Uma historia real.

por Killer Instinct Dom Fev 17, 2013 3:52 pm

Quando o designer gráfico, Jonathan Rodrigo, saiu da sua casa para passar uma tarde na Livraria Cultura no Recife, mal sabia o que estava por vir. Acostumado a usar a lugar para conferir as novidades e ler um pouco, Jonathan fez a sua rotina normal e ficou na parte de cima da livraria, na área de HQs, mangás e livros de RPG. Sentado em uma das poltronas, Jonathan viu quando um garoto, por volta dos seus 15/16 anos sentou-se próximo e começou a folhear o livro de Mago, o Despertar.
O menino era “gordinho”, com roupas normais e de mochila nas costas. Ele ficou lendo por pouco mais de meia hora quando um fato aconteceu: do nada, um grupo composto por cinco pessoas (três garotos e duas meninas) começaram a zoar com a cara dele. Mexiam nos livros que tinha colocado de lado, o chamavam de “bicha”, de "menino de crepúsculo" e falavam sobre a novela Rebelde. Como se entendessem do assunto, disseram que jogadores de RPG andavam de preto e se vestiam de vampiro.
Nesta hora, Jonathan, que também é RPGista e usa as mesas do Shopping Paço Alfandega, ao lado da livraria, para sediar as suas sessões, levantou e foi falar com os garotos que incomodavam o menino.

Jonathan - Hey, parem com isso agora.

O que revoltou Jonathan, foi a agressão psicológica. Uma das meninas ri do gordinho e do pobre Jonathan, um dos garotos mais velhos olha desafiador para o homem mais velho e retruca, enquanto o gordinho apertava bem o livro de Mago em seus pequenos seios masculinos.

Garoto - Vai fazer o quê? Invocar o demônio? Seu velho de merda.

O grupinho inteiro ri, algumas pessoas na livraria escutam isso e vão observar toda essa cena. Jonathan é um jogador experiente, diversas vezes narrou com maestria, comandou npc's interessantes e únicos, e desenrolou tramas complexas. Diversas fichas foram criadas por ele, algumas evoluíram até o ponto de serem temidas por todos nas mesas de jogo. Arquimagos, Matusaléns e até mesmo Beholders e Tarrasques sofreram perante ele e sua ira. Ele era e ainda é o senhor do Forgotten Realms. Confiante, ele pensa nas dificuldades. Analisa suas paradas de dados, sente sua Besta interior aflorando. Ele pensa e jura, ao menos os garotos do grupinho iriam sofrer em suas mãos. Não existe possibilidade de falha.
Ele avança, tem a vantagem e a iniciativa. É experiente. 36 anos juntando exp. O que esses garotos podem fazer comparados a toda sua experiência e inteligência? Ele é alto, pesado e vê sempre refletido no espelho um guerreiro poderoso e incansável.
Ele procura empurrar o primeiro garoto, consegue um sucesso e quase o faz cair pelas escadas. O segundo garoto o acerta com um soco na barriga larga do rpgista. O outro grita por ajuda, afinal tem um homem mais velho querendo briga com garotos mais novos. Patético. O gordinho não pensa duas vezes, e corre indo embora largando o solitário herói. Uma das garotas grita deboches e ri de Jonathan, e a outra aponta para o gordinho descendo as escadas e faz piadas sobre gordos.
Segundo turno. Um dos garotos, o primeiro, acerta em cheio um chute no saco de Jonathan, o nosso herói. Essa ação deixa Jonathan surpreendido e sem ar. O segundo dá um chute desajeitado que acerta em Jonathan na altura da coxa, quando o tênis recua, a calça de Jonathan é abaixada até a altura dos joelhos revelando sua cueca branca. Uma das garotas ri disso, enquanto a segunda aponta e grita ao ver o gordinho caindo as escadas rolando, ele sofreu uma falha crítica. Um mangá dos Cavalheiros do Zodíaco é atirado bem no rosto de Jonathan, ele perde o equilíbrio e caí de bunda no chão, sua cueca branca acerta com força o chão levemente sujo e manchas escuras e marrons suspeitas surgem na parte traseira da cueca, sua Besta ruge, mas a humilhação é grave demais, todas as suas habilidades falharam em um momento decisivo, nada saiu como o esperado por ele. Os dados da sorte foram mal calculados. Deus é um narrador cruel, e Jonathan xinga mentalmente ele. Os funcionários da livraria chegaram junto com os seguranças. Talvez Jonathan devesse ter ficado em seu canto, fingindo que não escutou nada.