Vampiros - A Máscara
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Ameaças novas, ameaças antigas

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Mensagem por NightChill Qua Dez 30, 2020 10:40 am

Boris BaRock

PS: 4/13
FdV: 6/6



Ao ouvir Boris BaRock admitir que não tinha opção senão submeter-se a sua vontade, Qadir sequer tentou esconder a satisfação que sentiu. Sorriu com o canto direito dos lábios , que não durou muito. Talvez tivesse sentido satisfação pelo simples prazer de ver aquele homem arrogante e rebelde, rapidamente, desfazer sua postura segura e autossuficiente, para assumir uma outra, de submissão, de obediência. Talvez a satisfação de Qadir, por outro lado, residisse no fato de que ele não necessitaria usar violência contra um Membro naquele momento e, ao mesmo tempo, conseguira alguma ajuda para o que quer que fosse que tivesse que fazer para o Príncipe. BaRock não teria resposta para essas conjecturas – poderia, apenas, assumir uma ou outra como verdade. E, no mundo da pós-modernidade, onde as certezas não mais existem, qualquer uma das opções que BaRock escolhesse seria plenamente aceitável.

- Primeiro, preciso que você se livre desse corpo. – Disse Qadir, apontando para o homem desfigurado, semi-devorado e drenado de seu sangue. – Não preciso te explicar todo o tipo de problemas e de perguntas incômodas podem surgir se e quando a polícia encontrar uma pessoa nesse estado, mesmo aqui, nesse lugar ermo e propenso a todo tipo de coisas horríveis. Preciso? – Nesse momento, logo após fazer a pergunta retórica, Qadir tirou o pé do rosto da vampira paralisada e, sem esforço, levantou-a, colocando-a sobre seus ombros. – Dessa aqui, eu cuido.

Em meio à escuridão, entrecortada pelos relâmpagos ocasionais, em meio à chuva e ao cenário de morte violenta, Qadir pareceu ainda mais perigoso e sombrio, com o corpo da vampira, perfurado por uma estaca, em seus ombros. BaRock não pôde deixar de pensar, naquele instante, que poderia ser ele ali, no lugar dela, sendo levado como um saco de batatas, sem cuidado e sem consideração, provavelmente para o abate e a consequente Morte Final. Qadir era, sem dúvida, o exemplo vivo de que os membros do Clã da Rosa poderiam ser muito mais que aristocratas ou artistas afeminados e delicados, cheios de suas afetações e maneirismos ridículos, como muitos tentavam fazer crer. Aquele cainita era alguém com quem muito pouca gente gostaria, ou teria coragem, de mexer.

- Como você vai fazer para se livrar desse corpo é problema seu. Considere isso um teste para o que virá. Se você falhar, as coisas terminam mal pra você. – Disse Qadir, virando-se e caminhando em direção ao fundo do beco, onde, Boris sabia, havia uma curva, que dava acesso a uma viela e a um estacionamento muito mal frequentado. Qadir, provavelmente, tinha um carro estacionado lá. – Depois disso – e não demore – me encontre na Igreja Bíblica do Bronx. – Dito isso, e sem esperar resposta, Qadir seguiu seu caminho, desaparecendo nas sombras.

Aqueles comandos percorreram os ouvidos de Boris e encheram-no de ansiedade e estranhamento. Como se livraria de um corpo desfigurado, no meio da noite, mesmo ali, no Bronx? E a Igreja Bíblica do Bronx? BaRock já a vira e sabia onde ficava, mas jamais a adentrara, muito menos a frequentara. E o que haveria ali que pudesse interessar Qadir? Conforme aquela situação era posta diante de Boris e aquelas perguntas lhe invadiam a cabeça, a chuva prosseguia, assim como o vento inclemente e frio de Nova Iorque.
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Mensagem por NightChill Qua Dez 30, 2020 11:03 am

Giuliano Damazio

PS: 2/13
FdV:8



Ao ouvir as palavras diretas e agressivas de Giuliano, o religioso desfez seu sorriso e recuou alguns passos – um, dois, três. Sua linguagem corporal evidenciou, para o cainita, que aquelas palavras o haviam atingido e o haviam colocado em estado de alerta. Não obstante isso, o padre se recompôs, respirou fundo e voltou a sorrir, ainda que nervosamente, mas logo aparentando estar à vontade, novamente.

- Conhecimento demais, meu caro, é a razão pela qual toda a desgraça se abateu sobre a humanidade. Afinal, o que era a maçã, de que Adão e Eva se alimentaram, senão o fruto proibido do conhecimento? A morte da inocência? – O padre, então, olhou ao seu redor, ganhando, com os olhos, a imensidão da catedral. – Eu confesso que, por muitas vezes, desejei não saber de nada disso que eu sei. Nada disso que eu sei sobre você e sua “Família”. Quando eu soube, grande parte de minha inocência foi-se, para não mais voltar. Mas... não há retorno. Não tenho como não mais saber. Eu sei e isso faz de mim parte do que sou e do que serei.

O padre, novamente parecendo nada temer, sentou-se ao lado de Giuliano.

- Por que ainda estou vivo? Porque sirvo a alguém importante, que me protege. Sirvo a alguém da sua Família, que me quer vivo, que me vê e me faz útil e que me disse que você viria aqui, hoje, e que eu deveria conversar com você e te propor um... acordo. Por isso estou vivo e por isso espero permanecer vivo, já que o contrário enfureceria essa pessoa, com grande prejuízo para você. – Nesse momento, o padre não sorria. Assumira um semblante sóbrio e sereno, de absoluta segurança em suas palavras.

O religioso levantou-se, então, e colocou-se a caminhar em direção a uma porta lateral da igreja, oposta àquela por meio da qual ele e Giuliano haviam entrado instantes antes. Parando-se ao lado da porta, o homem virou-se para o cainita e, sorrindo, uma vez mais, ao mesmo tempo em que colocava uma mão sobre a maçaneta da antiga porta, disse:

- Eu tenho sangue, Giuliano. Tenho o que você mais necessita e almeja agora. Tenho... bom, meu senhor tem. E ele oferece a você, em troca de um favor. Ele sabe que o sangue está escasso, mas, ainda assim, deseja compartilhar com você. E aproveita a oportunidade para oferecê-lo em um gesto de amizade. Você quer a amizade de meu senhor? Você aceita o seu presente? Há apenas um favor a ser feito, e esse é o preço do início dessa amizade.
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Mensagem por Undead Freak Qua Dez 30, 2020 11:10 am


Ele caminhava com um sorriso entorpecido. Seus olhos estavam entreabertos e seus ombros haviam relaxado. Seus passos eram leves; tão leves que agora ele parecia flutuar ao invés de andar. Embora não tivesse conseguido muito do doce vitae, ele pôde sentir um pouco de paz. Dentro de sua mente uma melodia suave parecia aumentar de intensidade a ponto de ecoar para o exterior, ultrapassando sua consistência, indo além de sua carne pálida e morta. Era Bach... Agora ele conseguia identificar. Seu sorriso se alargou. Aquilo era o deleite, a glória sublime, que nem mesmo o estado apocalíptico da realidade conseguia afetar. "De fato alcançamos a paz quando matamos", pensou, parafraseando uma certa escritora famosa ao seu modo.

Finalmente ele se encontrava do edifício que tinha como destino. Não se recordava muito sobre o Knickerbocker Club, mas lembrava de todo o nojento elitismo burguês que sempre rodeara o local. Mesmo agora, que tinha se tornado um clube noturno, não havia deixado de possuir sua aura VIP, onde somente a alta sociedade frequentava. Ele permaneceu um tempo admirando os tijolos vermelhos e o reflexo daquelas janelas conforme a chuva e a ventania se intensificavam, e pensou no corpo da mulher que havia matado. O fogo daria conta de destruir o corpo? Provavelmente não. Logo sua mente entrou em modo defensivo e, cuspindo argumentos convenientes como uma metralhadora, tratou logo de acalmar o vampiro. "Ela estava muito ferida e com muitos cortes. Ela já tinha perdido muito sangue e você lambeu o ferimento de suas presas. Não seja burro! Seria uma tolice perder aquela oportunidade no estado em que estava. A única coisa que poderiam ter visto era um vulto na chuva arremessando um corpo perto do carro. Um movimento de revolta pela morte, talvez? Dificilmente alguém vai te identificar nessas circunstâncias. Com alguma sorte você..."

Algo interrompeu seus pensamentos; algo lhe tirou da hipnose dos tijolos vermelhos que lembravam sangue. Um movimento na porta dos fundos. Todo o local parecia fechado e abandonado como todo o resto, mas era fato que havia alguém lá dentro. Um movimento rápido na portinhola da porta dos fundos deixara isso claro. Um vigia... alguém esperava alguém chegar. Um novo flash no céu que se tornava branco durante um segundo; um novo urro assustador do trovão que vinha em seguida. A chuva tornava-se mais penosa. Daniel odiava ficar molhado tanto quanto odiava sentir-se faminto.

-- Boa noite? -- chamou, após dar três batidas pesadas na porta. -- Acredito que sou esperado. Meu nome é Daniel Murdoch.
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Mensagem por Han Qua Dez 30, 2020 2:17 pm

Otimo! Além de levar o meu lanche embora, eu ainda terei que me livrar de um corpo que nem fui o culpado pela morte. Mas o que fazer? Se eu ao menos tivesse força o suficiente para empeitar Qadir... Mas isso sem dúvidas seria suicídio. Droga.... Me esforçando para demonstrar concordância, mesmo que cada célula do meu corpo queira me forçar o contrário, eu apenas dou um breve e sonoro "ok". Qadir pega a vampira que, provavelmente deveria ser um sangue-fraco ou quem sabe uma caitiff e, a coloca em seus ombros. Com a situação em suas mãos, o Xerife deixa o local e uma tarefa desgraçada para mim e, diz estar me esperando em uma igreja... Bom, vamos começar a por a mão na massa... Eu já sei exatamente o que fazer com esse presunto.

Assim como Qadir carregou a vampira, eu faço com o defunto. O coloco sobre meu ombro direito e, furtivamente, volto para o bar. Tomo cuidado de não ser visto e evitar câmeras. Para isso, uso todas as sombras que cobrem o meu caminho. A porta que saí do porão, ainda está aberta. Sem perder tempo, desço as escadas e jogo o defunto no chão. Volto para trancar a porta e me certifico de que não fui seguido. Uma sensação de alívio me ocorre mas, sei que não posso me sentir assim ainda. Ainda estou faminto, tenho um corpo para dar cabo, devo minha vida a Qadir... droga! Como pude me ferrar tanto em 10 minutos? Tiro a camisa e a torço, tirando o excesso da água da chuva. Jogo ela de lado e pego outra camiseta mas ainda não a visto. Antes, troco toda minha vestimenta encharcada. Me seco com um toalha velha e depois visto a roupa seca. Dessa vez, pego minha jaqueta de couro também... hora de lidar com o cadáver.

Procuro naquele porão velho, um facão. Com certeza deve ter um nas tralhas do velho Norman. Assim que o encontro, me aproximo do corpo e, retiro toda a sua roupa. Verifico se tem telefone, carteira ou outra coisa relevante e, investigo o que encontrar. Feito isso, começo a corta-lo em pedaços menores. Bato na altura do joelho, depois na altura da virilha e já tenho 4 pedaços de perna. Faço o mesmo com os braços. Primeiro nos cotovelos e depois na altura dos ombros. Credo... isso é nojento. Mas preciso ir até o fim. Bato com força no pescoço do pobre diabo e agora ele está desmontado como um boneco. Olho para o tronco e, concluo que está bastante grande ainda. Acho que dá para dividir em 4 partes. Procuro algo para apoiar o tronco, de maneira que ele fique de pé. Miro no local onde antes havia um pescoço e, planejo com um golpe forte, descer até a pélvis. Desço o braço num ímpeto fervoroso mas antes da lâmina tocar a carne eu paro... — Merda, isso vai fazer uma bagunça danada. Uma coisa é decepar membros sem sangue algum, agora, as entranhas ainda estão na barriga. Desisto da ideia. Amontoo toda aquela carne no canto do porão e, subo até a porta que mais cedo foi usada para me acordar com as batidas de Norman e os latidos do King. Discretamente, procuro por King e faço sinal para ele vir até mim. Assim que ele chega, fecho a porta e desço com o cão. Perspicaz e curioso que é, eu nem precisei apontar o amontoado de carne para ele que, já correu na direção para cheirar e identificar. — Pelo menos alguém se deu bem essa noite, não é mesmo King? Pelo menos você vai ficar de barriga cheia seu safadão!

Bom, não é uma boa ideia deixar Qadir esperando mas, antes de ir, procuro Norman para saber o que tanto ele queria comigo mais cedo. Acho que resolvi o problema do corpo mais rápido que Qadir esperava. Acredito ter um crédito de tempo ainda. E além disso, não pretendo demorar aqui. Assim que esclarecer as coisas com o velho, sigo direto para a igreja. Não sei como Norman reagiria com o que está acontecendo lá embaixo. Por isso fecho a porta ao sair, deixando King limpar tudo para mim e, peço para ele não entrar lá até eu voltar.
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Mensagem por Ed Araújo Sex Jan 01, 2021 10:40 pm

Ameaças novas, ameaças antigas - Página 2 Diy3ceD

Giuliano o avaliou por um instante, buscando mentiras nas palavras do sacerdote. Exibiu um sorriso de presas ao ver a reação assustada dele. Não apreciava seres humanos, criaturas fracas como ele mesmo fora um dia, e desprezava escravos do sangue puxa-sacos. Por isso ainda não havia obtido um servo.

– Não sou mal-educado. Se você é propriedade de alguém, então não irei feri-lo. Mas deveria ser mais direto – nem todos são tão pacientes quanto eu.

Pensou por um instante na proposta. Precisava de comida e ficaria devendo alguém... tsc, detestava fazer dívidas. Mas essa era a base da economia imortal, então não havia nada a fazer quanto a isso.

– Estou logo atrás de você.

Sorriu novamente, como um gato diante do rato.
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Mensagem por NightChill Qua Jan 06, 2021 11:04 am

Boris BaRock


PS: 4/13
FdV: 6/6



Boris BaRock conseguiu retornar ao seu refúgio, carregando o corpo desfigurado em seus ombros, sem intercorrências. Buscou utilizar as sombras das ruas desertas e não foi difícil evitar câmeras de segurança, já que não havia nenhuma na região, que ele conhecia bem. A chuva e o vento, inclementes, seguiam a molhar e a atrapalhar o caminho do cainita; mas não eram capazes de impedi-lo. Pareciam mais determinados a tornar a tarefa imposta a ele, por Qadir, um calvário mais duro de suportar apenas. A porta do refúgio estava destrancada, como ele havia deixado, e ele não teve problemas em adentrar e verificar que o lugar estava em silêncio – nem Norman nem King estava por ali ou se faziam ser escutados. O ambiente pouco iluminado, silencioso e mal arrumado parecia ser o palco perfeito para o ato grotesco e horrendo que Boris pretendia realizar ali, como se fosse a morada ou o esconderijo de um serial killer.

Relativamente seco e com roupas novas, Boris encontrou um facão velho nas tralhas que Norman mantinha naquele porão, em meio a objetos de todo tipo, todos tomados pela poeira, muitos corroídos pela ferrugem ou por cupins ou por mofo. Ao despir o cadáver sem sangue a sua frente e revistá-lo, Boris pôde perceber que se tratava de um homem de cerca de 30 anos, magro, negro, e, provavelmente, como tantos outros da região, pobre – dada a qualidade das roupas que vestia; porém não era um mendigo. Percebeu, também, que, apesar de estar completamente sem sangue, não devia estar morto havia muito tempo, já que não estava endurecido e não fedia ainda. Seu estado, não obstante isso, causava repulsa. Seu rosto e seu pescoço haviam sido mastigados, como Boris pudera ver anteriormente, denunciando uma morte violenta, como se ele houvesse sido atacado por um animal selvagem.

Nos bolsos do homem, Boris encontrou uma carteira de couro falso, já muito desgastada, na qual não havia cartões. Havia 5 dólares, que tinham sido colocados ali sem muito cuidado, e uma carteira de habilitação. Finalmente, o cadáver ganhava feições e identidade. Feições, porque era possível ver como seu rosto era antes de ser semidevorado. Identidade, porque, agora, Boris sabia que aquele homem, em vida, se chamava Denis Freeman. Era irônico. Quão livre aquele homem, cujo sobrenome era Homem Livre, devia ter realmente sido livre em sua vida? A escravidão, oficialmente, terminara nos Estados Unidos havia mais de um século, mas Boris sabia bem que, na verdade, ela apenas se adaptara e adquirira novas formas, novos nomes. Boris mesmo, na situação em que se encontrava, não havia se tornado um escravo de Qadir? Da Camarilla?

Boris, então, iniciou o processo difícil, asqueroso, repugnante e duro de cortar a pele, os músculos e de separar os ossos do homem. Aquilo era muito mais difícil que parecia, quando se via filmes ou séries em que alguém fazia algo daquele tipo. Aquele era um ato que, certamente, marcaria a mente de Boris, ao menos por um tempo. Não era capaz de destruir seu espírito, de roubar-lhe a natureza e de lhe tornar menos humano; afinal, Boris não matara aquele homem, apenas tratava de destruir seus restos. Apesar disso, a imagem de suas mãos, com o facão, cortando e despedaçando a carne humana, os odores que o corpo exalava ao ter sua santidade violada, tudo aquilo ingressava na mente de Boris, de forma repulsiva e abominável, para fazer parte dele.

Com o corpo despedaçado do homem amontado em um canto, Boris abre a porta, antes trancada, e logo King vem em sua direção, sentindo o cheiro de seu companheiro e de carne. Por isso, acaba pouco prestando atenção a Boris, descendo rapidamente para ir cheirar o corpo dilacerado de Denis Freeman. Após alguns instantes de investigação, King começa a morder e, finalmente, a mastigar a carne, começando a comê-la aos poucos.

Sem perder mais tempo, Boris vai até onde ele acreditava que Norman estaria, e o velho está quieto em um canto, em sua cadeira de rodas, fumando um cigarro e lendo um livro, cujo capa era negra, palavras brancas e outras coloridas. Boris pôde ler, rapidamente, que se tratava de “Como ser um antirracista”, por Ibrahim X. Kendi. Boris não o conhecia, mas o título evidenciava bem o conteúdo, que era, justamente, o tipo de literatura que interessava o velho Norman. Após perguntar-lhe o que queria, Norman tirou os olhos preguiçosamente do livro, como se não gostasse de ter sido interrompido, e disse, levando-os ao cainita, que ouvira seus gritos de “porco sendo abatido” e se assustara; que não queria nada, apenas saber se ele estava bem. Norman parecia estar um pouco ressentido, mas nada grave. Ao ouvir que não deveria ir ao porão, o homem voltou os olhos ao livro, deu uma baforada mais forte no cigarro e disse um “Tá, tá”, que evidenciava que não tinha muito mais interesse em conversar naquele momento.

Boris uma vez mais ganha as ruas do Bronx, e não demora para que suas novas roupas voltem a estar encharcadas. A chuva e o vento continuavam, constantes, frios e molhados, impedindo que qualquer outra pessoa na rua estivesse absolutamente indiferente a eles. Na verdade, eles pareciam desejar submeter tudo e todos naquela noite, impiedosamente. Após alguns minutos de caminhada pelas ruas e vielas vazias do bairro, Boris chegou à frente da igreja. O prédio parecia estar fechado, como todos os outros templos, igrejas, lojas, restaurantes e bares da cidade.

(Dados:6, 10, 7
BORIS BAROCK rolou 3 dado(s) com dificuldade 6 para Percepção+Investigação e obteve 3 sucesso(s)
Re-rolar 10: não
Ignorar 1: não)




Mas não demorou nada, para que Boris escutasse, vindo de dentro do edifício, de forma baixa, bastante abafada, quase imperceptível, o som de música. Parecia música eletrônica. Não era possível, contudo, precisar o que estava sendo tocado. Logo, Boris ouviu, também, e logo viu, um carro aproximar-se e parar próximo à igreja. Era um sedan preto, Mercedes Benz. E dele, abrindo um guarda-chuvas, saiu o Xerife. O homem olhou Boris demoradamente e, caminhando em direção aos fundos do prédio, questionou:

- E então, BaRock? O que você fez com o corpo?

Na parte de trás da igreja, havia uma porta que dava acesso ao que só poderia ser uma espécie de porão, porque estava enviesada e direcionada para o subsolo. Era uma porta de ferro, aparentemente pesada.

- Você chegou preocupantemente rápido.

Complementou Qadir, evidenciando sua pouca confiança em Boris. Antes que o cainita pudesse responder, Qadir golpeou com força extraordinária a porta, rompendo alguma fechadura ou cadeado que havia do outro lado. A porta entreabriu-se, e logo o som de música eletrônica e de muitas vozes se fez ouvir, escapando pela fresta. Qadir voltou sua atenção, então, ao Brujah, esperando uma resposta.


Última edição por NightChill em Qua Jan 06, 2021 11:55 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por NightChill Qua Jan 06, 2021 11:49 am

Daniel Murdoch

PS: 5/13
FdV: 7/7


Mesmo interrompidas pelo abrir e fechar da portinhola da porta do Knickerbocker Club, as racionalizações de Daniel Murdoch, para conviver com o assassinato e a tentativa de destruição de cadáver, que havia realizado antes, pareciam capazes de manter sua sanidade e sua humanidade intactas – pelo menos por agora. O abrir e fechar da portinhola interrompeu, também, momentaneamente, as preocupações do cainita com as consequências de seus atos terem sido, eventualmente, testemunhados. Após bater na porta e anunciar-se, teve de esperar alguns instantes, até que pôde ouvir passos aproximando-se, do lado de dentro, e a portinhola abriu-se novamente. Daniel viu, então, um par de olhos inquisitivos, que pareceram vê-lo demoradamente.

- Certo. – Disse uma voz masculina grave, que pertencia, indubitavelmente, ao dono dos olhos.

Não demorou mais para que Daniel ouvisse o som de trancas sendo destrancadas, e a porta foi aberta. Ele viu, então, um homem alto, de cabelos tão loiros que eram quase brancos. A pele alva, os olhos de um verde profundo. O nariz era aquilino e fazia com que aquele homem parecesse, realmente, uma águia. Vestia uma camisa preta, assim como o terno e os sapatos – todos, evidentemente, de extrema qualidade. Apesar de seu ar imponente e da absoluta segurança que apresentava, o homem, de acordo com a experiência de Daniel, não era um Membro.

- Venha, por favor.

O homem virou-se e pôs-se a caminhar por um curto corredor iluminado cuidadosamente, para que fosse criada a sensação de intimidade e de luxo, corroborado pelos papeis de parede que as cobriam, de estilo vitoriano, possivelmente. Depararam-se com uma porta pesada, acolchoada, e o homem logo a abriu, puxando-a, sem muito esforço, mas evidenciando seu peso, pela força que fez para abri-la.



Quando o fez, o ambiente foi inundado por música eletrônica e cerca de vinte pessoas, homens e mulheres, que dançavam em um espaço luxuoso, com luzes coloridas e, por vezes frenéticas. Um DJ estava posicionado em uma plataforma, mais ao alto, comandando a música e, possivelmente, as luzes, também. Acontecia, ali, uma festa, absolutamente alheia a todos os perigos, o medo e a catástrofe que havia do lado de fora, na Nova Iorque tomada pela pandemia de um dos vírus mais perigosos que já acossara a humanidade. As pessoas, ali, bebiam, riam, dançavam e se provocavam, em suas roupas evidentemente caras, sem parecer importar-se com nada, sequer com a entrada de Daniel Murdoch, enxarcado, ali. Talvez, simplesmente, não o haviam visto. Talvez não se importassem.

- Suba as escadas e vire à direita. – Disse o homem, próximo ao ouvido de Daniel, para que ele pudesse escutá-lo. – Você está sendo esperado. – O homem sorriu falsa e brevemente, fechou a porta atrás de ambos e ficou ali, olhando Daniel com seus olhos verdes e seu nariz de águia, esperando que o cainita fosse aonde ele havia indicado.

De onde Daniel estava, pôde ver que, cruzando o salão, havia uma escada luxuosa, banhada em ouro – ou algo parecido a isso – que serpentava até um andar mais acima. De lá, ele podia ver mais algumas pessoas, em trajes caros, que olhavam para as outras que dançavam no piso em que estava Murdoch, enquanto bebiam, riam e gargalhavam, sem se importar com o pandemônio, sem se importar com doenças, sem se importar com mais nada, a não ser com o Chardonnay que era levado até suas taças por garçons e garçonetes – talvez houvesse 3 ou 4 -, que iam e vinham de um bar, onde havia uma outra mulher.
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Mensagem por Undead Freak Qua Jan 06, 2021 1:44 pm

Daniel esperou um tempo após se anunciar. Passos podiam ser ouvidos atrás da porta, ecoando cada vez mais próximos, até que novamente um par de olhos surgiu pela portinhola, analisando o perfil de Daniel.

????? escreveu:– Certo. – Disse uma voz masculina grave, que pertencia, indubitavelmente, ao dono dos olhos.

Assim que as trancas foram soltas e Daniel colocou os pés dentro do estabelecimento, ele pôde contemplar um homem alto, vestido com terno, sapatos e uma camisa que eram todos da mesma cor  – e de qualidade igualmente inquestionável. Parecia muito com um vilão típico dos filmes dos anos 80. Tinha um verde profundo nos olhos que contrastava com sua pele branca, assim como o louro dos seus cabelos que tinham quase o mesmo tom da pele. Era alto e de nariz aquilino e, apesar do aspecto nórdico puxado para o cadavérico, nada indicava que se tratava de um membro.

O Homem Aquilino escreveu:– Venha, por favor.

O sujeito tinha classe, de fato. Daniel limitou-se a caminhar ao lado dele pelo corredor, sem fazer perguntas. Não sabia o que estava acontecendo e tampouco para onde estava sendo conduzido, mas fazer perguntas demais não era muito carismático. Daniel não queria parecer medíocre. Certamente as respostas viriam em breve, no momento certo.

Quando o homem aquilino puxou a grande porta pesada que marcava o fim do corredor, Daniel teve um choque sensorial. Luzes coloridas girando freneticamente, música eletrônica alta, propagando-se por todo o ambiente e gente dançando – pouca gente, suada, intoxicada, com libido e com o sangue fluindo rápido nas veias… Uma casta seleta, um cenário hedonista e elitista, parecendo ter sido tirado de “Admirável Mundo Novo”, ou em outra perspectiva, uma boate com o tipo de música e público que não seria difícil encontrar em alguma coisa típica de William Gibson. “Os ricos fazem o que fazem de melhor em tempos como este”, pensou Daniel. “Fecham-se em sua pequena bolha de realidade alternativa, enquanto o mundo comum e ordinário entra em colapso pela enésima vez”.

O Homem Aquilino escreveu:– Suba as escadas e vire à direita. – Disse o homem, próximo ao ouvido de Daniel, para que ele pudesse escutá-lo. – Você está sendo esperado. – O homem sorriu falsa e brevemente, fechou a porta atrás de ambos e ficou ali, olhando Daniel com seus olhos verdes e seu nariz de águia, esperando que o cainita fosse aonde ele havia indicado.

– Muito obrigado.

Daniel caminhou pela escada grande e luxuosa que cruzava o salão como uma grande víbora. Ela o levou até o andar superior, onde um número ainda menor de pessoas limitavam-se a rir, beber e contemplar os dançarinos do piso inferior, como deuses entronizados observando pequenas formigas no chão.

“Eis os alfas”, pensou Daniel, ainda se lembrando da obra de Huxley. Ele caminhou entre aqueles celebrantes, limitando-se avançar discretamente, tentando chamar o mínimo de atenção possível, virando a direita, como sujeito de preto havia lhe dito.
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Mensagem por NightChill Qui Jan 07, 2021 10:37 am

Giuliano Damazio

PS: 2/13
FdV: 8/8


(Dados:8, 4, 7, 6
GIULIANO DAMAZIO rolou 4 dado(s) com dificuldade 7 para Está mentindo? e obteve 2 sucesso(s)
Re-rolar 10: sim
Ignorar 1: não)


Ao percorrerem o semblante e a linguagem corporal do padre, Damazio chegou à conclusão de que o religioso não mentia, a menos que fosse um mentiroso profissional, o que não impossível, mas era improvável. O padre escutou as palavras de Giuliano calmamente, sempre olhando-o de forma atenta, mantendo o sorriso, até que ouviu a sugestão de que ele deveria ser mais direto. Nesse momento, desfez o sorriso, colocou-se sério e suspirou. Era evidente que estava engolindo alguma resposta, ciente de que, caso a desse, poderia encontrar seu fim, de forma violenta e cruel. Armou o sorriso novamente e, ao ouvir que Damazio o seguiria, emitiu um leve som de satisfação e abriu a porta, adentrando por ela.

A porta dava para um corredor de amplitude normal, nem muito estreito, nem muito amplo, e, provavelmente, era usado para dar acesso a áreas de administração ou de manutenção do enorme templo. O silêncio, ali, era quase absoluto. Quase, porque, vindo de algum lugar não muito distante, vinha um som abafado de vozes, que conversavam de forma indistinguível. O padre caminhava tranquila, mas decididamente, como se conhecesse o lugar com a palma da mão. Não olhava para Damazio, mas parecia ter a absoluta certeza de que o vampiro o seguia.

Não demorou para que o religioso parasse diante de uma porta a sua esquerda. Abriu-a. Era um cômodo simples, pequeno, sem janelas, com uma cama, um criado mudo, uma escrivaninha, uma cadeira, um abajur e um armário. Sobre a cama, estava um rapaz de aparentes 15 anos de idade, de pele dourada, os cabelos negros, os olhos assustados. Tinha origem provavelmente árabe ou persa, pelo que Damazio podia intuir. Vestia uma camiseta simples, branca, calças de cor bege e um par de sapatos marrons, velhos e um pouco desgastados. Apesar de parecer amedrontado, o rapaz nada disse e não se moveu. Apenas observou Damazio demoradamente.

- Bom. Aqui está minha parte do acordo. Quando terminar, poderemos conversar sobre a sua parte do trato e os detalhes. Faça bom proveito. – Disse o religioso, sempre sorrindo para Damazio, como se apresentasse a ele um prato em um restaurante, desumanizando, por completo, o rapaz.

Após deixar a porta aberta e o caminho livre para Damazio, o religioso, sem esperar, pôs-se a caminhar de volta para de onde veio, dando as costas para o vampiro e para o que aconteceria.

- Quando terminar, estarei próximo ao altar, em oração por você.
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Ameaças novas, ameaças antigas - Página 2 Empty Giuliano Damazio, Lasombra Antitribu

Mensagem por Ed Araújo Sáb Jan 09, 2021 5:21 pm

Ameaças novas, ameaças antigas - Página 2 Diy3ceD


O medo do padre era... agradável. Giuliano já o sentira várias vezes, o sangue do terror, o desespero dos mortais diante da morte. O Lasombra raramente matava por alimento, claro, mas era muito comum alimentar-se de suas vítimas.

Ele aproximou-se da fonte sobre a mesa. Normalmente ele não aceitaria comida de um estranho, mas estava tão... necessitado. Faminto.

– Venha.

Expôs o pescoço do rapaz e revelou suas presas. Com tranquilidade mordeu e bebeu a vitae preciosa, sentindo-a fluir por sua garganta, cair em seu estômago morto e ser espalhada por seu corpo.

"E eis que lhes trago vida. E vida em abundância."

Uma parte de sua mente achou graça da ironia, mas boa parte de seu ser estava focado naquilo. Alimentação. Diziam que era a principal razão dos Membros, o foco de suas vidas.

O tempo parecia fluir de forma diferente agora, enquanto o sangue vinha lentamente. Ele sentiu a pele do mortal esfriar um pouco.

Pare.

Pare.

PARE!

Largou o rapaz e mediu seu pulso. Estava inconsciente e fraco, mas sobreviveria se recebesse atenção médica. Damazio não matava impunemente, somente a serviço ou em legítima defesa. Por mais que gostasse de seu trabalho, fazia questão de manter a ética profissional.

Lambeu a ferida, cicatrizando-a, e saiu. Ao encontrar o padre novamente, diz:

– O rapaz está bem fraco. Recomendo que receba ajuda médica ou morrerá. Vou deixar isto para sua consciência decidir, reverendo.

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