir raiva... afinal ele é uma criatura das trevas... por que ele precisaria servir o alimento... Então André se lembra das contas do apartamento e acorda de seu devaneio. O Imortal sente aquele leve cansaço que vem quando o dia está para raiar, arruma a roupa, recoloca os fones e acelera o passo em direção ao seu refúgio quando sente uma pontada de dor.

Algo penetra seu peito e uma dor lancinante se espalha por todo o corpo. De repente, ele não vê mais nada. Algo tapa sua visão. Ele sente que perdeu toda força de seu corpo, que agora começa a cair, mas é apoiado por algo ou alguém. Ele é levado por esse alguém até um veículo, onde é colocado sentado no banco. O veículo começa a se mover, sendo essa a última coisa que ele se lembra antes de apagar por completo.

André abre os olhos assustado. Deitado em um piso de areia, ele se levanta e, sem conseguir ver nada, leva as mãos aos olhos. Agora não há mais nada tapando seus olhos. Ele vira-se e encontra uma fonte de luz, a qual se dirige de forma cuidadosa. Aos poucos, André percebe estar em uma caverna profunda, na qual pouco ou praticamente nada da luz exterior consegue penetrar. Andando cautelosamente, ele finalmente chega na entrada da caverna e se depara com uma mata densa e emaranhada... parecendo uma floresta tropical.

O jovem cainita entra em estado de choque. Ele grita o nome de todos os seus amigos, pensado que aquilo poderia ser uma brincadeira dos seus colegas, mas ninguém responde. Então ele começa a andar e a gritar, até que ouve um barulho atrás de si, entre a folhagem. André para de gritar, mas continua andando na direção oposta ao barulho, que continua... e um coelho salta para outro arbusto. Ele sente-se mais calmo, até que algo cai na sua cabeça. O Cainita continua andando por algumas horas, sem saber para onde está indo. Agora, qualquer barulho chama sua atenção...

Finalmente ele encontra uma cabana. Há vida humana naquele lugar dos infernos. Ele suspira como se fosse um humano aliviado e corre em direção à construção. Mas não há ninguém. Sua frustração é tamanha que ele solta um grito que vem do fundo de sua alma...

Olá pessoas...

Aqueles jogadores que tiverem interesse, a crônica ocorrerá dentro desse lugar onde seus personagens acordarão após serem atacados e empalados perto do amanhecer. De forma básica, os temas centrais da crônica são sobrevivência e exploração, mas nada impede que outros gêneros apareçam no decorrer da história. Além disso, como vocês puderam perceber no prólogo, nem todos vão morrer queimados no sol após a primeira noite, mas vai depender do quanto vocês estão interessados em procurar, além de não morrer de forme (inicialmente), pois existem animais espalhados pelo lugar.

Estou abrindo 3 vagas para fichas (exclusivamente) neófito, permitindo todos os clãs permitidos no fórum com a única exceção de Tremeres. Todos os personagens estarão somente com a roupa que estavam vestidos. Posts ocorrerão, primariamente, uma vez por semana.

- Já faz quase uma hora que estamos esperando aqui! Alguma coisa deve ter acontecido! Joana (a enfermeira) nunca foi de se atrasar.... Sim eu sei Ben, mas preciso dos suprimentos de bolsas de sangue, o meu está quase se esgotando. Além disso, preciso de coração e fígado. Você sabe que apenas sangue não me sustenta!... Tá bem tá bem... Vou esperar ela mais 10 minutos. - desligo o telefone e olho para o motorista que me espera no carro. Tive que me afastar dele para poder conversar mais a vontade com Benjamin.

Sento no banco da praça para aguardar Joana com o meu pacote. Enquanto isso observo a noite. A temperatura está agradável, o céu está limpo e apesar do brilho intenso da cidade, algumas estrelas ficam visíveis. Apesar de tentar pensar em outra coisa, logo o gosto de sangue vem em minha boca... Pena que seja apenas minha imaginação. Tomara que Joana não demore muito. Olho as horas em meu relógio e ouço um barulho atrás de mim. Rapidamente me viro mas nada vejo. Olho em volta e mais ao longe... Estou sozinho na praça. Viro para minha posição original e antes que eu pudesse protestar pela silhueta escura de uma pessoa em minha frente, sou acometido por uma dor intensa. Minhas pernas começam a perder suas forças, abro minha boca para gritar de dor, mas som algum sai. Enquanto caía, sem controle do meu corpo, dou uma última olhada para o motorista, que estava distraído demais no celular para poder me ajudar.... Então essa é a sensação de ter o coração atravessado por uma estava? Parece que sim.

Totalmente imóvel, a única coisa que eu conseguia ver era uma par de calçados da pessoa que fez isso comigo. Nem uma palavra era ouvida. Mas segundos depois de cair, tenho a visão tampada por um saco de tecido preto. Agora as mãos do meu algoz me erguia sem muitas dificuldades. Afinal de contas tenho o peso de uma criança de 10 anos. Já era tarde da madrugada, e por um segundo penso que seria deixado ali naquela praça para arder no calor do sol até a morte. O medo toma conta do meu espírito e tomaria do meu corpo se eu pudesse move-lo. Perco minha consciência completamente...

Acordo em um local arenoso, quente e úmido. Aos poucos minha visão ia normalizando e não havia mais estaca, muito menos capuz... Estava muito escuro, e mal podia enxergar apalpu o solo em minha volta mas parece que me jogaram em um local ermo. Não escuto vozes nem barulho de trânsito. Sento, ainda retomando minha consciência. Me levanto e bato as mãos em minhas roupas para tirar a areia daquele local. Procuro não fazer barulho, pois se meu raptor estiver por perto eu não quero alertá-lo.

[Ações: uso sentidos aguçados (auspícios nv1) para fazer uma varredura do local. Para isso uso a audição e o olfato. Enquanto eu sentir que há segurança, irei avançando em direção a qualquer luz ou direção que eu deduza ser a saída daquele lugar.]

Anthony acorda em um local completamente diferente de onde estava. Relances do que havia acontecido na noite anterior retornam em sua mente, mas nada que possa dar uma luz sobre o que está acontecendo agora. Tudo o que ele sabe é que está em um ambiente quente, quase que completamente escuro e úmido. Ao seu redor, nada mais que areia. O Cainita tenta focar seu olhar em algo, mas está realmente muito escuro... até que ele vê um ponto de luz bem mais à frente. Tentando recobrar a consciência, ele senta-se e olha para aquela fonte de luz. Ele então levanta-se e tenta retirar a poeira da roupa...

Nesse movimento Anthony percebe que não há mais nada consigo além da própria roupa. O celular, chaves... nada. A pessoa que o sequentrou, deixou-o apenas com as roupas do corpo.

Sem saber onde está ou o que o espera, o Imortal utiliza seus dons para potencializar os sentidos. Aos poucos os sons da noite chegam aos seus ouvidos. Vendo batendo em galhos de árvores, plantas chacoalhando, um galho quebrando e, bem ao fundo, o som de água corrente. O odor mais forte que o Vampiro sente é o da seiva de plantas, além do odor das fezes de animais e frutas...

Ao bater em minhas roupas para tirar a areia daquele local, percebo que as roupas eram a única coisa que meu sequestrador deixou para mim. Todos os outros pertences foram saqueados de mim enquanto estava inconsciente. Apesar da frustração, tenho que seguir em frente e sair daquele local.

Através do auspícios, posso ouvir a vida fora daquele lugar. O barulho era de uma vegetação densa sendo tocada pelo vento. E bem ao fundo ouço o barulho de água corrente. Isso era um bom sinal. Já os odores, me revelavam seiva de plantas e fezes de animais. Com certeza se tratava de uma mata densa e aparentemente longe da presença humana. Isso não era um bom sinal. Um vampiro inteligente jamais se arriscaria a adentrar matas e florestas, não sozinho e/ou apenas com a roupa do corpo. Bom, mas ficar parado aqui com certeza não é a melhor opção. Sigo em direção a pouca luz e aos sons e odores a mim revelados até encontrar a saída daquele lugar.

A impressão que Anthony tem, é a de estar caminhando por um túnel muito comprido. O Vampiro vai seguindo lentamente, procurando identificar qualquer outra coisa que possa servir de auxílio naquele momento, no mínimo estranho. São quase cinco minutos andando até chegar à entrada do que agora o jovem Cainita pode ter a certeza em chamar de caverna. Por fim, ele da de cara com uma densa floresta. Os sons de uma coruja surgem ao fundo.

Anthony sai e se vê aos pés de uma formação rochosa interessante. Um imenso paredão, com vários metros de comprimento e altura. O Malkaviano quase não consegue enxergar o topo e nem ao menos tenta imaginar se há um final para os lados. O mais interessante dessa construção natural é que ela parece ter sido uma estrutura maior recortada de cima à baixo, de tão reta. Foi de dentro desse lugar que Anthony acabou de sair. Ou seja, além dessa estrutura, ainda foi "cavado" um buraco... Sendo que não parece haver nenhuma fonte de água ao redor com força o suficiente para criar essa forma de arquitetura natural.

Deixando de olhar para cima, o Malkaviano se vê circundado por mata fechada, o que impede uma melhor visualização do que está mais à frente...

Enfim fora daquele local escuro! Agora posso ver o que está a frente. Porém não consigo ficar entusiasmado com o que vejo. Meus olhos confirmam o que meu olfato e audição previram. Estou em meio a mata densa de sabe-se lá onde! Fora da caverna, posso perceber ação antrópica no local. Aqueles paredões eram perfeitos demais geometricamente falando, para ser obra da bruta natureza. Mas apesar do aspecto que revelava a presença do homem ali em algum momento da história, eu não consigo percebe-lo no presente.

Sondando o local, procuro por vestígios recentes da presença de alguém. Procuro por pegadas ou rastros de pneus, algum objeto que possivelmente tenha caído ou qualquer outra coisa do tipo. Vou andando na direção do som da água que pude ouvir lá dentro da caverna com os meus sentidos aguçados. Tento não pensar nas histórias de lobisomens que vivem em locais assim e que caçam minha raça com fervor. Entre o medo e o instinto de sobrevivência, vou seguindo em meio a mata tentando identificar uma rota que leve a algum lugar. Sempre atento, tento ser o mais sorrateiro possível para que eu possa escutar qualquer sinal de perigo a espreita [auspícios - 1 (audição)].

Por um momento me ocorre a ideia de voltar e explorar a caverna. Ir até o final. Tenho quase certeza que não se trata de uma caverna natural e que lá dentro eu possivelmente encontrarei respostas. Mas antes preciso de algo para iluminar o interior da caverna. Por isso, mantenho o meu foco seguindo em frente a procura de algum sinal de civilização.

O pequeno Cainita começa a afastar-se do lugar onde acordou e investigar a mata em busca de vestígios da presença humana. A mata fechada impede que Anthony consiga se movimentar mais rapidamente. Galhos de árvores, plantas baixas, arbustos... tudo impede o Malkaviano de procurar pelas marcas, bem como as, folhas secas por todos os lados fazem um barulho relativamente alto no meio do silêncio...



Durante a caminhada, Anthony ainda pensa em retornar e explorar a caverna na qual ele acordou, mas essa ideia logo some... a escuridão quase que completa da caverna o faz desistir e seguir em frente na busca por sinais de vida humana.

O tempo passa. Finalmente a muralha de pedra parece ir diminuindo e o Malkaviano finalmente consegue ver bem o céu. Uma lua cheia aparece, ainda longe do centro da abóboda celeste. Isso indica que pode ser muito cedo ou logo mais o sol surgirá no horizonte. Afinal, ele não faz ideia de quanto tempo faz que retiraram a estaca de seu peito...

Talvez meia hora tenha se passado até que o som da água corrente fica alto o suficiente para o Cainita ter a certeza de que encontrará a fonte do barulho. Ao afastar parte da folhagem, Anthony da de cara com pequeno rio que passa pelo meio da vegetação, serpenteando na direção do infinito... assim como a parede...





Ele segue o curso do rio em busca de civilização, mas todo esse tempo não há nada. Até que, depois de muito caminhar, Anthony vê o que parece ser uma trilha, um caminho sem a vegetação que toma conta do solo. Não é grande. Não há nenhum espaço para veículos, muito menos rastros. Mas ele consegue facilmente andar por essa trilha, que começa no rio e afasta-se do rio de forma perpendicular.

Por outro lado, concentrando-se bem, o Malkaviano consegue ouvir um som que lembra metal batendo em madeira vindo da direção para a qual o rio segue.

Depois de muito caminha em meio a galhos e folhas, finalmente chego a um curso d'água e a mata agora se abre diante de mim. Agora posso enxergar o céu que sustenta uma bela lua cheia, o que me faz lembrar das histórias de lobisomens. Aquele frio na espinha novamente me ocorre. Tento manter a sanidade e foco no curso do rio. Não sei exatamente que horas são, e isso também começa a me deixar aflito.

- Droga, droga, mil vezes droga! Quem foi o filho da puta que me colocou nessa situação? Aposto que estão fazendo apostas nesse momento! Será que ele irá morrer pelas presas de um lobisomen? Ou irá queimar até a morte por causa do sol? Começo a sentir uma ira, talvez seja a besta querendo tomar o controle, mas isso agora seria a pior coisa a acontecer. Concentro-me em me manter calmo e sigo em frente.

Depois de alguns minutos caminhando, me deparo com uma trilha que facilitará bastante o meu avanço, mas assim que começo seguir por ela, ouço um som de batidas vinda na direção do fluxo do rio, mais a frente talvez. Deixo a trilha para lá e sigo em direção aquelas batidas. A trilha parece tentadora, mas não me garante em nada encontrar alguém que possa me ajudar. Por outro lado, as batidas indicam uma atividade eminente. E bem ou mal, lá eu encontrarei algo.

Ainda com auxílio do auspícius, eu sigo cautelosamente querendo ver primeiro e não ser visto. Assim poderei analisar melhor a situação e decidir qual será o meu próximo passo.

O jovem Cainita já está irritado, pensando sobre o que seu raptor estaria planejando ao deixá-lo no meio daquela floresta. O tempo vai passando até que Anthony encontra dois sinais que indicam a presença humana, uma trilha e sons de batidas na madeira. Ele então deixa a trilha para depois e vai segiundo na direção das batidas.

O Malkaviano caminha cautelosamente mais alguns metros no meio daquela mata fechada, praticamente sem fazer barulho, até que chega próximo o suficiente para ver o que parecem ser dois homens altos (1,85 aproximadamente) e fortes, que com machados cortavam o tronco de uma árvore grossa. De onde está, Anthony não consegue ver o rosto dos dois. Poucos segundos depois, o que parecer ser uma mulher, mas também alta e forte, aparece, trazendo para os dois garrafas que eles levam à boca.

Logo depois os três se afastam e saem das vistas do Malkaviano.

Ao me aproximar da fonte do barulho, vejo ao longe dois homens grandes e fortes. Pareciam ser lenhadores fazendo o seu trabalho. Logo uma mulher também grande e forte aparece com uma garrafa nas mãos. Acho que deve ser água para matar a sede que aquele trabalho árduo causa. Os homens levam a boca. Escondo atrás de um tronco de árvore em local acima do ponto em que eles estão e aproveito esse momento para ler a aura daquelas pessoas. [Auspícius 2 - Percepção da Aura].

Anthony caminha na direção do som e encontra um trio, dois homens e uma mulher. Observando o que está acontecendo, o Malkaviano procura avaliar a aura daquelas pessoas, mas as árvores na frente, que o impedem de ver bem à frente, e a própria situação complicada na qual o Cainita está o impedem de descobrir algo mais sobre o trio, que se afasta do lugar.

O Malkaviano os perde de vista, quando o pequeno grupo caminha para uma direção em que, entre eles e Anthony, só há mata fechada.

- Droga! não consegui descobrir nada sobre o trio. Também, quem consegue concentrar nessa situação? Talvez um gangrel... - O trio se afasta sem que eu consiga informações úteis. Chego a conclusão de que o melhor a se fazer é ir até eles e pedir ajuda... não sei que horas são, e está parecendo que logo mais vai amanhecer... sigo em direção ao local daquelas pessoas, no pior dos casos, eles me servirão de alimento.

Descendo o morro em direção ao trio, algo me ocorre e eu paro de caminhar. Novamente aquele frio na espinha. Eles são muito fortes, principalmente a mulher. Apesar de não ter mais batimentos cardíacos, eu sinto aquela sensação de coração disparado, aquela quando todos os seres vivos sentem quando estão se sentindo ameaçados. - Porra, são umas drogas de lobisomens! - Adoto uma postura cautelosa, e furtivamente vou me afastando daquele local. - É melhor voltar para aquela trilha e acho que vou ter que encontrar um local coberto para passar o dia, talvez não consiga chegar ao fim da trilha a tempo.

Perdido em um local completamente diferente, Anthony caminha na direção dos três estranhos. De alguma forma, seus passos são completamente silenciosos e ele nem parece estar andando dentro de mata fechada. Ele desce a elevação onde está e vai se aproximando do lugar para onde o trio seguiu até que algo o faz parar... uma sensação de terror... algo o faz imaginar que os três são Lobisomens.

O jovem Cainita então procura retornar pelo caminho que fez até chegar à trilha.

Mais alguns minutos de caminhada até chegar ao ponto onde a trilha sai de dentro do rio e se mete no interior da floresta.

Anthony não consegue ter uma percepção clara da hora, mas tem a ideia de que logo mais precisará encontrar um lugar para passar o dia.

Talvez cinco minutos tenham se passado dende que o Malkaviano começou a andar pela trilha quando ele ouve um farfalhar nos arbustos do lado esquerdo do caminho. Ele não consegue precisar a distância, mas parece que a fonte não está muito longe do Cainita.

- Preciso encontrar algum lugar seguro logo! Não acredito que esse será o meu fim! Morrer sem nem ao menos saber quem me colocou nessa situação, e pra que? Se for pra me dar alguma lição, a pessoa está fazendo isso errado, pois morrerei sem saber....

Enquanto conversava comigo mesmo para tentar manter a sanidade, ouço um barulho vindo de um arbusto bem próximo a mim. Imediatamente paro e procuro um tronco de árvore para me esconder... Droga! Detesto estar no lugar da presa! Uso meus sentidos para ouvir e sentir o cheiro de seja lá o que for que esteja me espreitando.

Auspícios 1

O jovem Anthony caminha pela trilha falando consigo mesmo quando ouve o barulho em uma moita. Nesse momento, a vantagem de ainda ser uma criança quando foi transformado se faz presente, pois conseguiu se esconder atrás de uma árvore qualquer e observar com maior atenção o que estava acontecendo ao seu redor.

Os odores da floresta tomam conta do nariz do Malkaviano mais uma vez, assim como os sons do que está ao seu redor. No meio daquele forte cheiro de mato, fezes, frutas\flores, há um novo odor que lembra o pelo de um animal molhado. Os sons são, também, bastante similares aqueles ouvidos anteriormente. Contudo, o som de gravetos sendo quebrados, da a entender que se trata de um animal de porte médio...

A sensação de estar sendo caçado toma conta de mim. Mesmo conseguindo me esconder atrás de um tronco de árvore, eu sei que a criatura que me espreita me encontrará sem dificuldades. Com meus sentidos aguçados eu consegui sentir o cheiro de pelo molhado vindo da direção do barulho. O som do galho quebrando me foi nítido suficiente para deduzir o porte do animal. Fugir seria um tanto ingênuo de minha parte. Além do animal estar no ambiente natural dele, ele com certeza se moveria mais rápido do que eu. Ainda mais eu, condenado a ficar preso nesse corpo pequeno pro resto da eternidade... Só me resta lutar.

Olhando em minha volta, procuro por qualquer pedaço de madeira pontiagudo e de tamanho razoável para que eu possa manusear... Ou talvez uma pedra grande o suficiente para que eu possa bater e causar dano. Fico na espreita, em silêncio, esperando o momento exato de atacar o meu caçador. Enquanto isso aumento minha força e destreza para aumentar minhas chances de sobrevivência.

Anthony se sente acuado e, escondido atrás da árvore, procura algum objeto que possa usar para defender-se do animal que o está dentro da moita. Com movimentos rápidos, o Malkaviano olha para todos os lados e encontra um galho grosso e com aproximadamente um metro caído no chão, a alguns poucos metros mais a frente. Ele pega o objeto, mas isso entrega sua posição para o animal que salta para fora do arbusto.



Um belo felino com quase um metros e meio se aproxima de Anthony com um movimento gracioso, mas dentes e garras que poderam estraçalhar um humano em poucos segundos. Dois pulos foram o suficiente para a onça-parda colocar seus dentes a poucos centímetros do pescoço do Lunático, que evitou o ataque do animal por puro reflexo.

Com o galho na mão, Anthony vê o felino o circundando e procurando o melhor momento para atacar.

Minha busca não foi em vão, acabei encontrando um galho e ao pega-lo, entreguei minha posição para a fera que saltava a minha frente prestes a atacar. Por alguns instantes eu e o felino nos encaramos cautelosamente, ambos esperando o melhor momento para o ataque. Estranho a permanência do animal após me identificar. Geralmente tais criaturas se afastam dos vampiros, mas esse não. Talvez esteja faminto, e seu instinto de sobrevivência faça com que ele me veja como uma fonte de alimento fácil e rápida... 

Seguro firme o galho que me servira de arma enquanto bombeio mais sangue para os meus músculos aumentando os meus atributos físicos. (vigor+1; destreza+1). Não sei se meus dons de cainita afetam animais, na verdade nunca havia pensando nisso antes. Não tendo nada a perder, eu tento assombrar a alma do animal, evitando assim o ataque físico (Demência 2). Exibo minhas presas na tentativa de de intimidar o animal, mas ao menor sinal de avanço do felino, eu vou enfiar esse galho em sua barriga e quem sabe até me alimentar depois....

Cainita e Pantera ficam olho no olho por um período de tempo que parece não ter fim. A fera circunda a área a procura de uma brecha que o permita avançar em um ataque mortal contra Anthony, o que não é muito difícil de encontrar já que se trata de uma criança com pouca força física e treinamento em combate.

O animal da uma, duas, três voltas completas ao redor do Malkaviano, que não fica parado esperando, mas usa sua potência do sangue parar tornar-se mais resistente a um ataque da pantera. Durante esse processo, o Vampiro perde parte de sua concentração, o que abre espaço mais uma vez para o animal o atacar.

Ela salta mais uma vez, agora com as garras voltadas para a cabeça da criança vampira. Anthony sente o peso mortal das patas da fera na altura da testa e as unhas tocando a pele de sua cabeça... e é nesse momento que os olhos se encontram, a Besta toma conta do corpo do Cainita e a Loucura de Malkav flui em direção ao animal.

Anthony sente as garras da fera se retraírem e as patas do animal usarem sua cabeça como apoio para saltar na direção contrária. O animal corre o mais rápido possível para longe do Malkaviano gemendo e fazendo o máximo de barulho...

Anthony se livrou da Pantera, mas sua localização fora informada para todos que estão nas proximidades e quem sabe o caminho que o animal fará...

Naquele eterno rodeio, o felino dava o primeiro passo. O animal saltava sobre minha cabeça com uma destreza fascinante e até admirável se eu não fosse o alvo de sua investida. Porém, antes que eu pudesse agir ou até mesmo sentir suas garras rasgando minha carne, o puma recuava usando minha cabeça de apoio para um saltar para trás e se embranhar na mata urrando e gemendo... Hahahahaha..... Meus dons funcionam em animais!


Por um momento, esqueço todo o estresse da situação e fico contente, como um vencedor. Mas por outro lado, isso tudo causou bastante barulho e com certeza atraiu a atenção de seja lá o que for que exista nessa mata. Inferno preciso sair desse ponto o mais rápido!


Estou com fome! Perdido! E preciso de um abrigo urgente! Listo meus problemas por prioridades, e no momento, o abrigo me parecia ter maior urgência. Ainda com o galho na mão, começo a seguir a trilha em que estava, afim de encontrar qualquer casebre, ou até mesmo caverna que eu possa me esconder. Nessa altura até um buraco me serviria. Tento ser otimista, estou no meio de uma Mara fechada, cheia de animais, não deve ser difícil se esconder do sol aqui, deve haver alguma toca que me caiba... Continuo caminhando me sentindo o Tarzan com aquele galho na mão... Bela arma....

O jovem Cainita está preocupado com a situação. Ele está em uma terra desconhecida, aparentemente longe da comodidade encontrada na cidade, cercado por vegetação e feras selvagens, além de não ter noção do porque fora jogado ali...

Após tantos encontros indesejados, e o barulho feito durante o último, Anthony segue seu caminho em busca de um lugar onde ele possa esconder-se do astro rei durante seu sono diurno. O som da mata volta a ecoar como se nada tivesse acontecido. Nem parece que a poucos minutos havia um puma louco correndo mata adentro. Os animais continuam com suas conversas, corujas, grilos, morcegos... o som do vento balançando os galhos das árvores...

Anthony continua caminhando até que se depara com a formação de outros caminhos na trilha, pois um novo caminho surge cortando a trilha seguida pelo Malkaviano. Ele pode continuar indo para frente sem problemas, mas dois outros caminhos podem ser seguidos, direita e esquerda.

Agora a floresta volta ao aspecto normal. Apesar de pacata, posso sentir a vida vibrante que a floresta tem. Como se ela fosse uma unidade viva. Nem é preciso a clareza do dia para perceber isso. A floresta é demasiada assustadora. Apesar de sentir vários pares de olhos me vigiando, eu sigo a trilha até uma intercessão. Agora tenho opções. - Que ótimo! - tenho que escolher um entre três caminhos que estão diante de mim. Bom... Não pode ser uma escolha sem critérios. Analiso todas minhas opções descartando aquelas que levam a mata mais densa. Procuro por área aberta, na esperança de encontrar civilização. Qualquer sinal de atividade antrópica. Seja uma árvore ou árvores cortadas... Marcas de pneus, lixo urbano.... Qualquer merda deixada pelo rebanho. E é nessa direção que eu vou. Estou ficando exausto. E agora que consumi quase a metade de minhas reservas preciso me alimentar logo. Estou faminto.... Nessa altura do campeonato, até um cervo ou um animal menor me serviria... Quem sabe um coelhinho simpático? Mas eles são difíceis de capturar e eu não tenho nem habilidades e nem tempo para elaborar alguma armadilha... Como seria bom encontrar uma preguiça presa a um tronco de árvore agora - hahahahaha.... Droga! Ri baixo Anthony!

A floresta circunda Anthony. É algo palpável que toda aquela vida está fluindo naturalmente em comunhão enquanto o observa. Infelizmente não é possível precisar exatamente de onde vem os sons... a floresta é uma só, seus sons parecem vir de todos os lados ao mesmo tempo...

Parando em frente ao cruzamento, mais uma vez o Malkaviano busca alguma influência humana naquele lugar.

Observando os três caminhos que pode seguir, Anthony perebe algo estranho. Os três só possuem areia. Não há grama, sem nenhum tipo de vegetação primária. E embora não seja um grande mestre em regiões de mata, o Cainita tem a noção de que em uma mata fechada como aquela, seria muito difícil caminhos como esse existirem naturalmente.... Ao olhar para trás, ele ve que durante todo o percurso até aquele momento havia algum tipo de vegetação no meio da trilha.

Tentando olhar mais para frente nos três caminhos, Anthony não consegue perceber se há um destino final em nenhum dos três. Somente mais árvores altas.

Nada de novo... Apenas uma vasta e perpétua solidão. Apesar da quantidade de vida que me cerca. Diante dos três caminhos, uma característica me chama a atenção. Acho que consegui o que procurava. Intervenção humana. Agora, diferente das trilhas em que passei, o caminho contem areia, e nenhuma vegetação. Com certeza é uma rota de alguém. Mas em qual direção devo seguir? Olho para a esquerda, olho para a direita e para frente... todos são iguais. Nenhuma fumacinha saindo de uma chaminé ao longe eu consigo perceber... estou quase ficando maluco! hehehe. Em silêncio, dobro meus joelhos ao me abaixar e toco o chão com a palma da minha mão direita. Fecho os meus olhos e tento extrair algumas expressões daquele solo [(Auspícius 3) gasto 1 de fv].