Testemunho perpétuo.

Capítulo primeiro:  Ecos de um sussurro.

"Se eu manejasse um arado, pastoreasse um rebanho, cultivasse uma horta, remendasse uma veste, ninguém me daria atenção, poucos me observariam, raras pessoas me censurariam e eu poderia facilmente agradar a todos. Mas, por ser eu delineador do campo da natureza, por estar preocupado com o alimento da alma, interessado pela cultura do espírito e dedicado à atividade do intelecto, eis que os visados me ameaçam, os observados me assaltam, os atingidos me mordem, os desmascarados me devoram. E não é só um, não são poucos, são muitos, são quase todos." Giordano Bruno.

"Homens ofendem por medo ou por ódio". Maquiavel.

" O afã da epifania não subtrai o mérito da Glória; questiona-se, hodiernamente, quão relativo poder-se-ia mostrar-se o poder do conhecimento, ao passo que, absoluta fulgura a ignorância, revelando apenas a ribalta, majestoso grilhão da consciência". Günter Fritz - Baviera - 1768.

Há algo comum em todo abraço. A revelação socrática jamais se consubstancia de forma tão tangível quanto na transição à imortalidade. Logo, "só sei que nada sei", deixa de ser um aforismo truísta para tornar-se hermenêutica do sofisma que é a Máscara.

Percuciente leitor, os eventos que se seguem transcorrem em data hodierna e retratam o dramático evento da morte final de Günter Fritz.
A história cainita está repleta de violações da Máscara, todavia, o ocorrido na derradeira sexta-feira em Fayetteville-Arkansas causou uma caótica crise, tanto no mundo mortal quanto no imortal.

As investigações sobre as gravações e demais evidências deixaram a comunidade científica intrigada. Não foi verificada nenhuma fraude sobre o vídeo, as cinzas oriundas da combustão são orgânicas e revelam traços de DNA humano, as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. Especulações generalizadas têm criado um clima de sombrio mistério, onde comumente a histeria é a regente. Notícias, esparsadas por todo o globo, relatam ataques e outros fatos correlatos, mas nenhum tão exteriorizado como o de Fayetteville. A sociedade mortal está dividida com relação à questão. Os próprios governos estão temerosos.

Entre os membros, outrossim, a agitação foi inevitável. Se por um lado a Camarilla não vê solução melhor, senão a letargia e o escárnio, como remédios para a situação; temendo pela Máscara, influentes membros de todo o globo tentam desacreditar o ocorrido; necessitarão de toda a prática adquirida ao longo da existência da seita.

No sabá, o que a priori, para uma criança da noite, poderia ser considerado algo útil, logo mostrou-se como um perigo real. Apesar da ideologia de seus integrantes, um temor de outrora tem alertado os integrantes anciões, e esses, por conseguinte, suas crias. A Máscara certamente tem sua utilidade.

Os demais vêem o fato como algo a ser tratado como sempre o foi, qual seja, deixar que o próprio tempo exerça sua força de esquecimento, mergulhando toda a história no abismo do fantástico e mítico.

Enquanto isso vampiro e humanos caminham, cautelosamente, lado a lado como o fazem desde tempos imemoráveis, sem saberem ao certo o findar desse estado anímico. Fayetteville está recebendo tantos curiosos, e outros, que as autoridades locais começaram a especular a possibilidade de limitar o fluxo de ingresso na cidade. As engrenagens de poder cainitas começam a entrar em movimento, buscando uma solução definitiva para a questão; cada um a seu modo, busca silenciosamente sair ileso do embaraçoso momento. Logo, sobreviver discretamente é a palavra de ordem.

A chegada a Fayetteville foi cômoda. Um telefone tocava na escuridão. O som metálico tragava a mente do feiticeiro, resgatando-o de seus pensamento à realidade. O abajur na cabeceira da cama alumiava parcialmente o quarto de hotel, uma ponderação entre trevas e luz, o que dava ao cômodo uma ambiência de solidão, apesar de ser um apartamento agradável e simples; o bucólico movimento daquela cidade, não condizia em nada com a tempestuosidade dos acontecimentos.

A recente ascensão do bruxo nos degraus da Torre de Marfim poderia ter esperado algumas noites. Contudo, por vezes, o destino parece inspirar-se no jazz, onde cada nota é uma expressão do desconhecido.

Semicerrando os olhos para enxergar o que lhe estava em volta, Rezek buscou em vão o aparelho telefônico. No momento em que o localiza finda-se o estridente sonoro, e inicia-se outro chamado à porta.

O telefone volta a tocar. Bastou estender a mão e atender.

- Senhor, aqui é da recepção. O senhor tem uma visita. Tentei impedi-lo de ir até o quarto, mas não pude. Ele disse que era da CIA.

A campainha volta a tocar. O cheiro daquele quarto já lhe era familiar, enquanto aguardava o esperado visitante, Rezek não resistiu ao cigarro.

O visitante estava longe dos esteriótipos de agente governamental, talvez tenha sido essa a estranheza da voz que noticiava sua chegada ao telefone. Trata-se de alguém que lembrava o próprio Führer, se não fosse pelo ar de pai de família que esse transmitia.

- Bo boo booa noite senhor Rerezek! É uma honra conconhecê-lo! Sou Charles.

A gagueira daquele agente faria qualquer amador diminuir imediatamente sua real importância. Se por um lado era cômico vê-lo tropeçar nas palavras, seria temerário regozijar-se no escárnio por isso. Apesar de sua disritmia fonética, o homem era austero, ainda que não chegasse a intimidar por isso.

Nesse instante é possível ouvir a percussão oriunda da chuva no telhado. Os vampiros se entreolham por um breve instante, uma simbiose analítica.

- Eu trooouxe algumas coisas para o senhor.

A seguinte afirmativa foi precedida de um movimento com o braço esquerdo, demonstrando a existência de uma maleta. Havia um notório temor reverencial do visitante em relação ao feiticeiro. Entretanto, o problema de vocalização ficava mais ameno com o transcorrer do encontro.

Charles iniciou sua apresentação, retirando um ultrabook de sua maleta. Primeiramente, mostrou o vídeo que havia circulado o mundo, um discurso de 90 segundos que era interrompido por uma combustão, diante do nascer do sol.

Depois disso, Charles mostrou a Rezek uma gravação telefônica feita no celular de Günter, cerca de duas horas antes de sua morte, que revelava a existência de um diário em uma conversa lacônica com uma voz desconhecida. Charles revelou que, apesar de não ter identificado o outro interlocutor, descobriu a origem da chamada, Little Rock. Dentre os poucos detalhes que a conversa revelava, fazia menção ao diário como "o objeto de desejo dos três".

Finalizou a apresentação dos vestígios, demonstrando ao tremere a reconstituição da noite dos fatos, bem como estavam sendo realizada a contrapropaganda com o fito de desacreditar a história; envolvia histórias das mais variadas, indo de um documentário sensacionalista sobre Combustão Humana Espontânea passando por um "especialista" paranormal, usuário de um peremptório bordão: "isso non exciste!"

Ao fim da apresentação Charles olhava ansiosamente o bruxo, como um enfermo a espera de um parecer médico. Exteriorizando menor nervosismo, indaga:

- Temos dois agentes nos esperando em um veículo lá fora. O que o senhor deseja fazer? Estamos aqui para lhe dar apoio no que for preciso.

Rezek

"Aqueles que se recusam a serem chamados à razão, são intolerantes; aqueles que não conseguem, são idiotas; e aqueles que não se atraem, são escravos". Lord Byron.

- Muito agradecido meu senhor, nunca fumei. As cinzas do ancião já estão sob o nosso domínio. O destino parece querer que as veja, pois elas serão enviadas para a capital ainda essa noite. Seria melhor então irmos primeiramente ao encontro dos restos de Günter?

Na entrada da hospedaria, um recepcionista curioso fitava os homens. A pequena cidade estava demasiadamente agitada.

Na calçada, lavado pela chuva que agora imperava, estava um sedã estacionado. A película dos seus vidros impedia qualquer transeunte de enxergar através desses. Raios rasgavam o céu negro, iluminando-o.



Ao cruzar o saguão Rezek pôde ouvir a melodia de Wagner que enchia o ambiente.  A sinestesia invadia a consciência do feiticeiro fazendo-o desejar penetrar na tenebrosa noite.

Ao entrar no veículo dois homens ocupavam os assentos da frente. Charles tomou a iniciativa de evidenciar suas condições de carniçais.

- Uma coisa não compreendo. Por que esse lugar?

O fato era que em uma cidade daquele porte, somente a quantidade de membros contida no interior do veículo era exorbitante.

- Por qual razão um ancião, com ancestral da Baviera, viajou até esse local para violar a máscara?

Ann-Kathryn

"A mentira é muita vezes tão involuntária como a respiração".
Machado de Assis

- Viena deseja toda a nossa atenção.

A voz do Regente era audível, intrépida, ou por outra, inabalável. Essa, quiçá, fosse a melhor maneira de iniciar-se uma batalha; já ensina o aforismo que “prepara-se o cavalo para a batalha, mas somente Deus oferta a vitória”. Talvez não houvesse tudo isso naquele singelo introito, talvez houvesse além.

- Os feitos de Günter Fritz vão além do fatídico evento de Fayetteville. Tratava-se de alguém resoluto, não um frágil suicida. Há um mistério envolvendo aquela violação, e nós temos o dever de descobrir a verdade por trás do sofisma.

E continua o Regente, senhor de acentuada calvície, alto, portador de um olhar cristalino.

- Existe um diário de Fritz. Esse objeto é de importância imensurável para “Os Sete”. Não é preciso dizer quão condecorado será aquele que com esmero demonstrar préstimos nessa jornada.

Aquela sala da Capela era familiar à feiticeira, estivera naquele lugar em diversas ocasiões. Tratava-se do mesmo local onde aquele grupo de espectadores, costumava estudar o próprio Círculo de Mistério. Ali estavam presentes as articulações principais da Capela.

Depois de dividir as atribuições entre os cinco bruxos, o ancião mira Kathryn, a parca iluminação da sala, em conjunto com a reverberação da voz daquele bruxo incitava uma ordem inescusável aos presentes.

- Kathryn você irá até Little Rock. Existem indícios de que a Primigênie e o Príncipe estejam envolvidos nos acontecimentos. Preciso que use de sua diplomacia; demonstre que essa Capela é amigável, ganhe sua confiança. Tendo-os em suas mãos, aguarde minhas ordens.

- Como demonstração de nossa inequívoca amizade, diga-lhes que o Parlamento e a Coroa estão ansiosos em prestar-lhes auxílio.

Todos os presentes sabiam que a mente do Regente alardava o Gabinete Ministerial.

Tudo isso vinha à mente de Kathryn, que naquela sala de embarque conferia o horário; era cedo ainda. A viagem de Concorde à America era sobriamente oportuna. A condessa conhecia os boatos que o próprio Círculo Interno providenciara a sua produção em meados de 50, como forma de garantir um deslocamento albergado pela noite entre o Velho e o Novo Mundo.  Foi uma época em que as grandes companhias aéreas nada mais eram do que redutos de interesses cainitas.

Em sua maleta de mão estavam sua carta de apresentação, e outros utensílios mágicos.

Curiosamente, Kathryn estava em Nova York uma hora antes de partir de Londres. A velocidade de deslocamento era impressionante até mesmo para os parâmetros imortais, que somados à diferença de fuso horário, permitiria a feiticeira chegar a Little Rock antes da meia-noite.

Condessa Kathryn desembarca em Little Rock às 00:17 horário local, um pouco desorientada pela procrastinação do tempo, mas ainda assim imune ao sono; o que lhe fez certificar-se que o sono místico decorria diretamente do astro rei.

Pietro

"De que vale o eterno criar, se a criação em nada acabar?" Goethe.

A morte lhe era uma irmã próxima. Desde sempre fora assim. Agora, houvera por bem permitir-lhe a propedêutica. Pietro podia vislumbrar além da manta que divide a vida; imiscuir-se além dos planos lhe era afim de tal modo que, por vezes, confundia-se por entre esses.

A frenética noite que lhe aguardava não alterava a morbidez de sua alma; ver além da mortalha tem seu custo. Mas ignorar a verdade não lhe parecia uma opção.

Sentado à poltrona 23-A, Pietro vislumbrava as luzes de Little Rock, o voo logo terminaria.

Aguardava aquela negociação durante algumas noites.  Era estranho o convite para a localidade, principalmente, ante os acontecimentos de Fayetteville.

Isso não era problema de Pietro. Seu objetivo seria tratar das questões relativas aos negócios da família. Nada melhor do que o monopólio para os negócios.

Depois do pouso, retirou sua bagagem de mão, e desembarcou.

Ao cruzar o portão de desembarque notou a placa contendo seu nome.

- Boa noite Senhor Giovanni! Fez boa viagem?

- Irei levar-lhe ao encontro do Senhor Kenedy, ele lhe aguarda no Hotel Panorama.

Depois de plenamente acomodado no banco traseiro daquele luxuoso carro, o motorista pergunta se há algo que Pietro deseje antes de seu destino.

Christopher Powers

"A verdade é tudo aquilo que o homem precisa para viver, não pode ganhar nem comprar dos outros.
Todo homem deve produzi-la sempre no seu íntimo, se não ele se arruína.
Viver sem a verdade é impossível, mas não exagere o culto da verdade.
Não há um único homem no mundo, que não tenha mentido muitas vezes e com razão."
Kafka

A reunião nada mais era que um encontro, estavam a sós. Aclarado por intuição matemática Jordan fora certeiro.

- Christopher! Passaram-se alguns segundos até que as próximas palavras surgissem, fazendo com que o silêncio desse ao nome ares de súplica.

- Imagino que estejas inteirado dos acontecimentos em Arkansas, igualmente, creio na sua ciência quanto aos motivos de sua vinda até aqui hoje. Assim sendo, vou direto ao ponto.

- Recebemos ordens diretamente de Viena, oriundas do próprio circulo, no sentido de perquirirmos um insólito diário pertencente a Günter Fritz. Essa relíquia deve ser encontrada o quanto antes. O clã pede o esforço conjunto para que tal objeto não caia em mãos diversas.

- Por essa razão, devo lhe pedir um favor antes de prosseguirmos. Preciso que Habermas deixe de lado suas preferências políticas da Camarilla e dê prioridade ao clã. Necessito que lhe fale tudo isso, devemos deixar de lado as diferenças e concentrarmos nossas atenções em prol do clã.

- Preciso que cuide da reportagem do noticiário de amanha, juntamente com o editor chefe do jornal local. Quero que esse seja instruído a divulgar esses documentos de Fritz; são prontuários médicos relatando um suposto comportamento suicida, bem como tendências incendiárias do mesmo.

- É uma pena que alguém que trabalhou tanto pela Máscara tenha de ser tratado dessa forma.

- Depois disso, desejo que o senhor e Habermas voem para a Philadelphia, quero que encontrem Robert Martin, curador do museu Rodin ele tem indícios sobre o suposto diário. Mantenha-me informado.

- Posso contar com sua colaboração?

As palavras do Regente ainda ecoavam na mente da Condessa enquanto ela sentava confortavelmente na poltrona do Concorde. Suas ordens haviam sido evidentes e ganhar a confiança de outros ao seu redor era algo que Kathryn conseguia fazer por vezes de olhos fechados. A cainita pensava mais uma vez naquele diário, um objeto misterioso e sendo assim, indubitavelmente de grande valia. Talvez, se ela pudesse colocar as mãos nesse item poderia transformá-lo em um instrumento de grande barganha na sociedade cainita.

O avião pousava na pista levemente molhada pelo sereno da noite e ao contrário do que ela pressupunha, não se sentia letárgica após a relativa longa viagem. Obviamente uma leva confusão rondava a sua cabeça pela troca do fuso horário, mas nada com que ela não pudesse se acostumar em talvez uma ou duas noites.

A cainita pegava um táxi na porta do aeroporto depois de trocar 500 libras e partia em direção a Capela. Antes de mais nada, ela precisava mostrar ao Regente que havia botado os pés no Novo Mundo.

Pietro

"Deixe que seus amigos subestimem suas qualidades;
E que seus inimigos superestimem seus defeitos." Dom Corleone

A peremptória negativa do necromante fez o proponente titubear. Ele observou o visitante e sua obstinação, parecendo prescrutar-lhe a alma. Deu a volta em sua escrivaninha, deixou o corpo assentar-se em uma poltrona de couro negro, gesticulou para uma poltrona na outra margem do móvel que agora os servia de fronteira.

- Caro Pietro, sei muito bem o quanto lhe é valiosa a sua propriedade. Não lhe traria até aqui levianamente.

Sr. Kenedy desliza um envelope branco pela mesa.

- Compro seu Cemitério por $ 200.000,00. E quero que venha trabalhar comigo aqui no Hotel.

A intuição de Pietro alertava-lhe para alguns sinais na postura de Kenedy. Não parecia ser razoável sua proposta. Na realidade beirava à hostilidade, porquanto tratava-se de valor aquém do de mercado.

- Abra o envelope, por gentileza.

Por mais que Kenedy estivesse em condição econômica superior a de Pietro, ainda era um neófito, e não possuía entre os pares de clã o prestígio desse.

O conteúdo do envelope era simples e intuitivo. Um Aeroporto seria construído em uma região que abarcava o cemitério do necromante.

- Com minha influência política posso evitar uma expropriação, valorizar o terreno, e ganhar milhões. Você não possui essas qualidades.

- Estão pretendendo pagar $ 180.000,00 de indenização.

A informação privilegiada de Kenedy surpreendera Pietro, que procurava digerir as informações.

- O que você me diz?

A arrogância daquele neófito era notória. Como quem tem a convicção de possuir as melhores cartas, a indagação prepotente de Kenedy tinha o condão de constranger-lhe. Novamente o anfitrião parecia percorrer os olhos sobre o visitante como quem investiga um indício.

Rezek

"Tudo quanto vive provém daquilo que morreu."
Platão

Um frio sobrenatural tomou conta do bruxo. A abertura fluídica de energia do encontro fez a luz artificial que iluminava o ambiente falhar e voltar, surgindo ante os olhos herméticos a energia que Rezek procurava; escolhera uma manifestação grotesca.

- Não me curvo a ti feiticeiro... Sim, não consegues esconder teus pensamentos de mim! Posso ver teus planos além de ti.

- Posso lhe prestar o favor que desejas, em troca de uma morte. Ainda posso sentir a ferida recente em sua alma. Quero, em troca, que mate alguém que eu escolher.

O espirito sussurrava na mente de Rezek. Não havia voz, apenas uma ligação telepática-espiritual. Tratava-se de uma energia poderosa, mas não lhe era estranha. Em conjunto, sentia o mundo gritar; o fumaçante cigarro turvava-lhe a visão. Enquanto ouvia o debate de Charles e a atendente, seus pensamentos sopesavam a proposta.

Condessa

"O futuro tem muitos nomes. Para os fracos o inalcansável. Para os covardes o desconhecido. Para os corajosos a oportunidade."
Victo Hugo

Primeiramente o clã. Iniciar sua jornada pela Capela parecia-lhe uma escolha naturalmente lógica. Buscar a simpatia dos comuns era, indubitavelmente, a melhor estratégia, e isso lhe era tão óbvio que mostrava-se salutar.

Em segredo, a Capela de Londres havia restaurado a Trilha Dourada da Harmonia; era na realidade um protótipo, visando corrigir os erros de outrora. Ann-Kathryn, era uma integrante do grupo diplomático. A ordem tinha autorização direta do Conselho, e essa era a primeira vez que precisava mostrar resultados.

Integrar o clã em âmbito mundial era a proposta; os olhos de Viena estavam concentrados naquele momento.

No centro da Capela, em uma sala alumiada artificialmente, diante de seus olhos, estava John McKinsey, Regente e Primógeno daquela cidade. Ao centro daquela sala concentrava-se o ancião, analítico, emanando uma majestade pomposa, somada ao amadeirado recinto, enchia a mente daquela feiticeira de sensações multívocas, oscilantes entre a sofisticação e a erudição clássica.


Com as referências da Condessa à sua mão esquerda, indagou-lhe:


- É bom tê-la em nossa humilde Capela e cidade senhora Kathryn! Contudo, estou curioso no interesse repentino em Londres querer nos auxiliar. Gostaria de aclarar-me as razões?