Como ser um vampiro!?

Resolvi escrever isso, apesar da minha pouca experiência em fóruns, por que alguns players parecem não entender o que é um vampiro e como interpretá-lo de maneira conveniente que venha agradar os narradores. Logicamente, isso deve ser tudo uma brincadeira, um jogo, uma diversão, eu pelo menos vejo as coisas dessa maneira, no entanto, o jogo é melhor apreciado quando se entende as regras e como jogar com tais personagens. Então vamos aos finalmente! Cara, vampiro não é uma criaturinha dócil e gentil que ajuda os mendigos porque estão sendo queimados pelos playboys na rua. Eles não vão lá matar todo mundo pra salvar a vida de ninguém não. Outra cena que eu vejo muito em fóruns é: Um personagem chega num bar, aparece outro, eles se cumprimentam e em dez minutos viraram super amigos, aí de repente aparece um bando do sabá e um começa a lutar, leva um cacete daqueles e outro, vai lá lutar com todo mundo pra salvar o amiguinho. Que lindo! Pô !!! Ah tem mais, vampiro era pra ser um cenário de horror pessoal, eu acho que tem gente não sabe nem o que é isso, o que eu não vejo de neófito brincando na rua com disciplinas não é brincadeira. Como se não aparecesse um infeliz com um celular, por que isso é super difícil, de ter hoje em dia né, pra gravar um brujah lançando uma moto na cabeça de outro. No final, eu percebo, como seria narrar ou jogar com players assim, seria desestimulante, pra não dizer mais. Por sorte, encontrei esse fórum, e nesse primeiro ciclo, joguei com narrador e players inteligentes.

Esse foi o meu desabafo pra vocês!

Quanto ao Vampiro não ser uma criatura dócil e altruísta, eu acho um equívoco. Tudo depende de sua idade, a que trilha segue, sua natureza e comportamento, enfim, uma soma de vários fatores.
De resto, eu concordo e ainda acrescento. A maioria aceita toda e qualquer missão que as vezes nem é de interesse do char. A maioria não interpreta a crença na trilha como deveria. E por aí vai...

Eu posso postar um link de outro forum aqui? Tem um artigo que escreveram, que conta muito bem como é isso, e como se interpreta um vampiro, de acordo com vários livros e sites oficiais (como o One World By Night).

No mais, tenho que concordar com a Aradia. Por mais que a Besta seja algo totalmente binário (ou trinário: matar, comer, fugir): tudo depende da sua humanidade ou da sua trilha. Um personagem de humanidade alta, é um cara extremamente convicto que ainda há bondade, e que ele mesmo precisa mostrar que isso existe pra todos, tentando abafar os instintos assassinos da besta dentro deles. É uma luta hercúlea, mas eles não estão errados em interpretar assim.

Mas, coisas que eu me incomodo muito, indo agora pros lados mais especificos, é como eu vejo personagens de clãs específicos interpretarem. Eu fico muito puto quando vejo um Malkaviano que é o "capitão cuequinha", ou ter como perturbação "conversar com um patinho de borracha" (essa eu vi numa crônica do Sabá. Eu não preciso nem dizer que eu me recusei a entrar na mesa, por causa desse malkaviano em específico), e só serve como alívio cômico do jogo. Eu vi trocentos personagens assim, e isso me irrita profundamente, principalmente quando os outros jogadores estão numa vibe totalmente diferente (exemplo: uma das primeiras mesas de vampiro que eu joguei que deram certo, tinha um malkaviano desses que eu falei, e eu jogando com a minha personagem desse forum, ainda criança da noite e totalmente perdida e confusa [sem sire nem nada parecido]. O cara começou a falar um monte de coisas que não tinham nada a ver na cena, rindo de tudo, e me tacou demência pra eu acompanhar ele na cena, enquanto eu estava totalmente num clima x, que era o horror do descobrimento de ter virado um vampiro... -_-").

Quando na verdade, o Malkaviano é aquela coisa: mesmo que você acredite que é o capitão cuequinha, você ainda é um amaldiçoado. E isso pode ser engraçado por um segundo, e deprimente pelo resto da vida.

Sinceramente? Tenho saudades dos Malkavianos autistas, os depressivos crônicos, os com multiplas personalidades, os bipolares... Mas o que eu mais vejo, é malk escroto.

Desabafei também

Eu super concordo com a Aradia! Eu deveria ter sido mais específico em relação à bondade do vampiro. Eu vi em vários fóruns, no firecast e mesas personagens com humanidade 3, 4 sendo "bonzinhos" assim, do nada, sem receber nadica em troca, verdadeiros anciões até, e cara, eu fico louco com isso!

Vrikolaka escreveu:Sinceramente? Tenho saudades dos Malkavianos autistas, os depressivos crônicos, os com multiplas personalidades, os bipolares... Mas o que eu mais vejo, é malk escroto.

Desabafei também

Só espero que o meu personagem não esteja na lista de "Malkavianos Escrotos".

O choro é livre (e antigo), mas a verdade é que cada um cria e interpreta seu personagem como bem lhe convir. Cabe ao narrador ver se a interpretação tá equivalente com a ficha, mas só.

Concordo com o Gam, interpretação do personagem e do jogo é livre.
A bagagem cultural ( visão de mundo baseado no que ele aprendeu durante a vida) do jogador modela a concepção do personagem.
Não existe um jeito certo de jogar, existem tons diferentes do jogo, o mood, clima.

Se o grupo aprecia horror pessoal, com o narrador conduzindo o personagem por uma escalada decrescente de perda de humanidade em rumo ao último frenesi, beleza, boa diversão.

Se o grupo acredita que o jogo se trata de vampiros políticos, armados até os dentes, criando intrigas e destroçando inimigos nas ruas, opa, é isso ai bom jogo.

Se o grupo acredita que vampiro se trata de concentrar seus esforços em se esconder dos mortais, ocultando provas de sua existência, na medida que vive entre mortais, bacana também.

Ou seja depende do que você quer jogar??!!!

Concordo com o que o Gam falou!

Cada jogador cria e vai modificando seu char com o passar do tempo, cada crônica lhe mostra algo, o jogo retrata o que nos passamos na vida, não seguimos uma linha reta que nascemos e crescemos seguindo o mesmo pensamento, ela é maleável e cheia de curvas, os personagens passam pela mesma coisa, e cada um sabe o que é ou não a forma de pensar da sua criação

P.S: Saudades dos malks deixando narradores loucos xD

Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade.

Victor Hugo

Nesse caso, creio que coerência consubstancie essa responsabilidade.

Mas um jogador ser coerente prescinde do subjetivismo de seu grupo. Trata-se de um relação exclusiva e equilibrada de harmonia entre a proposta do jogo e a personagem, o que passa inexoravelmente pela realidade do mundo das trevas.

Nada impede que o jogador crie uma personagem "anjinho", ou um ninja que se veste de sukita, o que é relevante são as consequências de se jogar com esse tipo de char, pois tão importante quanto a liberdade que habita o psiquismo de cada jogador, é a responsabilidade desse diante de suas ações.

Descartes defende a tese do Bom Senso como uma "sabedoria Universal". Compartilho do pensamento quando digo que:

Não importa que grupo de caras doidões você é parte, NUNCA será boa idéia assaltar bancos em forma de urso com katanas na mão.

Não importa o quanto um grupinho seja relativista, NUNCA um Carniçal do Arcebispo terá moral com Sabás Verdadeiros.

Não precisamos ser sábios deste tempo pra dizer que um grupo é diferente do outro, todavia todos concordamos que há "limites".

Também penso que fazer um naruto, Power Ranger e Mortal Kombat retira do jogo suas características. É como se Chapolin e as Tartarugas Ninjas aparecessem no filme do Batman. São personsagens legais e divertidos? Sim, mas fica bem esquisito! Pois passam jogar um jogo parecido com Vampiro, mas não é "vampiro". Nesse caso, se é só pra divertir sem medo de ser feliz, sair do armário e criar um mutante X-men, será mais gratificante Gurps, D&D entre outros tão legais quanto.

Não existe uma patrulha para dizer o que é certo ou errado, o próprio jogo permite relativismo em seu sistema, incentivando cenários diferentes dos que estamos habituados, acho puro proselitismo pregar uma forma correta de jogar.

Eu digo que não há, não deve existir.

Se o narrador faz uma interpretação que existe um primogeneo Setita do Cairo, essa é a visão dele, eu não aprovaria no sentido de jogar naquela mesa, mas nunca diria, ! isso é errador dentro do contexto do jogo.

to com o anonimous nessa, é babaquice pura achar que grupo x ou y joga errado se, por exemplo, eles quiserem fazer uma mesa de "GTA com poderes", claro que em GURPS da pra fazer "melhor", mas não significa que o WOD não abrace a proposta, essa é a graça (e a proposta) do RPG... a unica coisa que realmente importa, na minha opinião, é manter a verdade do personagem.

o caminho inverso tbm pode acontecer, um exemplo disso é que estou numa mesa de super heróis em GURPS e eu montei um personagem cujo os poderes dele são parecidos com demência.

agora segue uma lista de palavras bonitas só pra continuar com a onda de palavra bonita nesse topico: verossimilhança, inenarrável, subterfúgio, condiscípulo.

Sobre o que eu falei, não que seja proibido ou exatamente errado jogar com tais personagens, estava falando de atratividade, bom senso e coerência quanto a proposta do cenário. É mais bacana jogar com um player que interprete um personagem único e imerso no cenário do que jogar com um player que faça um personagem da aldeia da folha que dá kamerramerrá e joga futebol nas quartas no campeonato brasileiro! É errado? Não, mas foge da proposta do cenário e isso é tão verdade que na hora da avaliação da ficha, os avaliadores, em sua maioria, não permitem esse tipo de personagem.

Colecionador [de Ossos], se tivesse pego a época em que 95% do fórum eram personagens anti-sociais, blasé, poser e chatões, ficaria feliz com personagens virando amigos rapidamente. Dos males o menor, vai por mim.

Além do que, se for por no cronograma o tempo realista para que personagens virem aliados, seríam anos na mesma crônica. Lembrando que cada ciclo costuma ser tudo em duas noite.

@nonimous, seu proselitista! Vou destruir seu argumento em poucas palavras:
Olha só o pessoal que concorda com você! hahahahaha

É um Mundo das Trevas. Eu entendo perfeitamente quando alguém diz que você tem que seguir o clima e fazer um personagem depressivo com problemas de insegurança por causa da parte do "das Trevas". Mas não de pode esquecer que ainda se trata de um "Mundo" e, como tal, existe uma infinita gama de personalidades e histórias nesse mesmo mundo. Lembrando-se do tipo de ambiente que o personagem nasceu e cresceu, o que ele se tornou é problema do player.

Eu não apenas acho que se deva aceitar personagens que fujam do padrão, como incentivá-los. Isso que dá a graça de jogar RPG. Se a gente estivesse procurando clichês, poderíamos simplesmente parar de jogar e assistir televisão.

Gam escreveu:É um Mundo das Trevas. Eu entendo perfeitamente quando alguém diz que você tem que seguir o clima e fazer um personagem depressivo com problemas de insegurança por causa da parte do "das Trevas". Mas não de pode esquecer que ainda se trata de um "Mundo" e, como tal, existe uma infinita gama de personalidades e histórias nesse mesmo mundo. Lembrando-se do tipo de ambiente que o personagem nasceu e cresceu, o que ele se tornou é problema do player.

Eu não apenas acho que se deva aceitar personagens que fujam do padrão, como incentivá-los. Isso que dá a graça de jogar RPG. Se a gente estivesse procurando clichês, poderíamos simplesmente parar de jogar e assistir televisão.

O mais corajoso, centrado, resoluto dos personagens também pode ver seu mundo (ou no caso, suas convicções/vontade) desmoronar. Um personagem, agora, pode ter "saído de fabrica" com comportamentos destrutivos ou ingênuos demais, mas e quando esse amigo que ele teve a coragem de confiar em 10 minutos de papo no bar o abandonar ou trai-lo?
Se um personagem que você juga, Colecionador, ingenuo começar a se tocar do mundo pior em que vive talvez esse fator de "defeito" mude. Até lá todo personagem é interessante ou não. Expressivo ou não... mas por ele mesmo ser assim.

Aceito veementemente vossos argumentos e até os considero, mas entender... Isso é difícil!
Fora apenas um desabafo de minha parte...

Ury Wayne escreveu:

BROTHER O MULEQUE ROUBOU A BICICLETA DELA QUE MALDITO

É um mundo perverso de terror psicológico.

The Undead One escreveu:

Vrikolaka escreveu:Sinceramente? Tenho saudades dos Malkavianos autistas, os depressivos crônicos, os com multiplas personalidades, os bipolares... Mas o que eu mais vejo, é malk escroto.

Desabafei também

Só espero que o meu personagem não esteja na lista de "Malkavianos Escrotos".

Ah, não... O teu personagem é legal sim, fique sossegado. Mas infelizmente, o que eu mais vejo é isso, quando vejo malkavianos, principalmente fora de Foruns (como jogos no 2ic/RRPG). É bem triste.

Sim, concordo que cada um faz o que deseja, mas convenhamos: vocês iriam gostar de um cara cuja única insanidade é conversar com um patinho de borracha? Ou aqueles malkavianos que simplesmente não falam nada com nada? Ou mesmo aquelas insanidades que "não te lesam quase nada", tipo um TOC que "eu não piso nas linhas enquanto eu ando" (que eu tb já vi). Tipo, é uma preferência minha, de eu simplesmente não curtir esse tipo de personagem. Eu não faria, e eu normalmente quando vejo esse tipo de personagem, eu, jogador, fico "...Putz, que legal... Só que não.". É meio que um desabafo meu mesmo. Tem vários tipos de malkavianos muito interessantes (e eu sou fã confesso de horror pessoal, e, bem, por mais que eu entenda que é pra se divertir, quando eu vejo algo muito absurdo/cômico numa crônica que seja de horror pessoal, eu fico meio bolado mesmo), e eles infelizmente são raridades. Paranóia, Depressão Crônica, Bipolaridade, são insanidades muito legais de se interpretar.

Não estou dizendo que estão errados. Cada um joga o que te interessa. Mas que eu, Vrikolaka, não curto, isso eu não vou mentir.

Eu, com os poderes que a mim foram outorgados pelo Supremo Senhor criador de tudo que existe, já existiu e que virá a existir, Aluncard, li tudo o que foi exposto por vós, e depois de ponderar cada ponto que foi levantado, volto de minha jornada em busca de esclarecimento e profunda meditação nas cavernas altaneiras do Tibet para trazer-lhes o veredito final desta discussão.

Eis que em verdade, em verdade, vos digo que Vampiro: a Máscara é um jogo cuja atmosfera foi planejada para ser sombria, depravada e desconfortavelmente perigosa. O governo é mais corrupto, os criminosos são mais violentos e vampiros existem (E agora você deve estar se perguntando: "Então VtM deve se passar no Brasil?"). O fato de existir criaturas noturnas camufladas na sociedade e que nem sempre têm as melhores das intenções, transformou esse planeta em algo perverso. Em um "Mundo das Trevas". E não pense, nem por um segundo, que pelo fato de você encarnar em um desses seres sobrenaturais, você é o bonzão. Você não é o único com truquezinhos bacanas, e nem de longe o mais poderoso entre eles. Basicamente qualquer coisa aqui pode acabar te mordendo, te furando e, consequentemente, te matando (E agora você deve estar se perguntando: "Pera aí, é Brasil ou Austrália?"). Em resumo, um vampiro é uma criatura não necessariamente má, mas que guarda dentro de si uma besta que cedo ou tarde vai escapar e vai cometer atrocidades inesperadas, una a culpa do sangue em suas mãos à paranoia - bem fundamentada, por sinal - que o Mundo das Trevas te obriga a ter - pelo menos se você sobreviver tempo o suficiente pra ter uma - e temos um verdadeiro filho da noite.

Mas como tudo, repito, tudo, exceto a grandiosidade do nosso Senhor, é relativo, eis que surge ela... a própria... a espetacular... a magnânima... o presente de Aluncard à todo RPGista... a suprema Regra de Ouro! A Regra de Ouro consiste em você poder mudar qualquer coisa que você quiser no jogo pelo simples motivo de se tornar mais divertido. E se for mais divertido ao grupo fazer uma crônica com ninjas kataneiros, ou com power rangers: força animal, paciência. Mas não confunda, isso deve ser uma escolha do grupo como um todo. Se todos se animarem com a ideia de fazer um bando de motoqueiros machões do Sabá para sair viajando pelas estradas do Texas deixando um rastro de sangue e destruição por onde passa, beleza. Mas pelo amor de Aluncard, não seja aquele jogador combeiro numa crônica que não se trata disso. Seguindo a lógica Darwiniana, o melhor não é o mais forte ou mais rápido, e sim aquele que melhor se adapta ao ambiente. Adapte-se ao ambiente, sem deixar, claro, sua criatividade de lado.