Vampiros - A Máscara
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Mensagem por Katrine [apple.] Qui Abr 15, 2010 6:22 pm

Você assiste a seguinte cena:
Um grupo de pessoas que você não sabe distinguir se são cainitas ou humanos, trazem em seus braços um homem, que tem seu corpo todo sujo de terra, desde os pés até o cabelo e linhas de sangue escorrendo de sua boca. Ele está certamente cansado demais e não consegue sequer equilibrar-se sobre suas próprias pernas. Ele está acordado, mas seus olhos estão semi-cerrados, como se estivesse em um estado de transe.

Eis que ao longe, surge uma figura. Um pequeno vulto. Trazia algo em suas mãos, mas você não consegue entender o que é também. Alguns minutos se passam e o grupo de pessoas solta o homem em uma espécie de campo aberto e se sentam ao redor dele. Ali perto havia uma cabana, que mais parecia uma caverna e o resto era apenas floresta fechada, com todos os perigos e surpresas que esse ambiente pode trazer.

São mais ou menos quatro horas da manhã. O homem citado está vestido com roupas rasgadas e os pés estão descalços. Está escuro demais e você não consegue ver tudo com clareza, apenas consegue contar 2 homens e uma mulher e o misterioso vulto que ficava cada vez mais próximo e cada vez que se aproximava mais, você percebia que era menor do que você esperava.

Quando o vulto fica a alguns poucos metros de distância, o mais alto deles se levanta e para por alguns instantes. Ele coloca uma mão sobre a outra e quando levanta a que está em cima, uma pequena chama brota de sua mão. Era como se flutuasse, ou fosse segurado por uma linha imaginária, mas no fim está lá.

Ao fazer isto, o pequeno espaço ao redor dele fica iluminado pela pequena chama, como se tivesse uma vela forte em suas mãos. É quando você vê algo que te surpreende.

Cabelos negros e compridos, pele branca como a neve, olhos negros e sem brilho, que demonstravam escuridão não só na sua cor, mas também em sua alma, o que contrastava fortemente com a figura que se apresentava diante de si: uma menina, com menos de um metro e meio de altura, aparentemente com 10 anos de idade. Você descobre que o que ela trazia era uma espécie de bacia ou vasilha de barro e neste havia algum líquido vermelho e grosso, consistente.

Ela caminha até o homem com a chama na mão e diz com uma voz forte e decidida:
-- Tire essa merda da minha cara!

O homem fecha a mão e quando abre novamente o fogo havia desaparecido. Escuridão novamente.
-- Vocês têm certeza de que não foram seguidos? Se eu encontrar alguém nessas redondezas convocarei pessoalmente uma caçada selvagem especial para os três. – diz a pequena.

É a mulher que estava com o grupo, que toma a iniciativa:
-- Não senhora, posso garantir que não fomos seguidos e ninguém nos viu na cidade.
-- Ótimo, espero que não mesmo.

Ela então caminha em direção ao homem debilitado, quase desmaiado no chão e pisa em sua mão com sua bota que ia até o joelho. O homem geme de dor.
-- Abra a boca, idiota!

O homem, sem muita opção, obedece fielmente o que lhe é pedido. Ela então derrama o conteúdo do pote na boca dele, que bebe como se fosse o líquido da vida. Seu tórax, seu queixo e sua boca ficam encharcados do líquido vermelho.
-- Verifique!

Agora o terceiro homem se levanta. Este tinha os músculos muito bem definidos, forte como um brutamonte. Você não consegue ver seu rosto, mas podia ver perfeitamente seu corpo monstruoso. Ele vai em direção ao homem e rasga sua camisa. Já deve passar das quatro e meia à essa altura.

Você vê que o homem estava repleto de ferimentos em suas costas, mas você não consegue supor pelo o quê teria sido causado. Pareciam unhas ou garras, não sabia ao certo, porque antes que pudesse pensar em algo você vê algo que seus olhos não acreditam e seu cérebro se recusa a crer. Os ferimentos estavam se curando milagrosamente. A pele ia se juntando, se emendando formando uma elevação até não haver mais marcas ou feridas ou qualquer vestígio de ferimento naquele local. O homem já consegue se sentar sozinho. Sua aparência era bem melhor. Seus olhos estavam completamente abertos, mas havia medo em sua face. Sua alma estava aterrorizada, o homem parecia que tinha visto toda a espécie de coisas ruins naquele dia.
-- Tudo certo, o filha-da-puta é resistente. Acho que vai conseguir. – diz o brutamonte
-- Cale-se idiota, não temos tempo a perder com conversas ou suposições.

A pequenina diz essas últimas palavras, o homem se cala com ódio estampado em sua face e a menina começa um pequeno discurso:
-- Você chegou até aqui e não vai querer parar agora, vai? Acho que não. Este é o último passo, querido. Pense nisso e receberá forças de Caim. – algo que parecia um esboço de um sorriso surge nos lábios da pequena, mas na verdade, era algo muito mais macabro que isso – Bom, vou parar de te enrolar e vou direto ao ponto. – ela se abaixa próximo a ele, se apóia em seus ombros e sussurra – 15 minutos é tudo o que precisa – ela volta então ao tom mais alto – Tudo muito simples. Passado o tempo, pode retornar à cabana que estaremos lhe esperando lá dentro. Ah, uma coisa importante: nada de gritos, porfavor, meus sentidos são um pouco aguçados e um desconforto meu poderia ser fatal para você, acredite.

O céu começa a ficar claro e após o término do pequeno discurso todos se dirigem à cabana, dando um tapinha no ombro do homem dizendo: ‘Boa sorte, novato’.

Você entende então que aquilo era algum tipo de iniciação. Mas que tipo de iniciação? O que ele faria? Esperaria o sol nascer e pronto? Parecia a coisa mais idiota.

Você pensa em ir embora, mas percebe que não se encontra no espaço, não consegue olhar para outro lugar, sua cabeça dói, mas ela sequer estava ali. Você não consegue sentir seu próprio corpo. Poderia ser um sonho. Não relutante, você continua olhando para ver o desfecho da situação, já que não havia outra alternativa. Ou havia? Não fazia diferença.

O homem se levanta e começa a olhar para o céu claro com expressão de pânico, mas pela sua expressão seguinte, você nota que ele logo percebe que não há muito o que se fazer senão esperar os tais 15 minutos.

Ele tinha um relógio no pulso e isso você só consegue ver com a claridade. Ele então se senta na grama e começa a olhar fixamente para o relógio, como se fosse a única forma de ele se desligar do mundo que o cercava, do que estava por vir. Mas que droga estava por vir?

Antes que você pudesse especular alguma coisa, você vê com os próprios olhos o que tanto queria saber.

Quando o primeiro raio de sol atinge o campo, o homem vira sua face para o chão e começa a gritar desesperadamente. Ele se levanta com muita dificuldade e começa a correr sem destino, tentando se esconder da majestade do Sol inutilmente. O sol ainda não estava muito forte, era apenas o amanhecer. Passam-se alguns minutos e sua pele começa a ficar vermelha como sangue e aos poucos começa a descascar e a cair. Cai a pele das mãos, do pés e do rosto. Os gritos do homem te fazem perceber que o sol não só queimava, mas também machucava, feria. O homem sentia dor. Talvez a dor mais insuportável que já sentiu em sua vida (vida?!).

Você vê que há uma tentativa de sobrevivência, visto que a pele rapidamente se recompunha e era literalmente queimada outra vez. Ele tinha poucas chances.

A tortura prossegue por alguns minutos e uma espécie de bipe vindo do relógio dele, no qual o sol não produzia efeito algum, soa. 14 minutos.
O homem agora, já com algumas partes do corpo em carne viva, se arrasta em desespero em direção à cabana. Quando lá finalmente chega, a porta estava trancada.
-- Malditos!! – Ele tira força não se sabe de onde para dar aquele grito.

Ele desaba de costas sobre a porta e aguarda a morte. Era tudo o que tinha a fazer. Ele pensa em gritar mais, mas alguma coisa lhe diz que se o fizesse tornaria sua morte ainda pior. Não ousaria contrariar a voz daquela criatura aterrorizante.

Quando não há mais esperanças, a porta se abre. 17 minutos. O homem é puxado por uma mão para dentro e a porta se fecha. Tudo fica escuro. Não há mais o que se ver.

A escuridão sorria para você e dizia: ‘Calma garoto, ainda não’. Você não entende nada e vê que está prestes a dormir, como se tivesse tomado uma imensa dose de morfina ou uma dessas drogas que têm por aí.

Mas antes que pudesse cair no sono profundo, você vê ao fundo, bem ao fundo, um pequeno ponto de luz, que vem se aproximando de você e crescendo, crescendo, criando cores e formas. Quando você consegue juntar as coisas, percebe que está em uma espécie de sala. Haviam muitas pessoas. Muitas mesmo. Talvez até pessoas demais para um quarto pequeno como aquele. Aos poucos, depois que tudo se encaixa. Você vê que a sala era grande; na verdade, estava tudo maior agora, tudo mais claro e eram bem menos gente do que você havia visto no começo. As pessoas ali eram em sua maioria muito jovens, todos vestidos de forma bem casual. Você vê que as três pessoas que estavam na floresta também estavam lá. Mas ainda não conseguira localizar a pequena maligna no local e nem o homem que estava prestes a virar churrasco no amanhecer mais cruel que já vira em sua vida.
Quando você se dá por si, sente seu estômago embrulhar e vontade de vomitar com o que vê. Ao canto da sala, pendurados de cabeça para baixo e amarrados ao teto em uma espécie de gancho, haviam humanos. Estavam todos nus e desacordados e as pessoas ali presentes rasgavam seus pescoços e com um cálice recolhiam o sangue deles. Quando este ficava completo, lambia-se a ferida e esta sumia, fazendo o sangue parar de escorrer. Você quer sair dali mas não consegue. Tudo fica escuro novamente e quando você consegue encontrar seu próprio corpo, uma voz grita em sua mente, atordoada:

“Seu imbecil! Seu infeliz! Continue vendo! Continue vendo!”.

Você então retorna à sala, obrigado a permanecer ali, você tenta afastar sua vista dos corpos e ver qualquer outra coisa. Sua mente agora se ocupa em achar a tal menina. Mas ela era como um camaleão. Não podia vê-la, mas sabia que estava ali.

Quando você menos espera, eis que o homem corajoso e resistente surge. Ele estava agora limpo, muito bem vestido e tinha um sorriso nos lábios. Quando ele entra na sala, todos aplaudem e falam em coro algumas coisas que você não consegue entender, parecia que era outra língua.

Logo atrás dele, vem quem você tanto procurava, vestida com um vestido preto que contrastava com sua alva pele e calçada com uma espécie de coturno, que parecia feito sob medida, pois caía perfeitamente bem nela. Ela também sorria, mas era um sorriso de orgulho e não de alegria. Por algum motivo estava orgulhosa por aquele momento. Ela trazia um grande cálice em suas mãos e o mesmo estava completamente vazio.

Quando ela chega, toda a atenção se vira para ela e todos dizem outras palavras, desta vez menos festejantes e mais respeitosas, mas você também não entendia estas.

Todos fazem uma espécie de semi-círculo em volta dela e do homem e ela começa um novo discurso:
-- Meus queridos, estou realmente grata por terem comparecido. Hoje vamos celebrar a aceitação de Vicent ao bando Wisfire com grande honra e orgulho. Após ter superado todos os desafios da emocionante iniciação, que é o momento mais importante na vida de nossos irmãos, após ter conseguido emergir para a vida, saindo do lugar de onde todos começamos, da terra fresca; após ter conseguido superar a dor e ter enfrentado a majestade do pior pesadelo de nossas não-vidas e ficado cara-a-cara com o seu fim neste mundo, ele aqui está. Intacto. Ele provou que é capaz de enfrentar os piores males e sobreviver. Ele é a própria prova de sua existência agora e nos jurou fidelidade total, colocando seus dons e habilidades a serviço da espada de Caim.

Todos levantam suas taças em sinal de respeito, reverência. Como um amém.

O brutamontes que havia rasgado a camisa de Vicent naquela noite, trás uma espécie de adaga até a pequena líder, que corta seu dedo e deixa um pouco de sangue escorrer no cálice, lambendo a ferida logo em seguida. Ela própria passa o cálice a todos os que estavam ali presentes, lambendo ela própria as feridas de seus irmãos. O último a fazê-lo é Vicent. Ela então levanta o cálice e proclama:
-- Novo filho de Caim, seja bem-vindo à sua nova era. Que nosso Pai o acompanhe e o guie, onde quer que você vá. Agora você é um de nós e todos somos um. Espere que use o que aprendeu até agora com sabedoria.

Ela então bebe um pequeno gole do líquido e todos fazem o mesmo, sendo Vicent o último novamente.

A cerimônia se encerra, todos fazem boas-vindas ao novato e tudo some novamente.

Quando você se dá por si, estava de volta ao lugar de início. Você descobre a mulher que acompanhava o grupo é a mulher que havia o trazido até ali e à sua frente estava a pequenina que você viu na cena inteira.

Ela dá aquele mesmo sorriso que você viu pela primeira vez na floresta e diz:
-- Você quase nos levou para o inferno, amigo. Sua mente é muito forte.

Você entra em pânico, mas não consegue mover um músculo. Não estava amarrado por cordas, mas algo o prendia na cadeira confortável em que estava sentado.
-- Espero ter aprendido o bastante e espero também que esteja pronto para os desafios que veem pela frente.

Sem que você pudesse se defender ou fazer ou falar qualque coisa, ela voa em seu pescoço e você sente uma mistura de dor, prazer, êxtase e inúmeros outros sentimentos impossíveis de se descrever.

O que vem depois? Acho que você já sabe.
Katrine [apple.]
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